Pára!... Olha para mim e sorri: mensagem de um qualquer idoso
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Pára!... Olha para mim e sorri
Dá-me um pouco do teu tempo
Ouve-me, tenho tanto para te contar
Sabes?
Já fui como tu
Enérgico, alegre e feliz
Já sonhei, já amei, já corri e dancei
Tal e qual como tu.
Construi o meu lar, tive os meus filhos
Vivi para eles, tirei da minha boca
Para lhes dar.
Esqueci-me de mim.
Dei-lhes tudo!
O tempo passou, a minha pele enrugou.
Os meus olhos deixaram de ver.
Já não te ouço bem
As minhas pernas vacilam
Por isso estou aqui…
Às vezes estou só
Olho para trás e recordo,
Onde estão todos?
Os familiares, os amigos, os filhos
Não me deixem só…
Preciso tando de vocês…
Por isso…
PÁRA, OLHA PARA MIM!!!
(Autor – Paulo Martins)
A mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana é, sem margem para dúvidas, a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai (ou mãe) é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem pela sua fragilidade, pelos seus imensos olhos, pela sua inocência e graça.
Basta vê-los, para que o coração se alargue em riso e côr. Um sorriso é muito capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem do nosso amor, dos cuidados que temos com eles. E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem os seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo também se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Nós envelhecemos. E então algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais (alguns) aquela atitude como antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo o pai (e mãe) percebe as mínimas faíscas no olho de um filho.
É quando os pais já idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Porque é que o encanto acabou? Porque é que meu filho já não me tem como o seu herói particular?
Apenas se passaram alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos torna-se cada vez mais impertinente. Praticamente já não ouvem mais os conselhos.
Em cada dia que passa demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões ultrapassadas, antigas.
Pior é, quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer com os seus velhos pais a adaptação aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente.
Então, porque estão a desrespeitá-los?
Porque passam a tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que muitos (para não dizer a maioria) dos filhos faz. Dão ordens aos pais, trata--os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, que acaricia, que ama de verdade.
A cada dia que nasce, lembre-se que está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas ficam dobradas no armário, os chinelos num canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas e enxugue as suas lágrimas. Ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, amor, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.
Os meninos de ontem têm direito ao amor dos filhos, mesmo que as suas atitudes, os seus hábitos e costumes, a sua vivência e as suas rotinas ainda tenham vestígios do seu passado.
Que bom era poderem voltar atrás, mas, não sendo possível, que agora possam alcançar a glória de uma vida de trabalho, de vivência com os filhos, sabendo-se que agora, na idade maior, tudo é diferente para pior.
De mãos dadas com os nossos séniores, a vida tem mais valor. Um sorriso é meio caminho para a felicidade de um pai (ou de uma mãe).