Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Trilhos verdes, um encanto da natureza serrana Voltar

Manteigas oferece um amplo espaço natural e de paisagens únicas onde se inserem os conhecidos trilhos. Ao percorrer estes caminhos, é possível ficar a conhecer os percursos dos pastores e das populações serranas, com propostas ímpares e enriquecedoras.

 

Rota do Poço do Inferno

Extensão: 2,5 quilómetros

Duração: 1,5 horas (aproximadamente)

Tipo: Circular

BTT: Não

Dificuldade: Média

Início do Percurso:

7º 31’03,88’’ W

40º 22’ 24, 81’’N

 

Ao percorrer a Rota do Poço do Inferno é possível verificar uma paisagem natural e humanizada, marcada pelo diferente tipo de vegetação, com florestas de folhosas e resinosas e que despertam diferentes emoções ao longo do trilho.

Devido aos cumes xistosos, mais altos, formados pelas rochas corneanas (fenómeno que ocorre quando o magma quente e plástico ascende atravessando as rochas pré-existentes), predominam paisagens íngremes, onde nascem linhas de água como a cascata do Poço do Inferno, que tem cerca de dez metros. É um monumento geológico de extrema beleza e um dos pontos de maior interesse desta rota, sendo um dos ex-líbris do concelho de Manteigas e da Serra da Estrela.

Quanto à paisagem, podemos contemplar a vista sobre o Vale do Rio Zêzere e o Vale da Ribeira de Leandres. Na paisagem humanizada predominam os socalcos e algumas “cortes” – edificações de apoio à atividade agrícola.

Das variadíssimas espécies possíveis de encontrar salientar o narciso, vidoeiro, azinheira e a tramazeira, de grande valor ecológico. O teixo, também presente, é extremamente raro e só se encontra em Manteigas e na Peneda-Gêres. Para além destes exemplares, predomina também o plátano-bastardo, a faia, o pinheiro do Oregon e o abeto.

A diversidade existente na rota do Poço do Inferno deriva das áreas florestais e das linhas de água existentes nesta zona. São caraterísticos, o coelho-bravo, a raposa, lagartixa do mato e a salamandra-lusitânia. Quantos às aves, são bastante presentes neste espaço o guarda-rios e o peneireiro.

 

Rota do Glaciar

Extensão: 17,2 quilómetros

Duração: 6 horas (aproximadamente)

Tipo: Linear

BTT: Sim (com limitações)

Dificuldade: Média

Início do Percurso:

            Vila: 7º 32’ 22,79’’W

            40º 24’00,70’’N

            Torre: 7º 36’ 44,99’’W

            40º 19’20,04’’N

 

Finalista das «7 Maravilhas Naturais de Portugal», o Vale Glaciar do Zêzere faz-se percorrer pelo seu interior ao longo da Rota Glaciar, num caminho singular de beleza. O percurso acompanha o Rio Zêzere, entre as cores do azul do céu e o verde do Vale.

Ao longo da Rota do Glaciar é possível contemplar o Vale Glaciar do Zêzere, um dos exemplos da modelação da paisagem pelos glaciares. A sua forma em “U” deve-se aos gelos que formaram uma cúpula no cimo da montanha.

Do ponto de vista paisagístico, o trilho encerra um conjunto de valores naturais e culturais de interesse e, no fundo do Vale Glaciar do Zêzere é possível observar os pastos verdejantes, os rebanhos de ovelhas e as casas típicas da serra.

A Torre, localizada no Planalto Superior da Serra Estrela com estatuto de Reserva Biogenética pelo Conselho da Europa, em março de 1993, é um local de notoriedade, sendo o ponto mais alto de Portugal Continental (1993 metros) onde D. João VI (1816 – 1826) mandou erigir a torre, toda em pedra, para completar os 2000 metros de altitude e onde se praticam desportos de inverno, atraindo visitantes oriundos dos mais diversos pontos do país. Neste ambiente, cresce uma vegetação arbustiva baixa e rala de onde sobressaem elementos rochosos, surgindo nas depressões diversos lagos, lagoachos, turfeiras e prados de montanha.

O Covão d’Ametade, depressão de origem glaciar, foi arborizada com vidoeiros ao longo das margens do Rio Zêzere, e as duas linhas de água subsidiárias, para criar condições de abrigo aos rebanhos de ovelhas. É o encontro com um pequeno paraíso terrestre, onde a microfauna e microflora da serra revelam a sua biodiversidade.

A Rota do Glaciar é muito rica em elementos emblemáticos de paisagem natural, designadamente, Covão do Ferro, Cântaro Magro, Cântaro Gordo, Espinhaço do Cão (Moreia), Poio do Judeu, Pedra do Equilíbrio, Covão Cimeiro, Barroca dos Teixos.

Merece especial destaque a Senhora da Boa Estrela, no Covão do Boi, a qual se trata de uma obra de arte de cariz religioso, uma escultura dos anos 40, incrustada numa rocha dos contrafortes do Cântaro Raso. Deste local é possível observar os Cântaros Gordo, Magro e Rosa, afloramentos graníticos que atingem, respetivamente, 1875, 1928 e 1916 metros de altitude.

Na paisagem humanizada destacam-se nesta rota o Abrigo dos pastores e o Fontanário, na Nave de Santo António, a Fonte da Jonja, próxima do Covão d’Ametade, o Bairro fabril, junto da antiga fábrica de lanifícios e a Igreja de São Pedro, já na vila de Manteigas.

A Estância Termal das Caldas de Manteigas é outro elemento de referência pelas suas águas, indicadas para o tratamento de várias doenças como o reumatismo, dermatoses, vias respiratórias e doenças musco-esqueléticas.

- 25 ago, 2021