José Oliveira Mendes esteve no programa A Hora do Sporting da Covilhã onde falou sobre a atualidade do clube, mas também sobre questões do passado e futuro.
José Mendes recordou o passado difícil do início do seu mandato e das decisões que teve de tomar. “Tive de impor regras, impor a minha estratégia, algumas decisões foram complicadas, mas tive de as fazer, reconheço que magoei algumas pessoas com algumas decisões, até porque até eu fiquei magoado com algumas coisas que tive que fazer”, afirma.
“Tive de tomar muitas decisões difíceis, pois havia penhoras e muitas dívidas, não havia dinheiro para uma garrafa de gás, ninguém fiava nada ao Sporting Clube da Covilhã”, diz.
O presidente do leão da serra diz que sempre quis “devolver o bom nome ao clube”. “Não é fácil gerir um clube com a estrutura que o Sporting da Covilhã tem, mesmo em termos familiares perdi muito, tirei muito tempo há minha família, mas a minha filha tem orgulho do que fiz e não me arrependo em nada daquilo que fiz”, refere.
“Nunca me passou pela cabeça ser presidente do clube, pediram-me, arrisquei e até hoje cá estou, sempre com o lema de levar para a frente o Sporting da Covilhã”, diz.
“Há coisas que me magoam”
“Desde que sou presidente o Sporting da Covilhã nunca se regeu pelos de fora, sempre por mim e pela minha direção. Mas há coisas que me magoam, por exemplo quando estão a enxovalhar o Sporting da Covilhã, e eu sou uma pessoa que repara em tudo. O nosso Estádio tem sido remodelado ao longo dos anos, o nosso Estádio não tinha uma cadeira, e nestes últimos anos temos renovado o Estádio, deitei mãos à obra e fiz daquele mítico Estádio que hoje tem uma comodidade incrível, é dos mais bonitos deste país e não posso ver nada naquele Estádio que seja estragado pelos nossos adeptos, quando isso acontece magoa-me muito”, diz.
E José Mendes dá um exemplo. “Alguns sócios juntam-se junto ao túnel e não fazem outra coisa senão andar em cima das cadeiras, as coisas custam dinheiro, e foram os diretores do Sporting da Covilhã e eu que andámos lá a trabalhar a montar as cadeiras, não foi nenhum empreiteiro, foram amigos do clube e o seu presidente. Custa-me muito ver aquilo, porque as cadeiras servem para as pessoas se sentarem e não para partir a torto e a direito, e tudo isso magoa-me muito, na minha casa, Sporting Clube da Covilhã ou há princípios ou estamos mal”, realça.
“Zelo pelo clube e custa-nos tudo muito a pagar e se reclamamos condições e queremos tanta coisa, temos que ter muito cuidado”, frisa.
“A Liga neste momento é uma mentira”
José Mendes ainda falou sobre a Liga de Clubes e a descida do clube serrano, em que o líder do Sporting da Covilhã afirma que há clubes que “não cumpriram os pressupostos para militarem na Segunda Liga”. “Não houve Liga de verdade a Liga apregoa que os pressupostos são uma transparência e é tudo treta e não há verdade nenhuma. Convido quem for que se sente comigo e me diga que os documentos que tenho são mentira, a Liga é uma mentira de alto a baixo”, afirma o líder do clube serrano, e continua na sua explicação. “Verificámos alguns pressupostos e detetámos uma série de irregularidades, fizemos o que nos competia e a Liga não fez o que tinha que fazer. É obrigatório termos os vencimentos pagos e assinados pelo ROC e pelo TOC e houve atletas que não receberam no dia que estivemos na Liga, e nós tínhamos documentos qual é o nosso espanto com a situação que se veio a despoletar e para mim esta Liga não tem credibilidade nenhuma e digo mesmo tudo o que passa é uma retórica, para mim é a Liga da mentira”, frisa.
José Mendes sente-se “injustiçado”. “Trabalhamos com armas diferentes, porque nós só contratamos quem podemos e os outros contratam e não pagam e aqui a Liga tem culpa, porque deixa fazer este género de coisas, sei que temos razão porque temos as provas de tudo e mais alguma coisa, o presidente da Liga a partir dessa data numa mais retomou nenhuma chamada ao presidente do Sporting da Covilhã e houve falta de coragem, há dois ou três clubes que fazem isto todos os anos e ninguém faz nada”, realça José Mendes.
