Oi, oi, vamos lá despachar.
Gaita para isto, que se este carro não para…
Tanta coisa para fazer! Aquela papelada toda na minha mesa do escritório nem me deixa descansar! Então hoje, que deixei tudo espalhado por causa do memorando que estou a preparar para o caso do Tribunal que me tem dado água pela barba! Tanto papel que consultei e ficou tudo… Coisas sérias e, de certo modo, secretas e de responsabilidade que só eu sei como devo arrumar naquelas pastas e pastinhas… Chiça!
Mas isto é uma loucura, bolas, porque se aquele maluco não para mesmo e me atropela, de que me serve a mim ou à papelada esta correria? Vai tudo para o caneco! Vou direitinho com o 112, se não for ainda pior! Ei, nem pensar!
E, pior, como esteve a chover, a rua está escorregadia… Se escorrego, nem os ossos… Pois, nem os ossos se me aproveitam! Não posso escorregar, pois então espalhava tudo o que trago nos bolsos! Ena, tanta porcaria, entre papéis das compras, dois telemóveis, as luvas, o botão do casaco, que se o perco, a minha mulher mata-me! Ah! E na pasta? Se deixo cair a pasta lá vão as faturas por pagar, aquela carta da minha amante… ui, que bronca com a minha mulher! E esta carteirita de notas que recebi no tal negociozinho jeitoso, à margem do controle das Finanças… Tão bom este dinheirito! É hoje que vou fazer a jogatana tão desejada, no Casino! Ai a roleta! Ao tempo que ando com esta fisgada, bolas! É mesmo desta! Que se lixe o dinheiro!
Ó pá, para aí, caramba!