Que balanço faz dos últimos dois mandatos do Partido Socialista à frente da Câmara Municipal da Covilhã?
Relativamente aos mandatos do Partido Socialista à frente do município, aquilo que está bem vamos manter e o que precisa de ser corrigido vamos corrigir. Todos os covilhanenses, ao longo dos últimos anos, identificaram os principais problemas: estradas, passeios, casas de banho públicas, creches, emprego, salários, fixação de jovens e perda de população. O diagnóstico está feito.
Temos um programa de ação para os próximos quatro anos, mas queremos ir mais longe. É preciso pensar a Covilhã, o concelho e as suas freguesias a médio e longo prazo. Por isso temos também um plano estratégico para 30 anos. Só assim conseguimos perceber onde queremos estar no futuro, rasgar horizontes, estimular empresários, valorizar a universidade e congregar boas energias. O objetivo é construir uma Covilhã com mais futuro, mais juventude e mais alegria.
Começando pela juventude, é preciso fixar jovens no interior do país. Como colmatar a questão da habitação, já com preços elevados?
Entre 2001 e 2021 o concelho perdeu 14,8% da população, mais de oito mil pessoas. Isto deve preocupar-nos a todos, não apenas a nossa coligação, mas todas as forças políticas e independentes que se candidatam. Se queremos ganhar escala e dimensão, precisamos de mais pessoas, e a juventude é a chave.
No nosso programa vamos identificar os espaços que pertencem ao município e onde seja possível construir novos edifícios ou reabilitar para casais jovens. É uma medida muito concreta: permitir que os jovens da nossa cidade, ou aqueles que queiram fixar-se aqui, possam ter acesso a uma casa a preços acessíveis. Quem quer começar a sua vida precisa de ser apoiado e o município da Covilhã tem essa responsabilidade, não apenas na cidade mas também nas freguesias.
Existem verbas para isso?
Sim. Há programas em curso, como o PRR, e outros no âmbito de fundos europeus e nacionais, que permitem tanto a reabilitação como a construção de novos fogos para rendas acessíveis.
A nossa preocupação é que os jovens não encontrem apenas habitação, mas também possam desenvolver aqui os seus projetos. A juventude tem uma forte componente empreendedora que deve ser incentivada e apoiada. Temos espaços como o UBImedical, o centro de incubação de empresas e outros, que podem ser reforçados e requalificados para que os jovens criem o próprio emprego.
Vamos criar um gabinete de apoio ao investidor e ao empreendedorismo, ajudar as novas empresas com redução de taxas municipais e revitalizar as zonas industriais, que hoje não são um bom cartão de visita. É preciso dar-lhes um aspeto mais atrativo para quem nos visita. Já estão projetadas duas novas creches, no Canhoso e no Tortosendo, com apoios garantidos, que iremos concretizar. Nessas zonas industriais queremos que existam também áreas sociais, onde as centenas de trabalhadores, atuais e futuros, possam deixar os filhos, conviver e até praticar desporto.
Mas já que falou nas creches, a questão do Bolinha de Neve, concorda com a sua requalificação para infantário?
Sim. Conheci o Bolinha de Neve em funcionamento e era, na altura, uma das melhores estruturas da região centro. É lamentável que tenha encerrado e esteja fechado. Vamos apoiar e estimular a sua reabertura já no próximo ano. Como sabemos, a situação do Colégio das Ferreiras prolonga-se, mas não podemos baixar os braços. O Bolinha de Neve tem de abrir e, em paralelo, temos de construir as duas novas creches nas zonas industriais. Se queremos mais emprego, mais jovens e mais população, temos de dar condições às famílias para uma vida equilibrada e em segurança.
Na sua opinião, é preciso reestruturar o centro histórico. De que forma? Como se pode potenciar o comércio?
É uma preocupação que partilho porque vivo no centro histórico, em Santa Maria, e já vivi em Santo António. A nossa candidatura tem uma estratégia chamada “Centro Vida”, que abrange o Jardim Público, Largo da Infantaria, Rua Direita, Pelourinho, Rua António Augusto Aguiar e Mercado Municipal.
No Jardim Público vamos requalificar os canteiros, melhorar a iluminação, recuperar o coreto e instalar novos sanitários públicos. A Igreja de São Francisco terá iluminação cénica. O Largo da Infantaria terá o fontanário a funcionar, mais espaços verdes e estacionamento requalificado.
