Quando o fundador de Brasília se tornou covilhanense
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No início do ano, no âmbito da tomada de posse de Lula da Silva, tornou-se notícia o banho de Marcelo Rebelo de Sousa no Lago Paranoá, na capital brasileira. Falou-se então do presidente que esteve na origem de Brasília, Juscelino Kubitschek de Oliveira. O que não se disse foi que passados três anos da inauguração da nova cidade, Kubitschek visitaria a Covilhã.
Foi exatamente há 60 anos, no dia 11 de janeiro de 1963, a visita a Covilhã de Juscelino Kubitschek de Oliveira, ex-presidente da República do Brasil. Acontecimento de grande repercussão na imprensa local, quase passou despercebido à maioria dos portugueses. Salazar lá teria as suas razões.
Kubitschek de Oliveira, na mesma ocasião, visitou também Castelo Branco, o Fundão, seguindo posteriormente para Belmonte, o principal motivo desta viagem. No concelho da Covilhã, a receção, de acordo com o protocolo usual iniciou-se no Souto Alto, onde o presidente da Câmara Municipal, José Ranito Baltazar, aguardava a chegada do visitante e respetiva comitiva de que faziam parte nomes sonantes como Hugo Gouthier, José Maria Alkimin, Donatelo Grieco entre muitos outros. Seguiram depois em caravana automóvel em direção à cidade. Já na Covilhã, iniciou-se junto ao palacete Mourão um cortejo a pé, em direção aos Paços do Concelho, onde estavam as Bandas da Covilhã e da Aldeia do Carvalho, os Escuteiros, a Mocidade Portuguesa, Bombeiros, Ranchos, Centro da FNAT, representações das escolas… Enfim uma cidade no seu melhor para receber o ilustre convidado.
Na Câmara teve lugar a sessão solene. No salão nobre, perante uma mesa constituída pelo convidado, pelo embaixador Negrão de Lima, pelo governador civil, Barreto Magro e ainda por Carlos Coelho, então deputado à Nação, o presidente Ranito Baltazar tornou o hóspede brasileiro em cidadão covilhanense honorário e atribuiu-lhe a medalha de ouro da cidade. Kubitschek de Oliveira agradeceu, reiterando que ”Portugal e Brasil sejam uma só alma na mesma comunhão de esforços e de civilização”.
Houve ainda tempo para o banquete servido nos salões do Teatro Cine. Ao final do dia o Ex- presidente do Brasil, acompanhado pela esposa e pela filha, seguiu para o Refúgio onde pernoitou na Casa do Conde. No dia seguinte, Kubitschek visitou a igreja de Nossa Senhora da Conceição onde depôs um ramo de flores no túmulo do irmão do descobridor do Brasil, João Fernandes Cabral.