Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Jantar: 320 pessoas e ainda a esperança de “ficar na II Liga” Voltar

O jantar estava marcado para as 20h. Entrava-se no hotel e podia cheirar e tocar-se alegria. Era, claro, momento de festa e não de pensar no presente trágico. Desde a entrega das medalhas (lembrança para todos os convidados) até ao final do jantar, foram sempre vistos sorrisos e nunca lágrimas de tristeza.

As entradas já tradicionais e as bebidas servidas aos convidados foram sendo servidas enquanto não chegavam as 320 pessoas. Um número alargado que ia ajustando temperatura para o quente, mas que faziam parte Tarantini, Fanã (Fernando Pires), João Cavaleiro e Rui Barros, mas também Pedro Proença (Presidente da Liga Portugal) e Fernando Gomes (Presidente da Federação Portuguesa de Futebol).

Contudo, como barriga vazia não conhece alegria, estava na hora de jantar e da parte principal deste dia.

 

Comes, bebes e palavras doces

Todos presentes, era tempo de caminhar para a sala de restauração, já passava das 21 horas. Porém não correram para as mesas sem antes pararem para as fotografias habituais com o placard do clube de fundo.

Uns metros mais à frente estavam as 32 mesas que foram necessárias para albergar toda a gente. Ao mesmo tempo a equipa do hotel ia abrindo as garrafas e verificando os últimos detalhes e os “menos fotogénicos” iam-se sentando.

Os primeiros copos começaram a ver líquido, não importa qual, e Patrícia Figueiredo, apresentadora, e José Mendes começaram com a primeira de muitas homenagens da noite. Terminado o momento, o staff começou também a encher os pratos.

De destacar que do plantel atual poucos foram os que marcaram presença. Gilberto, Jaime, Igor Araújo e Gil são alguns dos nomes.

A comer, as 320 pessoas mantiveram-se calorosas como a sopa que iam comendo. Eram constantes as conversas, as risadas, assim como o barulho dos talheres nos pratos. Conseguiu ser uma noite diferente do que se vive no clube.

Continuava-se o jantar e os pratos de peixe e carne foram sendo servidos, por entre cada vez mais homenageados. O ambiente foi-se mantendo, assim como as palavras doces.

Por falar em doçura, chegava ao fim a refeição e ao princípio as sobremesas, o partir do tão esperado bolo com as três velas e os discursos.

José Mendes, como não poderia deixar de ser, foi primeiro. Admitiu que, em 19 anos de presidência, não atingiu o objetivo, a primeira liga, mas que vai continuar a apostar nas melhoras das infraestruturas. Citou a requalificação do Estádio Municipal José dos Santos Pinto, assim como a compra do novo autocarro, que custou 300 mil euros ao clube.

Contudo não deixou de mostrar o seu descontentamento na estagnação do projeto academia: “Continuamos sem as condições que gostaríamos de ter. Sinto uma tristeza em ainda não ter conseguido. O projeto existe, os trabalhos começaram, mas não podemos continuar para bem da saúde financeira”.

Seguiu-se Jorge Gomes, Presidente da Mesa da Assembleia Geral, que continuou na mesma senda, a academia: “As decisões estão ligadas com as intenções do clube. Devemos ser uma referência de valores de cidadania”.

Depois Pedro Proença que recordou algumas passagens pelo José dos Santos Pinto e elogiou bastante a gestão de José Mendes que lhe ensinou os “princípios da gestão”. Contudo também deixou um repto ao município: “O Sporting Clube da Covilhã precisa desta academia”.

Fernando Gomes também discursou. O presidente da federação não foi pelo caminho dos jovens, mas deu a sugestão de haver um “esforço” para que os Serranos pensem no futebol feminino. Deixou ainda o elogio ao clube pelas dificuldades “em ser um clube profissional no interior. É um grande esforço”.

José Armando Reis, em representação da autarquia covilhanense, após um longo período de agradecimentos apenas deixou a nota que o município vai ajudar nos terrenos da academia.

A descida foi meramente mencionada, como se de uma banalidade se tratasse, o que é normal. Era dia de festa, não de tristeza.

 

Lembranças

Findadas as palestras habituais era hora de entregar as lembranças deste centenário às instituições que contribuíram para todos estes anos. Foram então presenteados a PSP, a Proteção Civil, os Bombeiros, a Universidade da Beira Interior, o Casa Pia e o Portimonense como clubes parceiros, a Associação de Futebol de Castelo Branco, a União de Freguesias de Covilhã e Canhoso, a Câmara Municipal da Covilhã e a Liga Portugal.

 

O presidente

Com a sala já praticamente vazia e para lá da 1h, José Mendes deu ainda alguns depoimentos. Afirmou não ter contrato com nenhum jogador, por alimentar a esperança de ainda poder competir na II Liga de futebol caso haja equipas que não cumpram os pressupostos financeiros.

Embora realce que não quer “iludir ninguém”, informou que vai continuar à espera dos prazos da Liga de Futebol e que sejam tomadas decisões, para então saber em que escalão vai militar e formar o plantel.

“Para já, ainda não descemos de divisão, ainda temos fé que iremos ficar na II Liga. Sei o que é que se passa no futebol. Eu não quero iludir ninguém, mas vamos lutar até à última gota e, se tivermos de ir à terceira Liga, é a maneira de fazermos uma festa para subir outra vez, mas precisamos de quem nos apoie”, sublinhou.

Segundo o dirigente, “o plantel vai ser construído com calma”, porque o clube está “à espera” de “alguma confirmação”.

“Ao contrário de outros clubes que estão na II Liga e que não fazem contas com os jogadores que vão embora, o Sporting da Covilhã arruma as contas com toda a gente e, por isso, está disponível para competir no futebol profissional”, salientou.

O dirigente serrano referiu que caso o Sporting da Covilhã venha a ser convidado pela Liga para continuar no segundo escalão, tem condições para apresentar no próprio dia os pressupostos financeiros exigidos, “como sempre” tem acontecido.

- 07 jun, 2023