Na Rua Direita vamos prestar homenagem à indústria têxtil, nomeadamente ao debuxo, através da calçada portuguesa, com painéis explicativos, fontes, bancos e flores. Queremos torná-la uma rua de comércio vivo e atrativo. De maio a setembro, vamos instalar lonas para criar zonas de sombra e melhorar a circulação.
No Pelourinho queremos mais espaços verdes e esplanadas, abrir arcadas da Câmara e dos edifícios dos CTT, e dar iluminação cénica a edifícios de referência, transformando a praça numa verdadeira sala de visitas.
Na Rua António Augusto Aguiar vamos alargar passeios, plantar árvores e criar um fontanário.
O Mercado Municipal terá mais estacionamento, remodelação das bancas, incentivos a jovens agricultores e integração de restaurantes e cafés.
Para dinamizar o comércio, vamos apoiar o pagamento de rendas no primeiro ano a quem se instale. Vamos ainda lançar a “Noite das Compras”, às quintas-feiras, de maio a setembro, com comércio aberto até à meia-noite, animação de rua, concertos e exposições. Nos períodos festivos, como Carnaval e Natal, esta dinâmica também será reforçada.
Em relação ao trânsito, temos a questão da Rua Rui Faleiro.
Temos duas propostas: ou manter apenas um sentido, com alargamento junto à APPACDM, no sentido descendente, ou manter dois sentidos, no sentido ascendente para pesados e ligeiros e no sentido descendente apenas para ligeiros. Não queremos retirar totalmente o trânsito do centro, porque acreditamos que isso também lhe dá vida e dinamismo.
E em relação estacionamento?
Está no nosso programa oferecer a primeira hora gratuita no silo, durante toda a semana. Vamos implementar no primeiro ano e avaliar. É preciso negociar com a concessionária, mas não é um problema que nos assuste. A nossa candidatura aposta no diálogo para melhorar a vida das pessoas.
E já agora, que falamos na questão da concessão. E a concessionária opera há cerca de 2 anos, temos ainda oito de de concessão. É para manter a concessão, para renegociar a concessão. ou que ideias tem esta coligação do CDS e da Iniciativa Liberal para a questão da mobilidade, que não são só os autocarros, são os elevadores, bicicletas elétricas, trotinetes?
A concessão mantém-se, mas com melhorias. Precisamos de ajustar horários e trajetos, investir em autocarros elétricos de dimensão mais adequada às ruas do centro e melhorar as paragens, até porque a Covilhã é reconhecida pela UNESCO como Cidade do Design. Vamos ainda abrir o silo do Sporting, que é urgente e faz falta.
Sei que o CDS e a Iniciativa Liberal têm um projeto para o parque da de Golda. Queria que explicasse esse projeto e também que outro projeto tem para os espaços verdes da cidade e se há perspectiva da criação de mais alguns.
O Parque da Goldra será requalificado como “Cidade das Artes”, em parceria com a Universidade da Beira Interior, em particular com a Faculdade de Artes e Letras. A faculdade precisa de mais espaço e o parque oferece todas as condições.
Além disso, queremos criar um Parque da Cidade, com áreas infantis, pet parque, zonas para desporto, piqueniques, feiras, exposições e um pavilhão multiusos. É um projeto ambicioso, faseado, mas urgente.
No Complexo Desportivo vamos construir uma piscina coberta, dois relvados sintéticos e requalificar a pista de atletismo, para oferecer melhores condições aos atletas.
E em termos de calendário?
A requalificação do Complexo Desportivo ficará concluída neste mandato. O Parque da Cidade e o pavilhão multiusos serão iniciados, mas podem não ficar prontos já. A primeira pedra será lançada neste mandato.
Teatro Municipal: o que é preciso alterar?
Foi requalificado e bem, mas precisa de maior dinamismo. Vamos rever o regulamento, reforçar recursos humanos e criar a figura do programador municipal, para articular agendas entre município e freguesias. Queremos mais espetáculos, maior ligação às freguesias, envolver as associações culturais e lançar uma agenda concelhia.
O Teatro terá também programação fora de portas durante as épocas festivas. Será um verdadeiro dinamizador da cultura, envolvendo tanto profissionais como associações, através de candidaturas a fundos específicos. Eu próprio, como presidente da Banda da Covilhã há mais de 40 anos, conheço bem as dinâmicas associativas e sei a importância de haver um gabinete de apoio ao associativismo, cultura e desporto.
