Grande Entrevista: Hélio Fazendeiro | “Não estamos aqui para ajustar contas com o passado, mas sim pela Covilhã”
O candidato do Partido Socialista, Hélio Fazendeiro falou do seu projeto para o concelho da Covilhã e das medidas que pretende implementar se for eleito
Por Jornal Fórum
Publicado em 08/10/2025 08:30
Entrevista

Começamos pela questão da mobilidade. Há um contrato há cerca de dois anos e meio, uma concessão. O que é que tem a Covilhã neste momento? Que melhorias houve na sua opinião? 

A mobilidade é muito mais do que o contrato de concessão em vigor. Este contrato foi celebrado através de um concurso internacional, validado e auditado por todas as entidades competentes, a Autoridade da Mobilidade e Transportes, o Tribunal de Contas e a Autoridade da Concorrência. É um modelo semelhante ao que já existe em grandes cidades do país e do mundo, que procura colocar o cidadão no centro das preocupações, garantindo uma oferta integrada de diferentes tipos de transporte. O nosso objetivo é que já no próximo ano, a concessionária apresente uma nova proposta com alterações de horários e trajetos, para que o sistema seja mais fiável, mais frequente, de melhor qualidade e chegue a mais áreas do concelho.  

Outra questão essencial é o estacionamento. Temos de criar mais lugares no centro da cidade, incluindo opções gratuitas, e pensar também em soluções pontuais para vilas e aldeias do concelho. Fora da zona urbana a situação é ainda mais frágil.  

Também os preços precisam de ser justos. Não é aceitável que em Lisboa exista um passe de 30 euros, na Covilhã, pessoas de freguesias como São Jorge da Beira ou Sobral de São Miguel tenham de pagar mais de 100 euros para ter apenas três horários por dia. Isto é incompreensível e injusto. 

 

Será uma luta que terá para o próximo mandato esta questão dos preços dos passes? 

Sim, será certamente uma prioridade. Recentemente, o Governo criou um instrumento financeiro para apoiar as autarquias e as autoridades de transporte no financiamento, mas este apoio continua a ser insuficiente e desproporcional face à dimensão dos territórios. 

A mobilidade é cada vez mais determinante, especialmente nos territórios de baixa densidade. Queremos manter as nossas aldeias vivas, com pessoas, e sabemos que ao longo das últimas décadas muitos serviços foram concentrados nos espaços urbanos. O mínimo que se deve garantir é que quem continua a viver nas freguesias mais distantes tenha condições de transporte para aceder a esses serviços. 

 

A questão das Águas da Serra. Há um diferendo. Como se pode resolver esta questão no próximo mandato? 

Nestes 12 anos temos procurado estabilizar e, sempre que possível, reduzir a fatura. Em 2017 conseguimos ainda baixar ligeiramente o valor da água, mas continua a ser elevado, sobretudo pelo peso dos resíduos e do saneamento. Também evitámos, nos últimos anos, a atualização anual dos preços determinada pelo Governo, o que impediu que a disparidade fosse hoje ainda maior. Ainda assim, nomeadamente no saneamento, o preço continua muito acima do praticado noutros concelhos. O nosso compromisso é claro: continuar a procurar reduzir aquilo que os covilhanenses pagam, aproximando o valor da média nacional e garantindo maior justiça. 

Relativamente ao processo, houve já um resgate aprovado em Câmara Municipal e em Assembleia Municipal, mas a concessionária recorreu para tribunal. Quando tomarmos posse, vamos analisar com as nossas equipas o ponto de situação, perceber juridicamente em que fase está o processo e, a partir daí, atuar. O objetivo mantém-se: assegurar que os covilhanenses tenham um preço mais justo, equilibrado e adequado à realidade do país. 

 

A habitação é uma das prioridades no seu programa eleitoral. Sabemos que tem algumas medidas para esta questão, nomeadamente a construção de habitações, focos e habitacionais. Que mais propostas para esta área? 

A primeira linha é aumentarmos aquilo que é o parque habitacional do município. No espaço urbano, mas gostaríamos muito de envolver também as nossas freguesias, as nossas vilas, as nossas aldeias, procurando conjugadamente com as autarquias e com as autarquias locais, as juntas de freguesia, mas também com os privados, ter soluções de oferta de habitações a custos acessíveis nesses territórios, não só no espaço urbano, mas em todo o concelho. Mas depois pretendemos também envolver o setor privado, criando condições especiais para os construtores e os privados que tenham condições e pretendam investir nesta modalidade de habitação.  

 

Como se fixam jovens e pessoas no interior do país, nomeadamente na Covilhã no seu concelho? 

Aquilo que nós temos de fazer é garantir que as pessoas que aqui estão e que as pessoas que aqui vivem encontram as melhores condições para realizar aquilo que é o seu projeto de vida pessoal, familiar, profissional. Temos muito boas infraestruturas de comunicação, de ferrovia e temos de reforçar aquilo que são a qualidade das infraestruturas e dos serviços que dispomos ao nível das creches, ao nível do ensino, ao nível das escolas. Nós queremos construir uma cidade, um concelho onde seja bom viver, onde as pessoas gostem de viver.  

