Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Carne e enchidos artesanais à distância de um clique com a DOM Casel Voltar

Fomos recebidos mesmo no coração da cidade da Sertã, nos talhos centrais da DOM Casel. Confessamos que fomos «de malas feitas» para saber como era feito afinal o tão famoso maranho da Sertã e o que o tornava tão especial, para entender o que torna este produto tão vendido e conhecido em todo o território e que faz com que este seja, para muitos, o melhor de todos. Mas acabamos por descobrir bem mais do que isso e uma enorme gama de produtos de qualidade que a DOM Casel tem colocado no mercado e que têm conquistado inúmeras premiações, atestando que, de facto, tudo o que ali se faz é uns furos acima da média.

Um negócio de família que tem quarenta anos e que surgiu da necessidade de escoar produto. Os pais de Telma Santos, encarregue de nos fazer esta visita ao espaço, tinham uma produção de pecuária e criaram os talhos para conseguirem vender melhor a sua produção. E o negócio nunca mais parou nem lhes deu descanso, empregando hoje os pais de Telma Santos, a própria Telma e ainda o irmão. Todo este processo tem sido uma constante evolução para encontrar o sabor mais apurado possível e satisfazer os clientes que procuram os produtos. A própria carne tem sofrido alterações com cruzamentos para conseguir uma nova raça (Duroc), que neste momento já tem 75% de apuramento e com objetivos claros de chegar aos 100% em breve. Além disso, fabricam a própria ração para os animais, uma alimentação baseada em cereais e específica para estes. Todas estas alterações foram mudando a carne, que se tornou com mais raiados, mais macia e com mais sabor, o que também teve impacto direto nos vários produtos regionais, já que é a base de todos os eles. Mesmo o maranho, que utiliza carne de cabra e não de porco acabou por beneficiar dessa alteração já que leva toucinho de porco, que também sofreu alterações. Telma Santos conta-nos que foi uma “diferença gigante no sabor do produto para melhor”. Também nas farinheiras se notou o aumento de qualidade. O próprio corte da carne tem sofrido alterações e melhoramentos, existindo agora cortes diferenciados conforme o uso que a carne vai ter, para além dos tradicionais que se mantiveram.

A própria unidade fabril destaca-se de forma positiva a vários níveis. Começou a utilizar energias renováveis, o estrume é utilizado para prados e as etiquetas começaram a ser realizadas em papel. “Não fazemos mais que o nosso dever”, afirma Telma Santos durante a visita. O grande desafio agora passa por encontrar uma solução alternativa às embalagens a vácuo em plástico. O local é também altamente limpo e higiénico, procurando desconstruir-se a ideia errada que existe sobre este tipo de fábricas, estando tudo certificado e visível para quem visita o espaço.

O produto que mais vende diretamente ao público no dia-a-dia continua a ser carne em geral, mas o que tem mais saída para supermercados e outras unidades de revenda é o maranho, o primeiro produto regional a ser desenvolvido aquando do direcionamento da marca neste novo rumo. O maranho é, portanto, o maior ex-libris da DOM Casel e a sua imagem de marca. Um produto muito manual e que leva imenso tempo a tratar e aprimorar, estando grande parte da mão de obra da fábrica focada apenas neste produto. Mas este crescimento constante foi uma batalha e houve que saber ouvir nãos primeiro para crescer e atingir voos mais altos. “Logo depois de começarmos levei um não do El Corte Inglês para lá vendermos o produto e, no ano seguinte, tínhamos lá o produto à venda. Porquê? Porque o produto estava ainda a ser melhorado e precisava desse tempo para melhorar e se tornar mais perto do que aquilo que é hoje”, conta-nos Telma Santos. Um dos grandes objetivos passa por continuar a manter os métodos artesanais ao longo de todo o processo, assim como continuar a atestar a qualidade máxima da matéria-prima que se vai usar, existindo aqui uma seleção rigorosa para garantir que nada falha.

A DOM Casel continua, no entanto, a melhorar e a procurar mais soluções para responder a um mercado cada vez mais exigente. Existem apenas duas empresas a comercializar maranho para fora assim desta forma, mas existe muito por onde crescer. A diversificação da oferta nos enchidos tem sido uma das grandes diretrizes do negócio, que fruto dos tempos até já criou uma versão vegan do maranho, garantindo que todos os clientes conseguem encontrar aquilo que procuram na DOM Casel, mesmo aqueles que não se alimentam de produtos de origem animal. Uma grande mudança num mercado tido como muito conservador e estrutural, que a empresa da Sertã tem liderado, nomeadamente através da criação de uma linha de prontos-a-comer, com o apoio do chef Flávio Silva, e de onde surgiram diversas opções como a lasanha, o leitão assado ou a dita francesinha, onde se utiliza apenas a carne produzida pela empresa, dando um sabor único e especial a todo e qualquer produto. O processo de internacionalização está agora a dar os primeiros passos e há muito potencial, principalmente depois de o maranho da Sertã ter ganho a sua Indicação Geográfica Protegida, fruto de um intenso trabalho de divulgação e promoção deste produto regional tão especial.

Outro dos grandes focos da DOM Casel tem sido a sua loja online, que vem em crescendo constante, mas que continua a ter muitos anticorpos que a empresa pretende desmistificar. O produto vai bem embalado e é transportado e entregue em transportes preparados especificamente para este efeito, garantindo a máxima qualidade e rapidez até chegar a casa do cliente em condições imaculadas. É atualmente cada vez mais fácil de comer os produtos da DOM Casel em qualquer ponto do país, mediante uma simples e prática encomenda. O talho central da avenida no coração da cidade da Sertã é ainda o que recebe mais clientes de fora ou que estão em viagem, e daí ser mais focado na existência de vários produtos regionais, tanto da própria marca, como de outras marcas parceiras. Muito deste movimento deve-se à Nacional 2 passar ali naquela zona, já que esta atrai, através da sua rota, diversos clientes e muito movimento. Existe ainda um comprometimento por parte da DOM Casel com esse projeto, oferecendo vouchers de desconto na loja online a quem for carimbar a sua passagem pela N2 ao estabelecimento.

O reconhecimento de todos os produtos da marca tem sido constante e basta entrar nas salas de produção e cheirar todos aqueles aromas e a sua junção para entender que esse reconhecimento tem uma razão de ser bastante forte. Produtos tradicionais, que mantêm a produção artesanal e dizem os entendidos que muito do segredo está mesmo no tempero, papel principal neste tipo de iguarias. O maranho e a alheira receberam Medalha de Ouro, o bucho recebeu a Medalha de Prata e a própria carne foi considerada como «Great Taste» de 3 estrelas.

Um mundo de opções a explorar e a provar com a DOM Casel e agora à distância de um mero clique para receber os produtos em sua casa. Uma nova forma de ver os enchidos tradicionais, com uma enorme gama que pede, pelo menos, que leve um de cada, para depois escolher qual mais gosta. Provavelmente gostará de igual forma de todos.

- 27 ago, 2021