E quanto ao regulamento de apoio ao associativismo?
É para manter, mas melhorar. Até ao fim do mandato vamos duplicar os apoios financeiros. O mundo associativo vive uma grande transformação e é preciso aproximar os jovens, criar ferramentas para dirigentes e dar capacitação para uma gestão mais eficiente. Isso pode ser facilitado através do gabinete de apoio ao associativismo, cultura e desporto.
Se for eleito Presidente da Câmara, fará uma auditoria às contas do município?
Não. O que foi feito está feito. Prefiro criar equipas, reunir com os trabalhadores, valorizar carreiras e estabelecer objetivos. Vamos mostrar o plano de ação, definir metas e, com a energia de todos, acredito que é possível construir uma Covilhã mais positiva e com futuro.
Quem nos ouve quer que eu lhe faça esta questão, porque é uma área, uma questão que sai da carteira dos covilhanenses: a questão da água, do preço da água, a questão da concessão é complexa. Sabemos que não é fácil fazer a redução do preço com esta concessão em vigor em termos de saneamento. Tem uma ideia do que irá fazer para este tema que é tão complexo?
Não prometo baixar de imediato, mas vou trabalhar para que haja alterações. É preciso diálogo com todas as forças políticas e com a empresa concessionária. A concessão tem 30 anos, já leva 21, e há situações que não foram acauteladas. Temos de estudar o dossiê em detalhe, mas acredito que é possível encontrar soluções.
Defendo também pressionar o Governo para construir mais barragens e reservatórios. Havendo mais disponibilidade de água, será mais fácil baixar custos. A Serra da Estrela tem potencial para isso, até porque, por gravidade, a água pode chegar às casas com menos custos energéticos.
Gostava também de tocar na parte dos mais idosos. Tem projetos para ocupar o tempo daqueles que trabalharam uma vida inteira e que agora, na reforma, muitas vezes estão sozinhos?
Vamos criar o projeto SOS, de apoio domiciliário a idosos que vivem sozinhos e precisam de ajuda em tarefas simples, como mudar uma garrafa de gás. Queremos dar nova dinâmica ao centro de atividades sénior, num espaço mais amplo e com atividades ao ar livre.
Ao mesmo tempo, vamos lançar um programa de voluntariado em parceria com a UBI. Queremos criar um banco de voluntários entre os estudantes, que passem uma ou duas horas por semana com idosos que vivem isolados. Noutras cidades já existe e acredito que na Covilhã, com milhares de estudantes, faz todo o sentido.
Falou aqui durante a entrevista de vários projetos nas várias áreas da cultura, do desporto, do associativismo, do lazer, da infraestrutura. Isto tem sido, estão a ser apresentadas pela vossa candidatura ao longo dos dias e hoje especificou-as aqui melhor. Está tudo quantificado em termos de dinheiro? Há disponibilidade financeira para todos estes projetos?
Sim. Temos um programa exequível, com custos de investimento e manutenção previstos. Não podemos desperdiçar recursos. As prioridades são: requalificação do Jardim Público, Mercado Municipal, construção da piscina coberta, pavilhão multiusos, Parque da Cidade, além da requalificação de estradas e passeios.
Os passeios, em particular, precisam de uma solução duradoura. Não podemos continuar com cimento, que se degrada rapidamente. Nem optar por calçada tradicional, que tem custos elevadíssimos. Vamos escolher uma solução intermédia, com blocos, que garanta pavimento regular e acessível para idosos, carrinhos de bebé e cadeiras de rodas.
Já agora, pergunto-lhe o que defende para a relação entre Câmara e Juntas de Freguesia?
Tem de ser próxima. Vamos realizar reuniões públicas bimensais em todas as freguesias, descentralizando a Câmara, para ouvir de perto a população.
Queremos também criar a “marca da freguesia”: perguntar a cada junta qual a sua identidade e vocação, seja tradição, gastronomia ou produção agrícola, e potenciar isso. Vamos criar uma rede de marcas das 25 freguesias, contribuindo para lançar a Covilhã como um concelho único a nível nacional.
Quando foi convidado para encabeçar a lista, hesitou em dizer que sim?
Refleti, mas aceitei com orgulho. Estou há mais de 23 anos ligado à Covilhã, à universidade e ao movimento associativo. Organizei o Festival da Cherovia, dinamizei confrarias, sempre ligado à cultura e à música.