“A mim ninguém me conhece como mentiroso, tenho os documentos da mão e até morrer vou continuar o que tiver de afirmar, e neste país não se tratam os clubes do futebol profissional por igual”, diz.
“O nosso objetivo é subir de divisão”
O presidente dos serranos falou ainda dos objetivos para a nova temporada. “Esta equipa foi feita para defender orgulhosamente o clube, esta passagem pela Liga 3 terá que ser um acidente de percurso e acredito na subida de divisão, tem-nos faltado dinheiro para fazer equipas mais competitivas, mas nesta Liga 3, não gastando muito dinheiro temos condições para fazer uma boa época, mas nada nos garante nada, até porque o futebol é imprevisível, mas não sou de euforias, acredito, mas gosto de ter calma nestas coisas”, refere, salientando que “arranjamos uma equipa com o dinheiro que temos e vamos fazer tudo para conseguir subir de divisão”.
“Fizeram mal ao clube”
A constituição da SAD foi um tema também abordado no programa pelo presidente do clube. “Falava-se tanto na SAD que era um problema, e afinal não vejo investidores nenhuns. Surpreendeu-me o alvoroço que houve em torno da SAD, um presidente que está há 20 anos no clube, quis resolver um problema ao clube e irmos a tempo de fazer alguma coisa, foi dos piores momentos que vivi no Sporting da Covilhã, e sem nexo, os sócios que gostam do clube têm que ter muito cuidado com o que anda à volta do clube. A única coisa que querem alvejar é o presidente, e há alguém que quer tomar conta do Sporting da Covilhã e quer arranjar estas coisas, só pode ser isso”, afirma.
Quanto a uma possível recandidatura, José Mendes deixa tudo em aberto. “Gosto do Sporting da Covilhã e enquanto cá estiver tudo farei pelo clube, quando achar que vou embora vou, mas não andarei por aí a publicitar isso”, realça.
“Uma coisa tenho que fazer, acabar a bancada do Estádio, inaugurar a requalificação e depois veremos como vai ser, para já o que tenho em mente, quero que a equipa ganhe de domingo a domingo e obviamente que este ano queremos subir de divisão, mas por exemplo é impossível subir à Primeira Liga num futuro próximo sem investimento, não estou a ver onde possamos ir buscar nove ou dez milhões de euros sem um investidor”, refere.
José Mendes agradeceu ainda aos sócios que gostam do clube. “Temos sócios que gostam do clube e que vão sempre, a pagar ou de borla, este ano pagasse três euros, sabemos que é pouco, mas foi uma decisão para termos muita gente no Estádio como temos tido”, refere.
“Toda a gente sabe o que aconteceu por causa da academia”
José Mendes falou ainda sobre a futura academia do clube para a formação. “Toda a gente sabe o que se passou com a academia, toda a gente sabe quetínhamos os terrenos, fizemos as terraplanagens e depois fomos confrontados que os terenos não eram só nossos, e já lá investimos 100 mil euros, mas se o terreno não é nosso não podemos fazer nada, temos outras soluções, estamos à espera que a autarquia nos disponibilize outros terrenos, e se assim for avançaremos logo com a academia. Já tivemos várias reuniões e falta só alguém colocar o selo para avançarmos”, diz.
“Temos que dar condições aos nossos jovens e queremos fazer uma obra porque só há um caminho a seguir que é resolver o problema da academia, não podemos andar no marasmo, temos que ter condições e infraestruturas”, salienta.
“Sempre tive na ideia manter o treinador”
Questionado sobre a questão do treinador Alex Costa, José Mendes diz que sempre teve na ideia manter “o mister no cargo”. “Essa sempre foi a minha ideia, nunca tive outra, porque gosto do trabalho dele e é uma pessoa séria, alguns diziam que o mister estava cá porque trazia um investidor, afinal, o mister ficou o investidor não veio, deve vir de comboio”, realça.