Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Estudantes da UBI apostam em projeto que preserva o ambiente Voltar

«Do Interior com Sucesso». São quatro jovens residentes no interior, empreendedores, que decidiram criar um projecto para um futuro melhor

“Apesar das diversas campanhas para a redução da utilização de plásticos e reciclagem, nenhuma consegue responder ao desafio dos microplásticos”. É assim que Pedro Vicente começa por explicar a necessidade da criação de um projecto que visa a redução de microplásticos nas águas residuais. Foi juntamente com mais três colegas, alunos do mestrado de Biotecnologia da Universidade da Beira Interior (UBI), que resultou o POSEIDON, projeto vencedor do Concurso 2019 PROMOVE – Regiões Fronteiriças, organizada pela Fundação La Caixa/BPI.

André Miranda, Bernardo Teixeira, Pedro Ferreira e Pedro Vicente são os jovens empreendedores que têm o objetivo de fazer a diferença. De diferentes regiões do país, estes alunos da UBI uniram-se para “deixar uma marca na nossa geração e, acima de tudo, para as futuras”.

A POSEIDON tem o objetivo de fazer face a um dos maiores desafios ambientais do planeta: a poluição por plásticos. A acumulação destes no meio ambiente e, posteriormente, a sua degradação, conduzem à formação de microplásticos que contaminam diversos armazenamentos de água e, consequentemente, têm a capacidade de chegar ao ser humano.

O projeto surgiu numa unidade curricular onde “a professora Fani Sousa nos sugeriu que fizéssemos um plano sobre um processo ou tecnologia que ainda não estivesse desenvolvida ou otimizada”, explica André Miranda.

Os microplásticos são pequenos pedaços de plástico que poluem o meio ambiente e que persistem a níveis muito elevados, particularmente em ecossistemas aquáticos e marinhos e, consequentemente, o consumo destes pelo ser humano leva a consequências associadas a vários problemas de saúde como as alterações hormonais e o desenvolvimento de cancro.

Segundo Bernardo Teixeira, “a problemática dos plásticos é real e tende a agravar-se cada vez mais ao longo dos tempos. No Oceano Pacífico existe uma ilha composta exclusivamente por resíduos plásticos, dezassete vezes maior que Portugal Continental”.

Após a apresentação do projeto na unidade curricular, familiares e amigos, os quatro estudantes obtiveram comentários muito positivos e “fomos incentivados por todos a avançar e começámos a estar atentos a possíveis concursos”.

A oportunidade surgiu através do Concurso 2019 – PROMOVE – Regiões Fronteiriças, cujo objetivo passa por promover ideias e projetos inovadores, numa perspetiva de valorização económica e sustentável dos recursos, de promoção da fruição turística e do reforço da cooperação científica e tecnológica para dinamizar regiões fronteiriças portuguesas ou com características semelhantes.

“Por acharmos que a ideia se adequava ao formato do concurso, decidimos participar com o apoio da nossa professora, da UBI, Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI) e a Câmara Municipal da Covilhã”, afirma o grupo. André Miranda ainda realça que “a confiança que todas as entidades envolvidas e que os nossos colegas depositaram em nós foi o melhor ponto de partida que podíamos ter para avançar”.

O projeto destes quatro jovens foi desenhado para ser adaptado numa Estação de Tratamento de Água Residual (ETAR) pois possui um filtro capaz de captar microplásticos que eventualmente são descartados de novo para o meio ambiente, assim. “O nosso objetivo é redirecionar esses resíduos para um reator onde o microrganismo está. A cultura desse microrganismo vai estar nas condições ótimas para o seu crescimento e para a degradação das partículas plásticas”, explica Pedro Ferreira.

Este grupo composto por quatro jovens naturais de Covilhã, Barcelos, Fafe e Alcoutim também fazem parte do «Top» 8 do concurso internacional «Ocean’s Calling», do organismo privado Sociedade Ponto Verde. Esta entidade privada sem fins lucrativos tem como objetivo gerir e promover a seleção, recolha e reciclagem de embalagens em Portugal assim como educar e sensibilizar o público português a melhorar as práticas ambientais.

“O resultado deste concurso sairá dia 8 de junho e, se vencermos, receberemos um prémio de 25 mil euros. Estamos também a pensar concorrer a outros concursos com o nosso projecto para ganharmos mais financiamento, para passarmos da ideia à ação”, refere Pedro Vicente.

Dada a emergência ambiental, o grupo refere ainda que “é nosso objetivo colocarmos em prática a nossa ideia. A poluição por plásticos é cada vez maior e é necessário avançar com alternativas para além da diminuição do seu uso. A estratégia que propomos tem o potencial de eliminá-los, daí ser imperativo «pôr mãos à obra» e fazer o possível para concretizar todo o projeto”.

 

«A problemática dos plásticos é real e tende a agravar-se cada vez mais ao longo dos tempos. No Oceano Pacífico existe uma ilha composta exclusivamente por resíduos plásticos, dezassete vezes maior que Portugal Continental»

 

 

 

- 02 jun, 2020
- Helena Esteves