A Covilhã precisa de sonhar. O meu lema de vida é sonhar, acreditar e nunca desistir. Sonho com uma Covilhã com mais população, melhores salários, mais habitação, mais creches, mais espaços verdes. No próximo mandato queremos plantar 10 mil árvores, começando logo no primeiro dia. Uma Covilhã mais verde é uma Covilhã com mais futuro.
Se for eleito presidente da Câmara Municipal da Covilhã, até porque pode não se perspetivar para qualquer das candidaturas, uma maioria absoluta, até porque haverá algumas candidaturas, tanto da parte da esquerda como da direita, o que poderá causar uma dispersão de votos. Se for eleito e sem e maioria absoluta, pode chegar a entendimentos com outras forças políticas e caso não vença, está disponível para ser parte de uma solução?
Eu percebo as duas questões. Neste momento quero dizer que, tanto eu como a minha equipa, estamos a concorrer para ganhar. O meu apelo é claro: quem quiser ver mudança, uma cidade e um concelho com mais energia, mais projetos, mais ação e gente no terreno, tem de votar em Eduardo Cavaco. Estou a concorrer para ser presidente da Câmara, não penso em cenários alternativos.
Não coloco essa questão e nem pensei sobre ela. Estou concentrado em falar com as pessoas e em ajudá-las. Ainda hoje, depois desta entrevista, vou visitar freguesias fustigadas pelos incêndios. E em relação a isso o nosso programa tem três eixos: prevenção e gestão do território, capacitação da comunidade e coordenação da emergência. Queremos um programa rigoroso de fiscalização da limpeza dos terrenos, mapeamento de áreas de risco, campanhas de sensibilização e workshops de autoproteção.
Defendemos ainda tecnologia de vigilância, mais pontos de água, mais recursos e apoio aos bombeiros. A coordenação e a comunicação são fundamentais em momentos de emergência, e estou preparado para liderar em situações críticas. Infelizmente, os últimos anos mostraram como estamos vulneráveis a grandes incêndios, mas não podemos baixar os braços.
Há seis candidaturas a concorrer à autarquia, não teme que com tantas candidaturas haja dispersão de votos?
Não. Em democracia é salutar haver várias candidaturas. Os covilhanenses vão refletir, analisar propostas e escolher quem pode fazer a diferença, quem tem uma estratégia clara e um plano com pés e cabeça. Os covilhanenses são sábios e acredito que no dia 12 de outubro vão dar essa resposta.
Uma mensagem final aos covilhanenses de todo o concelho, porque a Covilhã não é só a cidade, são também as suas freguesias?
Sim. E tive esse cuidado ao longo da entrevista, porque o nosso projeto é para todo o concelho e não apenas para a cidade. Queremos descentralizar reuniões da Câmara, realizá-las bimensalmente nas freguesias, para estarmos mais próximos das populações. Também prevemos encontros regulares com os presidentes de junta, porque são eles que conhecem melhor a realidade local e precisam de sentir o apoio da autarquia.
Na área da cultura, vamos promover residências artísticas nas freguesias, levando dinamismo e oportunidades a cada comunidade. No campo da proteção civil, assumimos a limpeza à volta das aldeias e vilas como prioridade, para reforçar a segurança das populações.
A mensagem que quero deixar é uma mensagem de esperança. Acredito que todos os dias é possível fazer mais e melhor. A nossa candidatura é positiva: não vamos deitar abaixo o que está bem feito, mas vamos inovar e fazer diferente no que precisa. Não vamos perder tempo com auditorias nem com críticas ao passado, mas sim avançar com projetos concretos e urgentes.
Temos um leque de ações pensadas para dar resposta aos desafios atuais: mais habitação, mais creches, mais emprego, mais espaços verdes, mais cultura e mais participação cívica. Queremos valorizar as nossas freguesias, as tradições, a gastronomia, a cultura e o desporto que fazem da Covilhã um concelho único.
Por isso, peço a confiança dos covilhanenses. Acreditem na nossa candidatura, porque nós acreditamos em vocês.
DESTAQUE// «A concessão mantém-se, mas com melhorias. Precisamos de ajustar horários e trajetos, investir em autocarros elétricos de dimensão mais adequada às ruas do centro e melhorar as paragens, até porque a Covilhã é reconhecida pela UNESCO como Cidade do Design. Vamos ainda abrir o silo do Sporting, que é urgente e faz falta»