Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

David Facucho, o Beckenbauer de Oleiros Voltar

Contrariando os episódios de violência que têm ocorrido um pouco por todo o país, a região da Beira Baixa tem sido pródiga em situações de fair-play. Na passada, 2ª feira, na prova distrital do Desporto Escolar de corta-mato foi mostrado um cartão branco ao atleta Rodrigo Belo do Agrupamento de Escolas Amato Lusitano. O jovem teve a “ousadia” de prescindir da vitória na prova ao recusar ultrapassar o colega que seguia em primeiro lugar e que tinha perdido uma sapatilha em local lamacento. No mês de janeiro, num jogo referente à última jornada do Torneio de Apuramento de Juvenis – Futebol 11, o árbitro André Ferreira exibiu um cartão branco à equipa técnica do Desportivo de Castelo Branco. Conforme consta em nota enviada à comunicação social, no fim de um jogo em que os albicastrenses havia vencido o Penamacorense por 9-1 a equipa técnica liderada por David Facucho preocupou-se mais em “valorizar e parabenizar os atletas e equipa técnica de Penamacor pela atitude e vontade que apresentam em jogar futebol, defender o seu clube e acima de tudo, serem felizes” do que em festejar a vitória com os seus jogadores.

Este cartão é, apenas, mais um episódio de fair-play de um dos senhores do futebol da região, David Facucho. O atual técnico do Desportivo de CB faz parte da história da ARCO (Oleiros)… foi jogador da formação, capitaneou os seniores, assumiu as funções de treinador-adjunto e, pelo meio, de forma informal, fez um pouco de tudo. Para ser o Beckenbauer do clube só lhe falta ser presidente, oficialmente... quem sabe um dia!

É do conhecimento de alguns que foi o primeiro português federado na Hungria, num período marcado pela tragédia do desaparecimento do Féher e pelo apoio que concedeu à sua família. O que poucos sabem é que a formação humana do David foi feita em campos pelados que, no inverno, eram lamacentos como aquele em que o Rodrigo Belo correu.  Foi aí que sentiu as dificuldades de quem vive em territórios de baixa densidade, tal como os meninos de Penamacor. Também por via disso foram mais as vezes em que a sua equipa “encheu o saco” do que aquelas em que marcou um golo. Mas isso não foi impeditivo de viver experiências únicas, como a época em que a ARCO participou nos quadros nacionais devido à desistência de todas as equipas da AFCB que se tinham classificado em posição superior. Foi assim que o David aprendeu a disfrutar de todo os momentos e a sorrir perante as simples derrotas da vida… sim, por que tudo não passa de um simples e bonito jogo em que jogamos com e nunca contra alguém. 

- 22 fev, 2023