Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

“Os associados serão sempre a nossa prioridade” Voltar

Que balanço faz dos anos que está à frente da Mutualista Covilhanense?

O balanço que faço destes oito anos à frente da Mutualista Covilhanense, como Presidente da Direção, é extremamente positivo. Progressivamente, a instituição foi capaz desde 2014 de alargar a sua atuação a vários níveis e de crescer de uma forma muito sustentada. Na Saúde, setor em que nos distinguimos e que esteve inclusive na génese da Associação em 1930, reforçámos muito a oferta aos associados. Para além do Gabinete de Enfermagem e da especialidade de Clínica Geral que funciona praticamente desde sempre, hoje a Mutualista Covilhanense tem um consultório dentário, Cardiologia, Psicologia e uma Unidade de Fibromialgia e de Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica que é pioneira no país. Em paralelo, em 2016, implementámos a Unidade Móvel de Saúde e de Apoio Social e Psicológico, levando vários serviços e médico a freguesias rurais do concelho da Covilhã onde o Serviço Nacional de Saúde não chega ou é insuficiente. Esta é uma valência que já atua em 11 localidades, com crescente procura de ano para ano e que tem recebido inúmeros prémios nacionais, o que diz muito sobre o impacto que tem no seio das populações servidas, onde temos já mais de 500 associados, e do seu carácter inovador. Além disso, estabelecemos protocolos com várias clínicas e entidades o que nos permitiu criar uma rede de descontos e de benefícios em parceiros muito interessante na área da Saúde. Por outro lado, executámos inúmeros projetos sociais, apostámos na qualidade das valências de apoio à 3ª Idade e a partir de finais de 2020 começámos a atuar também na área das Migrações, aquando da criação da Casa de Acolhimento para Crianças e Jovens Estrangeiros Não Acompanhados. Outra aposta assentou no reforço da estrutura patrimonial, através da requalificação do edifício que hoje é a Casa Moura, dos melhoramentos na sede social e das intervenções no património imobiliário em geral. Todo este trabalho ao longo dos anos tem sido realizado com foco na sustentabilidade da Associação, quer a nível financeiro e quer no que respeita ao aumento do número de associados, essencial no universo mutualista. A Mutualista Covilhanense tinha 2.400 associados em 2014, atualmente tem cerca de 3300 ativos. A somar a tudo isto estão os 14 prémios nacionais que recebemos em oito anos e que somámos aos dois que a Instituição já tinha.

 

Quais as prioridades para o novo mandato?

Os associados são e serão sempre a nossa prioridade. Pretendemos introduzir continuadamente melhorias ao nível dos serviços que lhes prestamos, promovendo uma maior proximidade, a digitalização de serviços e meios e alargando ainda mais a oferta na área da Saúde. Em paralelo, criaremos mais benefícios e serviços. No caso concreto da Saúde, trabalharemos para que a Mutualista Covilhanense seja cada vez a primeira e imediata resposta aos associados, através das consultas de Clínica Geral, realizando depois o devido acompanhamento e, se necessário, o acompanhamento para o SNS. No próximo mandato queremos também, por exemplo, criar mais camas e respostas de apoio à 3ª Idade, privilegiando os associados, o que só será possível com novas soluções sem acordo com a Segurança Social. Esta será uma das nossas fortes apostas para o mandato 2022-26 e, nesse sentido, estamos já a trabalhar com vista à criação de um edifício de raiz adequado àquilo que são as necessidades de hoje dos seniores, com especial preocupação em relação às demências, a executar sozinhos ou com parceiros da Economia Social, e também na expansão do Serviço de Apoio Domiciliário no que respeita à capacidade e aos serviços.

 

Ao longo destes anos quais as maiores dificuldades que encontrou?

