Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Crónicas Políticas Voltar

TMC, Cultura e uma cidade em transformação

1.

Li esta semana nos órgãos de comunicação locais, um mau estar manifesto pelo responsável do teatro da UBI e pelo presidente da banda da Covilhã, direcionado às declarações do vereador com a pasta das coletividades, sobre o uso do TEATRO MUNICIPAL DA COVILHÃ; pretendiam estas instituições – desconheço que tivessem falado por mandato de qualquer outra entidade com ligação à cultura – dispor do teatro com maior frequência.

Percebo que cada associação tenha nas suas genes de ação, a divulgação do trabalho que produzem, tentando chegar ao mais vasto público possível; percebo ainda que, a par da produção cultural, precisem de gerar receitas para o exercício da gestão do dia-a-dia. Percebo.

 

3.

Porém, as declarações do vereador com o pelouro, aos microfones da RCB, foram de tal forma consistentes, percetíveis na dissertação, lógicas e dotadas de tal cuidado institucional, que não deveria haver lugar a qualquer dúvida quanto mais a indignação (estado de espírito admitido tão amiúde e superfluamente nos tempos atuais); pelo contrário, esperar-se-ia antes a compreensão de quem gerindo estruturas físicas e humanas perceberá as limitações inerentes do conjugar dos interesses genéricos e específicos daqueles para os quais deixam o melhor de si nas funções que ocupam.

 

4.

Claro que o teatro da UBI e banda da Covilhã, não têm demérito algum para poderem e merecerem salas com a capacidade e exuberância do TMC, como o não tem qualquer filarmónica, grupo de cantares, rancho, teatros e agentes de caracterização cultural diversificada, porque a cultura não tem tabus, nem haverá cultura fina ou saloia, nem a de perto ou a de longe. Porém, o TMC – exatamente por ser direcionado à cultura da Covilhã - é para usufruto cultural de TODOS OS CIDADÃOS que têm direito a dispor de espetáculos variados, dos melhores e apreciados profissionais do universo cultural, espetáculos esses a que estavam vedados a não ser por deslocações mais ou menos distantes. Esse direito - a universalidade do espetáculo - consegue-se fazendo integrar o TMC na rede de Teatros Nacional, cumprindo regras e usufruindo pois, de benesses.

 

5.

Quando não tínhamos teatro – e abismalmente não o tivemos durante os últimos 40 anos – lembro-me que o TMG (Teatro Municipal da Guarda) era amiúde enaltecido pelo programa de artistas de nível nacional e internacional, bem como me lembro, da lamentação da obrigatória  deslocação de 100 km (ida e volta) para qualquer covilhanense interessado em cultivar-se usufruir desse espetro programático, indisponível na sua terra.

 

6.

Assim:

sobre o ponto de vista da normal necessidade de apresentação publica do trabalho cultural das associações, continuam estas a ter vários espaços,  várias alturas e circunstâncias para atuar, conformo o fizeram pré TMC.

Sobre o ponto de vista económico, têm o REGULAMENTPO DE APOIO AO ASSOCIATIVISMO, que terminou com a descriminação entre associações (como o critério político partidário do passado) e permite que toda a atividade e esforço, na Covilhã e fora dela, no país e fora dele, na atividade e na obra, seja gerador de fundos numa dimensão e transparência que nunca anteriormente tinha existido. (alguns Municípios, estão já a basear-se na Covilhã devido aos resultados constatados pelo exercício do regulamento)

 

7.

Mais; a programação cultural, não é definida pelo município; a direção e fundamentalmente o programador cultural do teatro, foram selecionados com base na experiência e contributo vasto de trabalho comprovado, durante muitos anos na Covilhã.

 

Que Rússia é esta?

Segundo os Russos a “operação militar em curso” foi assim justificada:

1 - Não invadiremos a Ucrânia. As tropas que estão na fronteira são de defesa para que a Ucrânia não dê entrada na NATO

2 - Os americanos são ridículos; não vamos invadir; estamos a retirar as tropas

3 - Estamos apenas a libertar o território do Donbass, não entraremos no restante território da Ucrânia.

4 - Entrámos na Ucrânia para libertar o povo ucraniano do Nazi que está no poder

5 - A Ucrânia nunca poderá ser uma nação fora do território Russo

6 - A Rússia não invadiu a Ucrânia. Estamos apenas a defender-nos

7 - Estamos a desmilitarizar e desarmar a Ucrânia

8 - Os Ucranianos com ajuda da NATO tinham laboratórios para espalhar na Rússia doenças mortais usando aves migratórias.

E assim se invadiu um país, se matam milhares de vidas, se desfazem milhares de famílias, se empurram para o Ocidente milhões de refugiados, se ataca uma maternidade e corredores humanitários, se destrói uma nação.

Assim se prendem “democraticamente” jornalistas e manifestantes Russos bastando o uso do termo Guerra ou Invasão.

Assim se ameaça o mundo de um fim pelo uso do nuclear.

Putin, se não estiver doente como dizem, ou se não destruir o mundo como ele ameaça, poderá governar até 2036 – alterou a constituição como faz um “democrata” a sério para se perpetuar num cenário em que os seus opositores teimam em exilar-se, cometer crimes e ser presos ou a sina de morte precoce.

 

O “mas” do PCP

O PCP é um partido. Tem por isso uma orientação política, uma visão do funcionamento social, no país e no mundo. Como partido, é composto – supostamente - de militantes que se identificam com os princípios definidos. (Digo supostamente, porque o que sabemos dos partidos é que há sempre quem é por ser, porque está, porque alguém lhe levou a ficha, porque foi encher um autocarro para qualquer ato e acabou por ficar por ali). Um partido, é pois, feito de gente, e a gente é feita de diferenças múltiplas, caraterísticas boas e más, mutações de pensamento e estados de espírito, avaliação variada das coisas no tempo. O PCP tem nas suas militâncias, doutores e analfabetos, guerrilheiros e quietos, violentos e pacifistas, morais e completamente cruéis, causais ou peneirentos. Humanos.

Como é possível comungarem todos de uma mesma visão sobre tudo o que acontece? Como todos são capazes de usar as mesmas frases, os mesmos tipos de postagem, a mesma postura perante algo tão agressivo, arrebatador, violento e desumano como o ato criminoso que acontece na Ucrânia? Como nenhum usa o termo guerra ou Invasão? Como nenhum participa numa vigília ou organiza uma? Como não publicam uma contestação, a imagem de uma criança que chora, a guerra no seu esplendor maquiavélico? Porque não participam num recolher de fundos, num ato de ajuda para com as vítimas de guerra? Porque as publicações visam apenas relativizar (para não usar talvez termo mais assertivo) esconder o que todo o mundo vê?

Todos pensam igual? Todos têm um “mas”? Todos sofrem de uma espécie de auto censura em que a liberdade de pensar ou sentir, é auto subjugada a uma Verdade maior e inquestionável emanada pela cúpula do partido? Dogma como a verdade religiosa, crença absoluta nos ditames com uso de fé?

A “operação militar em curso” que não é uma guerra nem uma invasão e não serve nem a Ucrânia nem a Rússia deve acabar, mas……

Este “mas” para espanto de uma forma que nunca cuidei o PCP espantar-me, mantém-se mesmo após a Rússia ameaçar os países da Nato com a destruição nuclear….É que Portugal … é um deles… mas…

Pedro Leitão, Presidente da UF Cantar-Galo e Vila do Carvalho

- 22 mar, 2022