Quando aterramos no aeroporto Amilcar Cabral e começamos a descer as escadas do avião, sente-se de imediato esse ambiente árido, mas onde o vento impõe uma frescura necessária e ao mesmo tempo balsâmica.
Depois somos surpreendidos pela cultura heterogênea de elementos africanos, europeus e até brasileiros.
Aqui a língua oficial é o português, porque foram eles os Portugueses os primeiros a descobrir estas ilhas, que estavam completamente desabitadas e começaram a levar escravos africanos, que no início tinham como fim o comércio e mais tarde, tiveram como fim o seu povoamento e no final do século XV, as raças começaram a misturar-se e originava-se essa cultura única e etnia, denominada de Crioula Cabo-Verdiana, que é sem dúvida uma identidade muito própria.
Um povo com uma cultura rica, com música morna onde descortinamos o famoso funaná, com uma literatura e uma forte tradição de diáspora, pois muitos cabo-verdianos vivem fora do país e estão espalhados por Portugal, Estados Unidos da América, França etc.
É sem dúvida um povo caloroso e acolhedor e têm uma palavra que é típica da sua identidade Cabo-Verdiana “Moeabeza” que significa hospitalidade e gentileza e têm esse costume em finalizar as suas frases com o famoso “No Stresse” e que provoca em todos, uma certa calma e descontração.
É um país em desenvolvimento onde presenciamos ainda muita pobreza, que atinge ainda trinta por cento da população, um país que importa quase tudo o que consome, mas já com uma taxa de alfabetização que bate já os oitenta e cinco por cento, com um sistema de saúde básico, mas funcional e é também considerado um dos países africanos, mais democráticos e com estabilidade política.
Aqui encontramos uma paz necessária e que faz falta ao resto do mundo, pois as guerras são muitas e agravadas pelos egos de muitos homens, aliás enfrentamos hoje em dia, um número recorde de conflitos armados e guerras e dizem alguns, que estamos perante o nível mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial.
Muitos são os conflitos armados no mundo, que na sua origem são sem dúvida alimentados por egos, ambições e decisões de homens poderosos, tais como políticos, generais, líderes religiosos ou económicos e a lista é bem diversificada e estes, não se preocupam com os povos, mas sim com as suas vontades, vaidades e sede de domínio, tudo isto em pleno século XXI.
O chamado Relógio do Apocalipse o (Doomsday Clock), que é um símbolo criado por cientistas, que representa a distância a que a humanidade está de uma catástrofe global, como por exemplo uma guerra nuclear, um colapso climático ou mesmo o
avanço descontrolado de tecnologias, foi recentemente avançado oitenta e nove segundos para a meia-noite, tendo sido considerado o valor mais elevado de sempre, para o risco desses presumíveis conflitos, devido a essa enorme instabilidade Geopolítica.
Pois possivelmente, todos estarão a necessitar de se transladar para essa ilha paradisíaca, plantada nesse arquipélago composto por 10 ilhas e onde os egos, são praticamente inexistentes e onde o “No Stresse” essa expressão informal e popular, é simplesmente utilizada para nos tranquilizar nesse ambiente único, que por si só nos deixa “No Stresse”.
Luz no Vácuo