Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Autárquicas: uma antevisão Voltar

Este artigo é escrito quando ainda faltam alguns dias para o ato eleitoral. Ainda mal são conhecidos os Programas das diferentes candidaturas bem como a constituição dos respetivos elencos. Porém, devido aos constrangimentos editoriais do jornal, vejo-me forçado a avançar aqui com algumas considerações que me parecem pertinentes acerca da importância destas eleições e com uma (de certo modo arriscada) antevisão dos resultados finais.

Depois da Pandemia, as nossas vidas e a vida das nossas cidades e aldeias não voltarão a ser o que eram. Queremos uma nova normalidade, com respostas para os enormes desafios que nos esperam: redução significativa e efetiva das desigualdades, a todos os níveis; acesso de todos sem exceção aos serviços de saúde, ensino e cultura; combate decidido às alterações climáticas, empregos de qualidade e bem remunerados, em especial para a juventude. Tudo isto vai exigir a construção de uma Nova Cidade. Temos uma década para o fazermos. E os novos candidatos são chamados a enfrentar esses desafios e dar-lhes resposta.

Deixo, pois, aqui, em jeito de interpelação, as seguintes questões aos candidatos:

  • A Pandemia do Ruído na Cidade. Que conhecimento têm os candidatos deste problema: já identificaram as zonas mais críticas deste fenómeno? Que medidas pensam tomar?

2- Os covilhanenses pagam a fatura da água mais cara de Portugal. Segundo o Relatório da ERSAR relativo a 2019, a Covilhã pagava em média pela água (AA), saneamento (AR) e resíduos urbanos (RU) 32,55 euros mensais, bem acima dos restantes concelhos do distrito e também da média do Continente (25,07 euros). E aqui não é possível deixar de denunciar a demagogia com que, nesta matéria, o atual executivo tem vindo a tratar sucessivamente o assunto, com diatribes guerreiras anexadas (“se não for a bem, vai a mal…!”).

3- A Covilhã é um dos concelhos de Portugal Continental que paga a Taxa de Ocupação do Subsolo mais elevada. Vítor Pereira ter-se-á já esquecido do que, acerca disto, prometeu há cerca de dois anos…para não variar. Pergunto aos candidatos: o que pensam fazer para baixar significativamente a fatura da água (sem recorrer «à força»!) e para reduzir o custo da TOS? São obrigados a dizê-lo aos seus munícipes, sem recorrerem aos artifícios da «política velha», isto é, do rol das promessas jamais cumpridas.

4- O chamado Plano de Mobilidade da Covilhã não é do conhecimento da esmagadora maioria dos covilhanenses. Ao contrário do que acontece, por exemplo, com a exemplar cidade de Viseu, onde o respetivo Plano, depois de aprovado, está profusamente divulgado pela cidade em diversos suportes. Temos aqui, pois, um problema de falta de Transparência.

5- Crise demográfica. Afeta sobretudo as nossas terras. Sempre se fala que é preciso salvar o interior, refazer o seu tecido demográfico, fixar e atrair populações, principalmente os jovens. Nada ou quase nada tem sido feito. Deixo aqui o desafio aos candidatos: o que pensam sobre este magno problema? Ou não têm pensamento sobre a matéria? E o que pensam da Regionalização, estão à espera da decisão do Partido? É que este e os outros problemas aqui enunciados não se resolvem com caravanas buzinantes para fazer regressar as SCUT. Quem nos dera que os problemas do interior se resolvessem com isso! Entretanto, enquanto se enaltece a «Plataforma», qual vanguarda desta luta, os mais graves problemas estão longe de ser estudados e enfrentados, E alguns deles afetam muito mais largas franjas das populações do que as Portagens!

6- A Covilhã necessita de captar bom investimento gerador de riqueza e de empregos de qualidade e …bem pagos. Só assim se fixam os jovens e os talentos. Mas não se enalteçam empresas que para cá vêm, algumas com pingues incentivos fiscais e outros, que todos pagamos, sem contrapartidas obrigatórias quanto ao emprego e a salários justos para quem trabalha. Caso contrário, a «sangria» vai continuar. Têm a palavra os candidatos.

Por fim, e porque isto já vai longo, arrisco algumas antevisões. Dada a dispersão das forças da direita democrática, teremos uma vitória de Vítor Pereira e com maioria absoluta, que a meu ver baixará para os 4 vereadores. Seguir-se-á a Coligação liderada por Pedro Farromba que deverá obter 3 vereadores. A candidatura de João Morgado está, na minha modesta opinião, enfraquecida desde o início pela presença de Carlos Pinto, que ainda não calçou as «pantufas»… Quanto à candidatura da CDU e pese o voluntarismo de Jorge Fael, antevejo a sua permanência na estagnação eleitoral.

                                                                                                                              António Assunção, Professor

- 16 set, 2021