Na missiva enviada aos órgãos nacionais do partido começa por dizer que “fui membro da Comissão Política e do secretariado da Concelhia da Covilhã e da Federação Distrital de Castelo Branco e presidente da Concelhia da Covilhã, em 2012/2013. Atualmente sou o Presidente da Mesa da minha Secção de Residência, Cortes do Meio, Covilhã. Desempenhei todas as funções autárquicas de freguesia e concelho, exceto Presidente da Câmara Municipal. Atualmente sou Vereador na Câmara Municipal da Covilhã”.
Serra dos Reis acrescenta que “o trabalho que desenvolvi, enquanto Presidente da Concelhia, em 2013, foi determinante para que o PS retomasse a gestão da Câmara Municipal da Covilhã, da qual andava arredado, há 24 anos, por erros internos. No meu percurso autárquico dei sempre primazia ao contacto direto com as pessoas e à resolução dos seus problemas, com dedicação e eficácia. Sempre atento às oportunidades, com uma visão de território e de planeamento estratégico, sempre apostei e ajudei a promover projetos estruturantes para o desenvolvimento sustentável e harmonioso das freguesias, do nosso município e da nossa região. Sempre focado no bem-estar dos nossos concidadãos”.
Sobre a retirada dos pelouros, por parte de Vítor Pereira, acrescenta: “Não obstante o meu bom desempenho em todas as funções que exerci e exerço, o presidente da Câmara e presidente da Mesa da CPC e da Federação Distrital de Castelo Branco, Vítor Pereira, exonerou-me das funções de vice-presidente e vereador em regime de permanência, em vésperas de Natal de 2024. Lamentavelmente nem antes nem depois do ato, não me dirigiu uma palavra de justificação. As ações ficam com quem as pratica”.
“À CPC da Covilhã, apresentei propostas e condições para que o nosso partido saísse do marasmo, isolamento e afastamento das pessoas e das comunidades. Alertei o Secretário-Geral, Pedro Nuno Santos, para a necessidade de se alterarem as políticas e comportamentos existentes, nas estruturas dirigentes do partido, de modo a evitar resultados eleitorais desastrosos. A discussão sobre linhas programáticas e a escolha dos candidatos às eleições autárquicas era um bom momento para a reflexão interna e para que se cumprissem as normas, regulamentos e estatutos do PS.
Propus: Que se desse voz aos militantes e aos eleitos, no concelho da Covilhã, promovendo as respetivas reuniões estatutárias, que não se cumprem há mais de uma década; Que estas reuniões se promovessem e que todos os militantes se pudessem pronunciar sobre o caminho a seguir para o nosso concelho e pudessem participar, de forma mais ativa na escolha do candidato a presidente e outros; Que se desse cumprimento às diretrizes consagradas nos estatutos do Partido Socialista e à sua matriz fundacional como partido democrático e plural, nomeadamente, no que se refere ao artigo 8º, alínea a), direitos dos militantes, " participar das atividades do Partido" e à alínea e) "expressar livremente sua opinião a todos os níveis da organização do Partido e apresentar aos respetivos órgãos, críticas, sugestões e propostas sobre a organização, a orientação e a atividade do Partido", relata na carta.
O agora número dois da lista independente encabeçada por Carlos Martins frisa que “desde 2013, quando deixei de ser Presidente da Concelhia, que os estatutos do PS não são cumpridos, a saber, a alínea j) do artigo 25 que diz: "Compete, à Comissão Política Concelhia, organizar duas reuniões anuais dos socialistas do concelho, na qual participem designadamente e por direito próprio, todos os membros da Comissão Política do Concelho, com e sem direito a voto, todos os autarcas socialistas eleitos e em funções , assim como, pelo menos cinco representantes da JS indicados pela sua estrutura competente".
“Tal incumprimento dos estatutos já leva 12 anos. Os militantes, os eleitos e demais estruturas partidárias têm sido coartados nos seus direitos de cidadania, participação e intervenção cívica e política, tendo denunciado a falta de democracia interna existente. Lamentei e lamento que tal aconteça no PS, partido fundador da democracia, defensor da liberdade e dos valores de abril, a que me honro de pertencer e defender”, frisa. O vereador diz ainda que “para o PS, na sua declaração de princípios, "... o pluralismo de ideias e opiniões sempre foi sua marca característica, não só de seu funcionamento e de sua ação como Partido, mas também do projeto que concebe para a organização política e social.…”.
“O debate interno, aberto a todos os militantes é, deve ser, normal e desejável. Aos militantes, não se lhes pode pedir apenas o voto, em épocas de eleições, e que participem nas campanhas eleitorais, como tem acontecido. Deve ser-lhes dada a oportunidade de expressarem o seu pensamento, na busca das melhores soluções. A raiz dos populismos, hoje observados, muito se deve ao desencanto com a política e com os políticos. Perante a importância e a relevância do momento, eleições municipais e porque está em causa o futuro do Partido a nível local e nacional, solicitei que, até ao momento da designação/escolha dos candidatos, a CPC se redimisse do incumprimento dos estatutos e convocasse pelo menos, uma reunião ao abrigo da alínea j) do art.º 25 dos Estatutos do PS.
Não entendo a razão subjacente à não realização de reuniões e ao envolvimento direto dos militantes pelos responsáveis da Concelhia e da Distrital, a não ser que entendam essas estruturas partidárias como uma formação monolítica”, diz.
Numa longa carta enviada aos órgãos dirigentes nacionais, Serra dos Reis indica mais motivos para abandonar a militância do PS. “Porque o atual presidente da federação distrital e presidente da mesa da Comissão Política Concelhia da Covilhã, Vítor Pereira, o atual presidente da CPC, José Rosa e o anterior presidente da CPC e atual candidato à Câmara Municipal, Hélio Fazendeiro não cumpriram nem cumprem de forma consciente, reiterada, deliberada e continuada os Estatutos do PS, espero que tais comportamentos tenham consequências disciplinares. Em qualquer associação de bairro já não seriam associados há muito tempo. Porque entendo, que os comportamentos antidemocráticos e as práticas de prepotência se instalaram nos dirigentes do PS Covilhã/Castelo Branco e que estão para durar, decidi envolver-me numa candidatura Independente à Câmara Municipal da Covilhã e como tal venho apresentar a minha demissão de todas as funções partidárias e de militante do PS”, finaliza.