 

Falou na questão da educação, uma questão bastante importante. Estavam previstas duas creches para o parque industrial do Tortosendo e do Canhoso. Defende esses projetos e de que forma podemos alargar a oferta de vagas em creches e pré-escolar? 

A educação é porventura o melhor contributo que podemos dar ao nível da atração de empresas e de investimento. Eu não posso deixar de relembrar que hoje temos abrimos no início do ano letivo, hoje temos o Colégio das Freiras a funcionar, muito por conta daquilo que foi a intervenção direta da autarquia, porque apesar da não ser uma creche pública, é uma creche privada operada  por uma IPSS que no início do ano informou os pais de que iria terminar o seu serviço no final do ano letivo e foi possível muito por insistência também, por apoio da Câmara Municipal criar condições e da comissão de pais, já agora, que foram incansáveis desde a primeira hora e foram os grandes motores deste movimento. A Câmara está a suportar esse arrendamento, e queremos criar condições de negociação com o governo para a reabertura do edifício da bolinha de neve, que é um edifício da segurança social, em que a Câmara Municipal se comprometeu à realização de projeto de reabilitação do edifício e a sua aprovação em todas as entidades técnicas, aguardando neste momento então que o governo cumpra com a sua parte, que é no fundo concretizar aquilo que é a cedência ou a forma de cedência de espaço à IPSS que vai explorar e que vai exercer atividade na no Bolinha de Neve.  

 

Vamos passar para a questão do desporto. 

Mas se me permitir sobre a educação, queria dar também mais uma nota. Nós queremos dar continuidade àquilo que é um ensino diferenciado que tem existido. Nós temos muita expectativa naquilo que é o trabalho concertado com as escolas, com os agrupamentos a de escolas e agradecendo naturalmente aquilo que é o trabalho que todos realizam. Mais uma vez, tivemos o início do ano letivo que começou totalmente, do ponto de vista autárquico, imaculado e isso é muito importante e é uma segurança para os pais e nós queremos continuar a qualificar aquilo que são as infraestruturas.  

 

E já que fala em requalificação das escolas, também é necessário requalificar aquela parte do complexo desportivo da Covilhã, na sua opinião? 

 Claro. Objetivamente é uma evidência a requalificação do complexo desportivo, que também para além da idade que está, que já tem, teve nestes últimos anos uma grande intensidade de utilização. Nós temos de melhorar as condições de conservação dos espaços que temos e construir ou trabalhar para construir aquilo que nos falta. A nossa expectativa é no próximo mandato construirmos aquilo que são os dois pisos de relvado sintético no campo dois que existe neste momento, onde todos os dias praticam centenas de jovens a modalidade de futebol e que, nomeadamente no inverno, têm muito poucas condições para isso. É necessário reforçar aquilo que são as infraestruturas e essa parte da construção de dois sintéticos para dar resposta a essas necessidades é uma prioridade.  

 

O novo quadro comunitário pode servir também para que obras destas, que são obras de montantes bastante elevados possam ser concretizadas? 

Neste momento o financiamento comunitário vai noutro sentido. Obviamente que são investimentos e infraestruturas de um montante muitíssimo elevado, que não vai ser fácil apenas com orçamento municipal conseguirem-se construir, mas temos engenho, arte e capacidade de construir uma engenharia financeira e de arranjar, de encontrar as parcerias necessárias para que possamos vir a concretizá-lo.  

 

Na sua opinião, acha importante reforçar as delegações de competências nas juntas de freguesia? 

É preciso continuar a trabalhar articuladamente com as juntas de freguesia para servir as pessoas e é muito importante, é determinante até, que quer a Câmara Municipal, quer as juntas de freguesia compreendam que apenas uma colaboração estreita e uma cooperação estreita permitirá concretizarmos aquilo que é o objetivo de ambos, que é servir os nossos munícipes.  

 

Temos entrevistado os candidatos às juntas de freguesia de todo o concelho, nomeadamente os do Partido Socialista, que já quase todos por aqui passaram. E reparámos que cada freguesia onde o Partido Socialista apresenta candidato, há um programa eleitoral próprio para cada para cada freguesia. É m sinal de que as freguesias são uma parte cada vez mais fundamental do território do concelho? 

A Câmara Municipal irá trabalhar articuladamente. O Partido Socialista é o partido que tem mais candidatos nas freguesias do nosso concelho. Em 25 freguesias nós apresentamos candidatos em 19. Temos 17 candidatos pelo Partido Socialista e temos dois independentes no Dominguiso e no Ferro. Dois candidatos independentes que concorrendo com movimento independente, apoiam as listas do Partido Socialista na Câmara e na Assembleia Municipal e o Partido Socialista apoia estas listas e nas juntas de freguesia. E nós somos, de facto, uma equipa e procuramos trabalhar integradamente para desenvolver e fazer o melhor pelo nosso território e é com esse espírito de colaboração, não de competição.  

