Opinião: Paulo Perestrelo | O Mundial onde o futebol derrete
Por Jornal Fórum
Publicado em 02/07/2025 08:00
Opinião

A FIFA quis dar ao Mundial de Clubes de 2025 um caráter épico. E conseguiu, mas não pelo futebol, jogadas ou adeptos. O verdadeiro espetáculo está no clima, um torneio onde se joga a 40 graus, se interrompe uma boa parte dos jogos por questões climatéricas e onde os jogadores têm mais medo do céu do que do adversário.  

O Mundial de Clubes tem se tornado um verdadeiro espetáculo, no sentido mais literal da palavra possível, parece um autêntico reality show: pausas recorrentes para hidratação, jogos interrompidos por tempestades, treinos interrompidos por calor extremo, cães de segurança a usar crocs para não queimar as patas e jogadores a relatar condições extremas para a prática do futebol. 

Marcos Llorente afirmou que o clima é “terrivelmente quente” e que os “dedos dos pés doíam, até as unhas”, Enzo Maresca diz mesmo que isto “não é futebol, é uma piada” e que apesar de entender o porquê de se pararem os jogos, disse o que todos os adeptos pensam, não só por questões meteorológicas mas por todo o falhanço organizacional deste Mundial “se tens de suspender sete ou oito jogos, isso significa que se calhar, este não é o local ideal para fazer esta competição”.  

E se ainda não é ridículo o suficiente, houve mesmo reservas a ver os jogos das respetivas equipas diretamente do balneário por não quererem estar ao ar livre a ver os companheiros de equipa jogar. Há equipas a usar aspersores, toalhas frias e gelo, para conseguir concluir um treino “normal”. 

No fundo, o problema, além de todos os outros, não é o calor. O problema é fazer de conta que ele não existe. Ou pior, fingir que se pode jogar futebol profissional sob 44 graus de sensação térmica. Este Mundial de Clubes tem sido uma caricatura distorcida do desporto: não se joga contra um adversário, joga-se contra o sol, a humidade, a eletricidade atmosférica e a obstinação de quem organiza os calendários. 

Perante isto, resta apenas uma solução. Com calendários cada vez mais cheios, com pouco tempo para descanso, apenas os jogadores poderão valer da sua própria voz para tentar reverter a situação caótica que se vive no futebol neste momento.  

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