Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Nova realidade política – novos cenários Voltar

Eventualmente este artigo de opinião não irá colher a concordância de grande número de leitores. A principiar no breve diagnóstico da nova realidade politica e terminando no enunciado de novos cenários que decorrem daquele diagnóstico e que, em minha modesta opinião, poderão vir a determinar a evolução política do país, sobretudo no próximo ato eleitoral para as legislativas que deverão ter lugar em 2024.

Principiemos, então pelo que há de novo na realidade política portuguesa. E essa deve ser assim enunciada: o líder do PSD, o senhor Luís Montenegro, veio, finalmente, anunciar com clareza que quer ser primeiro-ministro e que o seu partido não irá fazer qualquer tipo de acordo ou aliança com forças políticas xenófobas e racistas, numa referência inequívoca ao Chega.

Esta declaração de Montenegro clarifica de forma inequívoca a nova estratégia política do PSD e, portanto, também eleitoral. É por demais sabido que, em Portugal, as eleições ganham-se ao centro, conquistando os votos do grosso do eleitorado. E a história mostra que dois são os partidos vocacionados para conquistar esse eleitorado: o PS e o PSD. As eleições de 2022, aí estão para o demonstrar. A maioria absoluta do PS foi acima de tudo o resultado de uma opção clara e lúcida do eleitorado do centro pela rejeição das forças extremistas, nomeadamente do Chega, havendo muitos eleitores que receavam uma aliança do PSD com este partido. Da parte do PSD, as hesitações e a falta de clarividência de Rui Rio foram pagas com custos elevados. E o seu sucessor, Luís Montenegro andou muito tempo na mesma indefinição, ainda por cima acicatado pela liderança do PS.

Agora, ao que tudo indica, Montenegro reencontrou-se com o caminho que foi sempre o do PSD: eleger o centro como alvo da sua estratégia político-eleitoral. Não se sabe quais serão os resultados. Mas, atendendo ao destrambelhamento que está a corroer o PS e o próprio Governo, é muito provável que o PSD alcance uma maioria eleitoral que, mesmo se relativa, lhe permitirá governar, possivelmente com a Iniciativa Liberal. É que, em tal cenário, o PS não se deixaria cair no proverbial infantilismo do Bloco de Esquerda de fazer alianças negativas para derrubar governos.

- 26 abr, 2023