Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

O infante D. Luís, senhor da Covilhã Voltar

A 5 de Agosto de 1527 foi confirmado, por D. João III, ao Infante D. Luís, seu irmão, o Senhorio da Covilhã. Este nasceu, em Abrantes, a 3 de março de 1506, sendo o quarto filho de D. Manuel I e da sua segunda esposa, D. Maria de Castela. Veio a alcançar grande notabilidade no seu tempo, como diplomata, cultor das artes e das ciências ganhando por isso o título de Delícias de Portugal.  Foi discípulo de Pedro Nunes e companheiro de João de Castro e de Francisco de Holanda.

 Da sua relação com a Covilhã destaca-se o facto de ter sido o Senhor que de mais perto acompanhou a governação da então vila. Dele se conhecem medidas para o restauro e manutenção de muralhas, rede viária e águas entre muita outras. A ele se deve a instituição da casa dos 24 que reunia em assembleia os chamados homens-bons, ou os representantes dos 24 ofícios da Covilhã à semelhança do modelo de Évora.

 Ficou conhecido por ter oferecido à Covilhã uma custódia/relicário com uma relíquia do Santo Lenho, tendo, segundo a tradição, refundado a Capela de Santa Cruz. Este relicário ter-lhe-ia sido oferecido pelo imperador Carlos V, seu cunhado, após a ajuda na conquista de Tunes. O contingente português que participou na conquista era comandado pelo Infante D. Luís. Quando Carlos V solicitou apoio naval a Portugal, referiu especificamente o galeão São João Baptista conhecido como o Botafogo, o melhor navio de guerra na data. Foi o esporão do Botafogo que conseguiu quebrar as correntes que defendiam a entrada do porto, permitindo, então, à armada cristã que atingisse e conquistasse a cidade de Tunes.  Refira-se ainda que, em 1535, durante este período em que D. Luís saiu secretamente de Portugal para colaborar com o cunhado, o Senhorio da Covilhã ficou entregue ao Cardeal D. Henrique seu irmão. Por esta razão a Covilhã teve sete Senhores e não apenas seis como é habitual referir.

Para além de Senhor da Covilhã, foi duque de Beja, condestável do Reino, fronteiro-mor da comarca de Entre Tejo e Guadiana, Senhor de Ceuta e das vilas de Seia, Salvaterra de Magos, Almada, Moura, Serpa e Marvão e do Concelho de Lafões e Besteiros e, ainda administrador do Priorado do Crato e da Ordem de Malta. Foi pai de D. António Prior do Crato, que chegou a ser aclamado rei, nascido de um amor nunca oficializado com Violante Gomes, nobre talvez cristã nova, natural de Torre de Moncorvo ou de Évora.

- 12 out, 2023