“Interior do país necessita de medidas concretas”
Voltar
Mariana Mortágua, deputada na Assembleia da República desde 2013 e a 28 de maio deste ano sucede a Catarina Martins como nova Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda. É licenciada e mestre em Economia e terminou o doutoramento também em economia, na School of Oriental and African Studies (SOAS) da Universidade de Londres.
Ganhou visibilidade na política nacional através da sua participação nas comissões de inquérito, a Zeinal Bava e a Ricardo Salgado no âmbito do caso do Banco Espírito Santo (BES).
Esteve de visita à cidade da Covilhã para visitar a Feira Internacional de Artesanato, Design e Outras Artes (FIADA) no dia 2 de setembro (sábado) e que infelizmente não foi possível devido às más condições atmosféricas.
Mariana Mortágua, Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda, começa por dizer que a sua área de vocação, economia, foi crucial para entrar no mundo da política, “foi nessa altura que aliei os meus conhecimentos mais técnicos de teoria económica, a uma visão política sobre o que estava a passar e esse foi o pé de entrada para um percurso político mais ativo”.
Quando questionada pelo aumento do preço da habitação, tanto no interior como em Lisboa, a Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda demonstra-se preocupada e ao falar com alguns populares da Covilhã percebe que “é mais fácil para quem tem os contratos mais antigos ter quartos mais baratos, do que para quem chega agora à cidade”. Salienta que “em vez de e se contruir residências publicas para baixar os preços, aparecem um grupo de privados para oferecerem residências privadas, o que isso faz, é aumentar os preços”, o que como a própria afirma cria “um novo normal” com preços mais elevados para se poder arrendar um quarto.
No que respeita à saúde no interior, e mais concretamente a falta de médicos de família no interior é um tema inquietante e que gera preocupação, pois “o Centro Hospitalar Cova da Beira ou os Centros de Saúde não têm médicos suficientes, porque quando se reformam, não são substituídos por novos profissionais”. Fala também no excesso de carga horária não renumerada e salienta que essa é uma das razões pelas quais o Sistema Nacional de Saúde ainda existe, pois “se não fossem horas extraordinárias ilegais não existia SNS”, refere. Para solucionar esta questão é necessário “dar boas carreiras, salários, pagar a estes profissionais pela exclusividade e dar aos hospitais de possibilidade de reterem estes médicos e terem autonomia nas suas políticas de saúde”, sendo estas algumas das medidas que o Bloco de Esquerda tem em mente para a saúde.
Na educação, quando se fala no diploma promulgado pelo Presidente da República sobre professores, Mariana Mortágua mostra-se apreensiva no que respeita à qualidade do ensino em Portugal quando diz “queremos uma sociedade desenvolvida e com serviços públicos de qualidade, pois há enormes disparidades na carreira, há professores mais novos que não têm condições de trabalho e não conseguem ascender na carreira e portanto passam 10, 20, 30 anos a receber o mesmo, ou seja, receber 1200€ a 1500€ por mês”, mas para isso é necessário “dar salários e condições profissionais”.
Existem algumas medidas em que o Bloco de Esquerda pretende implementar no que respeita o valor das propinas e como, Mariana Mortágua pretende “aumentar as residências estudantis e as ofertas de habitação publica para estudantes, é preciso caminhar para propinas zero no 1º ciclo e reduzir brutalmente as propinas de 2º ciclo”.
A Ministra da Coesão Territorial promete reduzir o valor das portagens, nomeadamente a A23, no entanto até ao momento essa medida ainda não foi aplicada, o Bloco de Esquerda garante que quer abolir as portagens no interior do país com o “fim do pagamento das ex-SCUT no interior”.
Um tema delicado para os covilhanenses, o estacionamento na cidade também foi um assunto que mereceu destaque e a Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda ao falar com alguns populares percebeu essa preocupação, pois “a Covilhã precisa de uma atenção especial nos transportes, por caso contrário, as pessoas têm de ter carro, se não há transportes municipais ou urbanos, que é o que acontece neste momento, a concessão urbana não funciona”, salienta.
Em relação aos transportes públicos na Covilhã, “a mesma empresa que não garante circuitos e preços dos transportes urbanos que sirvam a população, depois usa a necessidade de as pessoas necessitarem do carro para conseguir ter receita, cobrando estacionamento em silos” o que tem gerado contestação nos covilhanenses nos últimos meses.
Fica o apelo de Mariana Mortágua em relação aos professores e médicas quando diz que tem de haver melhorias nas “carreiras e salários” também fala num “complemento salarial pela exclusividade dos médicos” que faça a diferença e, finalmente uma maior “autonomia nos hospitais, para poderem contratar os médicos que entendem”.