Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Metamorfose Voltar

O nosso pensamento viaja a alta velocidade para o mundo dos insetos, quando lemos esta palavra “Metamorfose” e com uma incidência máxima na borboleta, pois após uma metamorfose completa, ela brinda-nos com uma beleza inconfundível, que lamentavelmente dura pouco tempo.

Hoje o mundo está em completa transformação, tal como os insetos, só não sabemos se irá alcançar alguma beleza inconfundível como a da borboleta, ou se irá entrar em processo de destruição massiva.

Em 1915 Franz Kafka publicava um livro intitulado “A Metamorfose” e em suma, esta obra ilustra claramente o absurdo da condição humana e do modo como vivemos e nos organizamos e também a fácil forma com que rejeitamos algo quando deixa de servir os nossos interesses, e é esta falta de humanidade, que faz do mundo em que vivemos, um mundo cruel, bárbaro, implacável e cada vez mais desumano.

Em pouco tempo, assistimos a diversas metamorfoses nas sociedades do mundo inteiro, um vírus que apareceu silenciosamente e silenciou e paralisou tudo e todos, uma guerra devastadora iniciada por pura jactância e sobranceria, um ambiente degradado pelos maus comportamentos de gerações e que está a provocar estas alterações climáticas nocivas a tudo e a todos, o colapso dos aeroportos, a inflação imparável, a corrupção, e parece que hoje não existem países de primeira e parece mesmo que os muito bons, não são assim tão bons quanto pareciam, parece mesmo o gato escondido com o rabo de fora.

Portugal com todos os contra, tem sobrevivido com alguma capacidade a todas estas metamorfoses, talvez porque os Portugueses são humanos de fibra e o facto de terem vivido quarenta e um anos num regime ditatorial e autoritário, os tornou estoicos e inquebrantáveis e é bom recordar, que desde essa altura, com todos os altos e baixos na nossa sociedade, o país evoluiu, e muitos são os estrangeiros que deixaram o seu país evoluído, para viver no retângulo mais belo à beira mar plantado, mas como parar é morrer, é absolutamente necessário fazer muito mais, neste maravilhoso cantinho da Europa.

Só o tempo, esse movimento que dificilmente se explica, nos dirá se esta metamorfose, que o mundo sofre hoje em dia, irá culminar numa beleza agradável como a da borboleta, difícil é a resposta e Santo Agostinho há já muito tempo, respondia a quem lhe perguntava o que é o tempo?

“Se você não perguntar, eu sei o que é; se quiser que eu explique, eu já não sei mais”.

- 29 jul, 2022