 

O Hélio fazendeiro esteve na Câmara Municipal da Covilhã, a equipa do atual presidente. Que balanço faz destes 12 anos? 

É um balanço positivo. Eu não tive responsabilidades executivas nestes 12 anos mas fiz parte também daquilo que foi o gabinete de apoio do presidente da Câmara desde 2014, inicialmente como adjunto do presidente da Câmara e depois desde 2017 como chefe do gabinete. Permitiu-me ter uma experiência grande ao nível daquilo e do acompanhamento daquilo que são os principais dossiês que são desenvolvidos pelos vereadores, pelos vice-presidentes, pelos vereadores e pelo presidente da Câmara, que são quem no fundo tem capacidade de decisão. Devo recordar que nós entramos em 2013, o Partido Socialista entrou em 2013 da Câmara Municipal e em outubro de 2013 colocava-se a questão se havia ou não dinheiro para pagar os subsídios de Natal. Hoje o município tem umas finanças saudáveis numa dívida muitíssimo inferior a esses esses montantes, que nos permite olhar com outra expectativa para o futuro e a balançar-nos a novos projetos, porque quando temos contas saudáveis e contas estáveis. 

 

Promete ser um presidente próximo das pessoas? 

Sim, muito próximo e com uma capacidade não só de ouvir como de desenvolver na decisão. Eu acho que é muito necessária uma democracia participativa. Isto é, eu pretendo não só estar próximo das pessoas, recebê-las, aliás, é o que tenho feito ao longo destes anos.  

 

Por exemplo, através de orçamentos participativos? 

Falo mesmo em fóruns de discussão temáticos, em discussão concreta de projetos. É preciso envolver as pessoas, ouvir as pessoas e depois decidir, porque isso é muito importante. Eu quero auscultar, quero ouvir as pessoas, quero lhe dar-lhes voz, quero perceber o que é que pensam e o que é que ambicionam num espaço concreto, no seu território ou numa área concreta. 

 

Tem dito que esta candidatura é para o futuro e não é contra ninguém. Como vê o facto de alguns militantes terem saído do partido e feito uma candidatura independente? 

Com naturalidade, cada um toma as opções que quer. Nós, como digo e repito, não estamos aqui para ajustar contas com o passado. Nós não estamos para nos vingar de ninguém, nós estamos para unir, para agregar, para construir, para somar, para resolver problemas e cada candidatura, naturalmente, encontrará aquilo que é o seu foco e o seu móbil e os seus objetivos no que querem apresentar aos Covilhanenses e o que é que querem concretizar no futuro. Nós aquilo que temos são ideias, aquilo que temos são iniciativas, são sonhos que e queremos concretizar e procuramos agregar vontades para concretizar esses sonhos.  

 

No dia 12, se vencer, mas se caso não tenha maioria, estará disponível para conversar com todas as forças que forem eleitas para a Câmara Municipal? 

No dia 12, em primeiro lugar, os covilhanenses terão de fazer uma escolha muito clara e uma escolha indispensável sobre quem vai ser o próximo presidente da Câmara. E a primeira escolha que os Covilhanenses terão de pensar é exatamente quem é que querem ter com presidente de Câmara. E depois, quais são as condições de governabilidade que querem dar a essas pessoas e que querem dar ao executivo municipal. Gostaria muito que fosse possível termos 4 anos estáveis de governação para que pudéssemos dar resposta àquilo que é preciso fazer e é preciso fazer muita coisa e aproveitar um conjunto de oportunidades que nos batem à porta ou que nós vamos procurar. 

 

O futuro que aí vem será exigente? 

Não tenho dúvida nenhuma disso. O futuro será muito exigente. Aquilo que é a responsabilidade das autarquias locais, dos autarcas, dos dirigentes locais para com a sua população, para com a sua comunidade, é serem um garante de estabilidade e de confiança e de serenidade, de resposta naquilo que é as emergências que aconteceram no passado e garantidamente vão acontecer no futuro.  

 

Para terminarmos, uma mensagem aos covilhanenses. 

O apelo que eu faço é que não deixem que os outros decidam aquilo que é a sua vontade. É muito importante que se desloquem massivamente às urnas e que com consciência façam uma escolha sobre aquilo que vão ser os próximos quatro anos, os seus representantes nos órgãos municipais nos próximos 4 anos e que escolham naturalmente de acordo com aquilo que é a sua vontade, aquilo que são as suas expectativas, aquilo que são as suas ideologias, mas também aquilo que é a sua análise de quem é que está em melhores condições, quais são as equipas que dão mais garantia de poderem dar uma resposta àquilo que são os problemas, os sonhos, as ambições que têm.  

 

DESTAQUE// «Nós não estamos para nos vingar de ninguém, nós estamos para unir, para agregar, para construir, para somar, para resolver problemas e cada candidatura, naturalmente, encontrará aquilo que é o seu foco e o seu móbil e os seus objetivos no que querem apresentar aos Covilhanenses e o que é que querem concretizar no futuro» 

 

Gostou deste conteúdo?
Ver parcial
Sim
Não
Voltar

Comentários
Comentário enviado com sucesso!

Chat Online