Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

A primeira ida à consulta de Psicologia Voltar

Os anos 2020 e 2021 têm-nos trazido desafios nas diferentes vertentes da nossa vida (família, sociedade, trabalho, lazer, rotina, etc), por termos ultrapassado um período de medo e ansiedade face a um futuro incerto. Afinal de contas, a nossa geração não esperava viver uma pandemia.

A capacidade de nos adaptarmos e mudar o nosso comportamento no dia-a-dia viu-se comprometida, e, por isso, a Ordem dos Psicólogos Portugueses refere um aumento da procura de ajuda psicológica, aliada a um aumento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos. É neste sentido que toda a classe de psicólogos se mobiliza para prestar auxílio a quem mais precisa.

Ao longo dos confinamentos, e considerando a escassa resposta do Sistema Nacional de Saúde, muitos psicólogos começaram a realizar sessões online com o intuito de chegar a todas as pessoas. Após o confinamento, retomámos os contactos presenciais e continuamos também os acompanhamentos online.

A verdade é que a modalidade é uma questão de preferência do/a cliente, uma vez que a eficácia é igual em ambas.

Atualmente, a procura por ajuda psicológica continua a aumentar, sendo que alguns motivos são as dificuldades em viver com a nova normalidade pós COVID-19, questões associadas à gestão emocional e/ou gestão de stress, dificuldades familiares, processos de autoconhecimento, sintomatologia ansiógena ou depressiva, processos de luto mal resolvido, entre outras questões. Mas o que esperar de uma primeira consulta de psicologia? Numa primeira consulta começa-se pelo início: o/a profissional dá as boas-vindas, apresenta-se, refere todos os aspetos importantes para o processo (nomeadamente as questões éticas e deontológicas que regem a prática da psicologia).

As sessões podem durar entre 45 e 60 minutos, aproximadamente, e o/a psicóloga convida a pessoa a explorar o motivo de ter decidido ir à consulta, quais as dificuldades atuais e/ou quais os objetivos que pretende alcançar com o acompanhamento psicológico. Poderá falar, expor o que sente (preocupações, medos, confissões…) e ser ouvido/a sem críticas ou julgamentos. Na primeira consulta são abordados os aspetos mais importantes relacionados com o motivo do pedido, sendo que podem também ser questionados aspetos do passado, o que poderá levar a emoções fortes.

Não existem tópicos obrigatórios: o/a cliente caminha na sessão ao seu ritmo, mediante aquilo de que se sente confortável em falar no momento. Importa salientar que a recolha de informação, com ou sem recursos a questionários, é um passo indispensável para que o/a psicólogo conheça a pessoa à sua frente e após isso serão desenvolvidas estratégias adequadas a cada caso para colocar em prática e levar à mudança terapêutica.

Não existem soluções imediatas ou respostas milagrosas: trata-se de um processo, ainda que a melhoria possa começar logo na primeira consulta. Será um esforço conjunto, seu e do/a profissional, por si e para si.

 

Dalila Melfe, Psicóloga (CP 25204)

- 04 nov, 2021