No dia-a-dia, as dificuldades estão essencialmente relacionadas com as burocracias inerentes a atividades fortemente reguladas. Diria que, nos últimos anos, a pandemia provocada pela Covid-19 foi a maior dificuldade com que nos deparámos. Proteger os nossos seniores da Estrutura Residencial, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário foi a prioridade das prioridades. Valeram o esforço e o avultado investimento que realizámos em medidas de proteção e de prevenção, uma vez que durante a pandemia não tivemos qualquer caso de Covid-19 na Estrutura Residencial. Os primeiros casos só apareceram em finais de janeiro deste ano e foram ligeiros, já com os nossos seniores com as três doses da vacina e sem quaisquer registos de hospitalização. O atual contexto económico-financeiro provocado pela invasão da Ucrânia e pela brutal inflação e seus impactos é agora a grande preocupação para as instituições da Economia Social.

 

A Farmácia, a Unidade de Fibromialgia, entre outros projetos, foram bandeiras da Mutualista Covilhanense. A nível da saúde a aposta é para reforçar? De que forma?

O reforço da aposta na Saúde é claramente um dos objetivos, com a criação de novas especialidades médicas, com a Farmácia e as suas condições especiais para os associados, entre as quais as entregas gratuitas ao domicílio, com a Unidade Móvel de Saúde, cuja atuação será alargada para chegar a outros pontos do concelho, e com a Unidade de Fibromialgia e de Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica. Esta Unidade tem uma forte procura a nível nacional, dado que é primeira valência em todo o país dedicada exclusivamente ao tratamento da doença, com 80% dos doentes a virem de fora da região, pelo que vamos alargar as suas instalações e está até em cima da mesa a possibilidade de criarmos um novo espaço num concelho limítrofe. Estamos também a trabalhar no sentido de virmos a implementar novas unidades móveis no concelho, replicando o modelo da Unidade Móvel de Saúde e adaptando-o a outras áreas de atuação, como é o caso da fisioterapia.

 

E no apoio aos mais idosos, o que é possível fazer mais?

Estima-se que em 2050 cerca de 40% da população portuguesa tenha 60 anos de idade ou mais, com o nosso país a assumir-se como uma das economias mais envelhecidas do planeta. Urge preparamos o futuro. Daí que na Mutualista Covilhanense estejamos tão empenhados na ampliação do número de camas e na criação de novas respostas de apoio à 3ª idade, numa altura em que já escasseiam as vagas. Para além do alargamento do número de camas, é preciso apostar no Apoio Domiciliário na ótica do “ageing in place”, ou seja, criar respostas mais abrangentes que possibilitem às pessoas serem assistidas em casa, no conforto do seu lar, levando-lhes todos os serviços de que necessitam, desde os cuidados mais básicos aos serviços de saúde, sem que necessitem de ser institucionalizadas. É esta a visão que temos na Mutualista Covilhanense para área do apoio à 3ª idade.

 

A Mutualista tem também projetos de apoio aos Migrantes. O que está a ser feito nesta área? 

Começámos a atuar nesta área em dezembro de 2020 a convite do Estado Português com a Casa de Acolhimento para Crianças e Jovens Estrangeiros Não Acompanhados, instalada na Casa Moura, por onde desde então já passaram 32 menores de idade provenientes de campos de refugiados da Grécia, de várias nacionalidades. Inicialmente este era um projeto com uma duração de 18 meses, foi em julho passado prorrogado por mais 6 e terminará no próximo mês de dezembro. Foi um projeto desafiante e muito enriquecedor na área da ajuda humanitária que cumpriu a sua missão e que chega agora ao fim. Esta nova área de atuação levou a que entretanto tenhamos criado o Departamento de Migrações na Mutualista, ao qual está afeto também o Balcão do Migrante –  através do qual prestamos apoio aos migrantes que chegam à Cova da Beira e a todos os que querem sair de Portugal rumo a outro país, assim como  aos emigrantes que querem regressar –, e um Apartamento de Autonomização, resposta social destinada a jovens refugiados. Vamos dar continuidade a estes dois projetos e implementar novos, entre os quais o que está relacionado com a inserção socio laboral de migrantes.

- 14 dez, 2022