Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

“Cova-beirã” com orgulho Voltar

Quando me perguntam de onde sou, respondo orgulhosamente que sou da Cova da Beira, pois a vida sempre me dividiu pelos três municípios. E respondo com orgulho porque sou do interior, aquele interior que sobrevive estrangulado num país de desigualdades, mas que vive e convive com riquezas incalculáveis e desconhecidas da maior parte. E a maior riqueza são as pessoas. Pessoas muito diferentes em cada uma das três “terrinhas”, mas iguais na força interior e no espírito de resiliência e perseverança que me enchem de orgulho em ser “cova-beirã”. E muito rapidamente lembro-me, também, que desta covinha saiu alguém que teve a coragem de enfrentar o medo do desconhecido, desafiado a descobrir “Novos Mundos”, esses mundos que hoje, alguém desta mesma covinha tem a responsabilidade de unir e manter em paz. Desta covinha também sei que saem forçosamente muitos outros à procura de oportunidades noutros sítios, e que chegam longe, conhecemos exemplos em todas as áreas, mas também sei que há os que ficam. E os que ficam, esses, são os resilientes, aqueles que não se contentam em serem chamados de saloios e ficam teimosamente a lutar pelas nossas gentes, como se precisássemos de provar alguma coisa a alguém. Esses somos nós, os que estamos por cá. Esses são as pessoas que constituem as direções de dois clubes, o Grupo Desportivo da Mata/AAUBI e o Grupo Desportivo de Valverde. Na última crónica sugeri que esta pandemia permitisse parar para pensar e constituísse uma oportunidade de desenvolvimento da sociedade, do desporto e do futsal em particular. Pois bem, após a tomada de decisão da Federação Portuguesa de Futebol em finalizar esta época as competições seniores de futsal, ambos os clubes fizeram-se ouvir e, com a tal força e resiliência que nos caraterizam, tiveram a ousadia de apresentar propostas e soluções que fizeram unir clubes a nível nacional.  A primeira pretendendo sobretudo corrigir uma injustiça que seria a não subida dos campões distritais em seniores masculinos à 2ª divisão, a segunda exigindo a criação de uma 2ª divisão no futsal feminino. Ficámos a saber esta semana através do Plano de Reestruturação do Futsal que ambas as propostas, na generalidade, foram aprovadas. Ser “cova-beirão” é isto: com “trabalho, competência e união”, todos “juntos vamos longe”. Ambos os clubes fazem jus aos seus lemas. Que orgulho em ser “cova-beirã”.

Prof. Vanessa Nunes Gil

Professora de Educação Física

 

 

 

- 02 jun, 2020
- Vanessa Nunes Gil