Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XII
Nº: 626

Uma cidade acolhedora e feliz feita de múltiplas nacionalidades Voltar

Todos os dias se sente uma vibração multinacional na Covilhã. Ela abarca os trabalhadores sazonais e permanentes que para ela se deslocam para ali fazer a sua vida. Mas também inclui os 2 mil estudantes universitários, de dezenas de nacionalidades, que todos os anos rumam à Covilhã para estudar. A grande maioria destas pessoas são muito jovens e, quer venham trabalhar ou estudar, são certamente felizes. A felicidade sente-se, transmite-se, propaga-se, e novos elementos se lhe juntam, num crescendo que dá uma nova vibração à cidade da moda.

Esta não é uma realidade estranha à Covilhã, pois desde há muito tempo que esta cidade se faz, e cresce, por via do bom acolhimento de novos habitantes. Desde o tempo mais remoto da transumância até aos tempos mais recentes da cidade-fábrica, e do grande desenvolvimento industrial dos últimos 150 anos, o acolhimento é a sua matiz. A profusão de nomes com origem francesa, flamenga, e espanhola é disso prova. E é melhor nem tentar um teste de ADN para encontrar um indígena autóctone. Ele simplesmente não existe, ou por razões de origem natural ou por razões de miscigenação.

Os países e cidades fechadas nunca se desenvolveram. Esta é uma verdade digna de Monsieur de La Palice.  Muito pelo contrário, são as cidades que recebem novos habitantes, que com eles trazem novas energias e ideias, as que mais se desenvolvem. Essa energia contagia os já residentes e estimula um cadinho de dinâmica e progresso. É por essa razão que consideramos, ao contrário de alguns pessimistas militantes, que esta cidade ainda está para viver os seus tempos mais gloriosos.

Um primeiro passo para entrar nessa nova era passa por acolher bem os seus novos residentes. Algo em que a cidade é exímia, mas que devemos sempre recordar e estimular. É, pois, verdadeiro que quanto melhor souber acolher, e beber da dinâmica que lhe chega, tanto mais poderá aproveitar para explorar todo o seu potencial.

Temos falado de estudantes e de trabalhadores, os novos habitantes. Mas não podemos esquecer os empresários, investidores, e empreendedores que buscam a cidade. Esses não trazem o bulício do trabalhador ou do estudante, como é normal, mas contribuem de uma forma diferente. São eles que chegam e criam novas empresas, e trazem novas ideias sobre como produzir riqueza. Quer seja na vertente material ou imaterial, é também com estes que a cidade se renova. Há aqui um capital financeiro e humano que vem dar nova dinâmica à cidade.

Há certamente cidades tristes, cidades infelizes, ou que passam por momentos menos bons. No entanto as cidades que perduram são as que sabem ser felizes, e contagiar de felicidade os seus residentes. Mas alguém quer morar numa cidade triste?

Ao percorrer as ruas sentimos aqui o pulsar da felicidade. Ao passear pelos jardins perpassa uma alegria imensa, em parte com origem nas brincadeiras dos jovens, mas também fruto da felicidade estampada nos sorrisos dos avós que passeiam os seus netos. Uma cidade vibrante e feliz é aquela onde se sente o calor das relações humanas intergeracionais. Onde se observa a cidade de hoje e os que farão a cidade do amanhã.

Nem tudo é perfeição, sem dúvida! Há um caminho a percorrer. Mas, afinal, a felicidade, de uma cidade e do seu povo, não é um estado a que se chega. Mas sim um modo de estar na vida e de observar o que a vida nos vai trazendo, olhando sempre para o copo meio cheio, e nunca meio vazio. Este é o estado de espírito com que devemos abordar o início de mais um ano de trabalho após um período de merecido descanso. Sejamos nós trabalhadores, empreendedores ou estudantes. Uma cidade feliz é feita por pessoas que procuram ser felizes, as mesmas pessoas que sabem que as mais belas rosas se escondem por entre os mais frondosos espinhos. Façamos todos um brinde à felicidade, à nossa e à que fazemos os outros sentir!

- 12 set, 2023