Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Política: missão e vocação de servir as populações Voltar

Como cidadãos, detentores de direitos e deveres no exercício da nossa cidadania proativa, num estado democrático e corresponsáveis na criação de sinergias e mecanismos que criem ao máximo o bem-estar de todas as populações, somos mais uma vez chamados a participar ativa e democraticamente na escolha dos nossos representantes locais. Existe nesta fase uma dinâmica regida por valores e padrões de comportamento entre os cidadãos das comunidades que lhes é exigida a participação consciente neste ato e os políticos que são chamados a representar as comunidades como uma missão que exige vocação. Assim, nesta reciprocidade, cada uma das partes tem que desempenhar o seu papel nesta fase de eleições, os cidadãos exercerem o seu dever de votar conscientemente, perante avaliação minuciosa das propostas apresentadas e os representantes anunciar os seus projetos de forma arrojada e adequada às reais necessidades das comunidades, consubstanciadas no paradigma de Dante. A delegação do poder e o exercício do poder delegado dependem do envolvimento dos cidadãos, mas incentivado pela discussão séria dos temas de interesse público apresentado pelos proponentes a representantes dos cidadãos. Salienta-se que, quanto mais inclusiva, mais a democracia se empenha em expandir o universo dos que têm acesso à informação e garante transparência na gestão da coisa pública. Ora, o sucesso da participação dos cidadãos na escolha dos seus representantes passa muito pelo papel da política e dos seus políticos. Pois a política é a arte de bem servir o povo, mas tenhamos consciência de que só cumpre esse papel quem possui a vontade de ajudar o próximo, aquele que assume a vida como um humanizador. Servir o próximo é uma das ações mais nobres desempenhadas pelo ser humano. Mudar para melhor a vida das pessoas e transformar realidades difíceis em esperança de dias melhores, são, sem dúvida, a missão de desempenhar com dignidade moral o espírito servidor. A política realizada de forma correta e honrosa tem esse papel de ser cumprida a sua missão com ética e garantir o bem-estar da população em geral, sem priorizar interesses individuais ou de apenas grupos sociais específicos, pois o representante eleito pelo povo tem que ter o cuidado de atuar pela manutenção saudável da heterogeneidade que constitui uma comunidade, pois a missão pública terá sempre por obrigação servir indiferenciadamente o cidadão. Já Aristóteles definia a política como a ciência que tem por objetivo a felicidade humana, em que as instituições deveriam encontrar as formas de assegurar uma vida feliz ao cidadão e dividia-a em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na pólis) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da pólis). Assim, a missão do político é desenvolver políticas públicas e efetivar ações que se transformem em benefícios concretos para os municípios, de modo a garantir a melhoria da qualidade de vida aos seus habitantes, nas suas mais variadas áreas, desde a saúde, à educação, à cultura, nas condições habitacionais, nas políticas geradoras de emprego, além de investimentos e melhorias em obras públicas, sempre norteados por uma sustentabilidade financeira e no envolvimento de todas as empresas, instituições e associações locais. Para tal, o autarca eleito tem que conhecer muito bem o potencial e as dificuldades da região e tem que lutar e resguardar o direito de todos os cidadãos, com atuação comunitária e ser conhecedor da realidade e do comprometimento do capital humano da região e da respetiva economia local. Tem que ser um construtor de cidadania e deve encarar esta missão como um serviço à coletividade humana e aprofundar a consciência sobre o seu papel, predispondo-se a escutar mais, a trabalhar mais para o bem comum e não para os próprios interesses, pois a sua ação é também uma ferramenta que poderá influenciar o descrédito na política e com esta comprometer a própria cidadania e a participação dos cidadãos. Refiro ainda que, independentemente das ideologias políticas e partidárias de cada um dos representantes, todos os eleitos para representar os cidadãos num município devem unir esforços e numa concertação social construir uma administração responsável e que consolide melhores índices de desenvolvimento social, económico, cultural, educacional, entre outros fatores que constituem a pluralidade das comunidades locais; sempre perante um bom planeamento que deverá ser baseado num diagnóstico realista. Apelo assim a todos os envolvidos nesta fase tão importante para as comunidades, para que cada um, no desempenho do seu papel, sejam cidadãos ou políticos, ainda em campanha ou depois no exercício das suas funções como representantes eleitos, possam todos encarar a sua atuação como uma missão de servir seriamente em benefício do bem-estar comum e em participação construtiva permanente. Por isso, cidadãos exerçam o vosso direito de escolher quem nos representa e participem conscientemente nas decisões comunitárias e políticos sejam verdadeiros agentes de desenvolvimento multifacetado e humanizado das comunidades, com espírito e vocação de servir as populações.

                                                                                                                              Nuno Abreu, sociólogo

- 17 set, 2021