Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Espaço “Luz No Vácuo”: Multidão ou Rebanho Voltar

Aristóteles esse grande filósofo da Grécia antiga, com conhecimentos alargados em diversas áreas, um polímata, que abrangia todos os campos de conhecimento da sua época e já naquela altura, estamos a falar dos anos 384 a 322 a. C. ele defendia o amor à sabedoria e à virtude ética, que era um equilíbrio entre dois extremos e dava como exemplo o homem e ele afirmava:

 “Um homem corajoso, não deve ser nem imprudente, nem covarde e a ética, economia e política, deverão estar direcionadas para a busca do bem comum.”

Hoje e em nome da evolução e do aumento de produção dos bens de consumo e dessa aparente liberdade de decisão e escolha, porque ela só nos é concedida, em conjunto com a multidão e para essa mesma multidão, estamos infelizmente, perante uma multidão muito raivosa, radical e com poucas condições, para exercitar a livre deliberação, isto é, tomar decisões refletidas. 

É a pura existência de um comportamento humano submisso e irrefletido, esse conceito filosófico defendido por Friedrich Nietzsche, que nos fala do tal mover do homem pelo hábito e costume e que acaba por travar o desenvolvimento, tanto pessoal como coletivo, porque é o próprio homem, que deve saber se sente ou não à vontade, dentro do caminho, que escolheu no mundo, é urgente combater cada vez mais essa complacência, essas posições mornas, que o comodismo define como, a moral do rebanho.

A mentira cada vez mais se apresenta como verdade para a multidão, mas parece-me, que chegou finalmente a hora do desprezo, hora de ridicularizar, quem nos ridiculariza, essa é sem dúvida uma tarefa hercúlea, numa época de tantas ilusões, que são denominadas de virtudes, torna-se necessário encontrar espaço nesse sistema entranhado e corrupto, lugar para comunicar com algum poder e livre de interesses materiais, que estão quase sempre em causa.

Vivemos tempos difíceis, mas difíceis para quem?

Para todos menos para essa comunidade política, que vive sem problemas, pelo menos financeiros e assistimos a verdadeiras barbaridades, no que toca a remunerações a esta elite, que vive essencialmente dos nossos impostos e que nunca está completamente satisfeita e não satisfaz de todo as necessidades, de quem os alimenta com dificuldade, parece uma contradição, mas é a realidade, a equidade está na estaca zero.

Há 39 anos, mais precisamente a 9 de maio de 1985, o Governo de Mário Soares com o apoio do PSD, criou o sistema de subvenções vitalícias para cargos públicos, governantes, deputados, autarcas, juízes do tribunal constitucional e foi suspenso em 2005 no governo de José Sócrates, mas todos os que recebiam até aquele ano, continuaram a receber, será que a multidão ou a moral de rebanho apoiaram este sistema de subvenções?

A lista destas subvenções, hoje graças a um jornalista, tornou-se publica, depois de uma queixa apresentada à comissão de acesso aos documentos administrativos (CADA) contra o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, liderado na altura por António Vieira da Silva.

Hoje todos sabemos, que António Guterres recebe um vencimento anual de mais ou menos 227.000 dólares na liderança da ONU, mais uma pensão de 4.138,00 Euros do estado Português, desde 9 de abril de 2002, Armando Vara ministro do PS condenado no processo Face Oculta recebe 2.014,00 Euros, a lista é enorme, se os nomeasse a todos, o artigo iria ficar muito denso, mas de acrescentar, que a quantia mais baixa é de 883,00 Euros e a mais alta vai até aos 13.607,00 Euros, num total de mais ou menos 300 nomes e este ano, segundo a proposta do Orçamento do Estado, a subvenção mensal vitalícia (SMV) custará a todos nós 8.63 milhões de Euros, será que a multidão se importa com semelhante custo e o rebanho, continuará nesse comodismo e posição morna, de acrescentar ainda, que políticos e magistrados, ganham cada vez mais e claro está, as restantes profissões, todas elas baixaram.

Aqui pela urbe, apareceu algo a agitar as águas, a dar voz às vozes, estou a falar da Rádio Fórum Covilhã, que está a fazer um trabalho cívico exemplar, é sem dúvida um incentivo para a população em geral se envolver, tanto nas questões políticas, como nas questões, que as afetam direta e diariamente.

A Programação, tem atingido já um auditório considerável e com tendência a crescer, como é o caso do programa “A Hora da Verdade”, que toca com clareza nos problemas da região e ao mesmo tempo, ausculta a voz dos cidadãos na rua,  existiu uma preocupação em desenvolver toda uma programação onde a música e programas jovens inovadores, marcam pela diferença,  a atenção aos menos jovens e aos seus problemas, também não foi esquecida,  o clube da cidade o “Sporting da Covilhã” também não foi ignorado e começou a ter voz, os relatos dos jogos são uma realidade bem vinda, fala-se de culinária, do associativismos, de cultura geral, da Psicologia e a grande novidade, a transmissão da missa ao Domingo, que se tornou numa companhia, para os que não podem estar presentes na Igreja, penso sem dúvida, que isto é uma comunicação de poder e preocupação pelo outro, ou seja, como diria Aristóteles:

“Cada homem, deve exercer bem a sua arte, para o Bem Comum.”

É isto que este órgão de comunicação social, faz pela cidade da Covilhã, embora muitos tentem desvalorizar, este trabalho de equipa, no qual me incluo, é sem dúvida um renascer da comunicação na região, não só pela qualidade e diversidade apresentada, como pela coragem de um Jovem Diretor, implementar a diferença e a novidade na região e de aproximar o cidadão comum, ao poder político, podendo todos opinar e reclamar, sobre o que não vai bem na cidade.

Deveremos ser cada vez mais, uma Multidão informada e não um rebanho adormecido, uma Multidão preocupada em mudar este sistema vetusto, velho, acabado e corrupto e deixar para trás o rebanho, que não passa de uma vontade desse sistema, tratar e transformar as Multidões, porque só assim evoluiremos para a eudaimonia, que significa, viver uma vida bem vivida com felicidade e onde a equidade, seja visível, se o não for, existem meios para reverter essas desigualdades, que são cada vez mais gritantes e que devem cada vez mais, obrigar o cidadão comum a exigir e a reclamar, essa utilização dos dinheiros públicos, que são de todos nós e não dessa elite politica, que continua cada vez mais a governar-se, em vez de governar um país, que poderia ser um paraíso e é cada vez mais um país desgovernado.

Quanto a estar incluído na Multidão ou no Rebanho, essa será sempre uma escolha só sua.

- 12 out, 2023