Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Praxes decorrem “normalmente” Voltar

Com a chegada dos novos alunos à cidade da Covilhã, colocados na Universidade da Beira Interior, começaram as praxes. Após dois anos letivos sem praxe académica, considerada um meio de “integração”, retomaram agora dentro da normalidade que os covilhanenses estavam já habituados.

Ricardo Nora, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), considera que “nos últimos dois anos, os estudantes estiveram condicionados naquilo que seria a vida académica e o dia-a-dia na Universidade”. “Este ano letivo, com o regresso ao regime presencial e com 85% da população portuguesa já vacinada, esperamos que os estudantes tenham oportunidade de viver a vida académica na sua plenitude”, explica.

Contudo, há algumas restrições. “Este ano não haverá a habitual Latada, que era o momento de término da praxe. Só por isso já será naturalmente diferente, visto que os diferentes cursos não terão de construir os habituais carros”, afirma o presidente da associação.

Ricardo Nora expõe ainda que “apesar da AAUBI não ser o órgão fiscalizador da praxe, nem se envolver na mesma, acredito que serão promovidas atividades ao ar-livre e de interação com Instituições de âmbito solidário da Covilhã”.

 

 

Iniciativas “emblemáticas” voltam a acontecer

O Chorão de Molho é um dos eventos que marca as praxes académicas na UBI. Numa iniciativa que se realiza ao ar live, com atividades, são centenas de alunos que ocupam o Jardim do Lago.

O Provedor do Estudante, Jorge Pereira, em declarações no evento afirmou que “como estudante Ubiano que fui, a frequentar o curso de Medicina, espero que disfrutam da estadia aqui na Covilhã”.

Maria, nome fictício, é considerada a “Chefe de Latada”, a frequentar o terceiro ano e como aluna finalista, explicou ao Jornal Fórum no Chorão de Molho que “é muito importante o regresso às praxes, já que é necessário convívio para integrar os alunos que aqui chegam”.

“Ainda não conheci ninguém que não estivesse já com a vacinação completa e isso é uma forma de nos sentirmos mais seguros, porém, tentamos ter o máximo de cuidado connosco e com os caloiros para evitar riscos de possíveis contágios”, esclarece. Maria prefere não revelar a sua identidade porque considera as praxes ainda um tema “polémico, que se pode agravar após termos passado uma pandemia, onde os jovens foi um tema bastante abordado na comunicação social”.

José, nome fictício, e caloiro do mesmo curso partilha da mesma opinião. “Em muitas zonas do país os jovens excederam-se o que faz com que tenhamos receio de falar sobre a pandemia juntamente com as praxes, temas que considero polémicos”. “A praxe é muito importante porque, como aluno deslocado, não conhecia ninguém e esta é uma forma de poder interagir com os meus colegas e não me sentir sozinho”, conclui, realçando ainda que “tanto eu como os meus colegas estamos vacinados, o que nos faz sentir protegidos”.

Para além do Chorão do Molho, Ricardo Nora revela que há mais atividades programadas para marcar o início do ano letivo como o Podium, torneio intercursos de diferentes modalidades, a Semana de Integração Solidária em parceria com a Associação de Jovens para a Ação Solidária (AJAS), onde os novos alunos poderão desenvolver ações de voluntariado junto de Instituição de Solidariedade Social do município, assim como o habitual evento da Receção ao Caloiro, agendada entre os dias 26 e 30 de outubro. 

 

AAUBI com Caderno Reivindicativo sobre valor das rendas

Ricardo Nora, presidente da AAUBI, revela a preocupação sobre o valor das rendas na cidade. “Inclusive entregámos um Caderno Reivindicativo durante a campanha das Eleições Autárquicas aos candidatos do município da Covilhã, onde destacámos a criação de uma maior oferta pública de camas, de forma a colmatar a subida das rendas no mercado imobiliário privado, que inevitavelmente pressiona os agregados familiares dos nossos estudantes”.

Foi também na época das eleições que a AAUBI partilhou “outras preocupações dos estudantes universitários da UBI, que originaram este caderno reivindicativo que foi entregue aos candidatos”, num documento que pode “contribuir significativamente para o aumento da atratividade da região e da cidade e dar mais condições aos estudantes da instituição. Os jovens e estudantes têm um papel crucial neste progresso e querem fazer parte dele”.

O caderno reivindicativo divide-se em várias vertentes: alojamento, transportes, acessibilidade, cultura, desporto, juventude e sustentabilidade. Este documento apresenta não apenas as preocupações dos estudantes universitários em relação a estas temáticas, mas também propostas que podem resolver os problemas existentes e contribuir para melhorias efetivas em cada uma destas vertentes. As propostas vão desde o aumento do número de camas na cidade da Covilhã para estudantes (nomeadamente através da criação de nova residência), reforço da rede de transportes, aumentar as alternativas de acessibilidade em espaços públicos e privados da cidade, aposta na diversificação da oferta cultural e envolvimento dos jovens nesse processo, mais apoios municipais para estudantes-atletas, criar incentivos à fixação de recém-licenciados, apostar num gabinete de inserção profissional, aumentar a auscultação dos jovens de forma mais informal, aumentar a sustentabilidade dos recursos, ofertas municipais e investir na sensibilização relativamente a esta temática.

 

- 11 out, 2021