Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

WOOL: a arte urbana que dá cor ao centro histórico da Covilhã Voltar

As ruas do centro histórico da Covilhã são marcadas pelas cores e formas dos murais que compõem o roteiro turístico do Wool, o primeiro festival português de arte urbana. O projeto, que nasceu em 2011, é responsável por apresentar, todos os anos, novos trabalhos artísticos aos covilhanenses.

O espaço «A Tentadora» é o local marcado para iniciar a visita guiada por Lara Seixo Rodrigues, uma das fundadoras do festival Wool. No entanto, graças à ferramenta Talk2me Platform e à leitura de um QR Code, que “permite que cada visitante possa conversar diretamente e a qualquer momento com os vários murais”, é possível que cada pessoa visite o percurso de arte urbana, composto por 40 obras, ao seu ritmo e à sua maneira.

“Homenagear a Covilhã” foi um dos primeiros objetivos traçados pela organização desde o início do projeto, explica Lara Seixo Rodrigues. O termo inglês «wool», em português significa «lã», e, em simultâneo, faz o trocadilho com o termo «wall», «parede» em português. “Despertar o interesse da comunidade para a cultura e para a arte contemporânea” era outra meta do grupo, assim como “reabilitar áreas urbanas”, nomeadamente, no centro histórico da Covilhã. Outra preocupação era “envolver a comunidade em todas as intervenções”. A co-fundadora explica que este é um tópico importante para que “as pessoas compreendam o trabalho que é feito e se relacionem com ele”. Todos os objetivos iniciais mantêm-se bastante presentes dez anos depois.

Os grupos de visitas guiadas são compostos por pessoas de todas as idades. Desde os mais novos aos mais velhos, o roteiro do Wool pode ser uma atividade a ser feita em família ou entre grupos de amigos. “Os visitantes chegam de vários pontos do país, mas também do mundo”, garante a organização.

Lara Seixo Rodrigues revelou que, relativamente, aos artistas autores dos vários murais, “pedimos sempre que façam alguma coisa relacionada com a Covilhã e com o território. Não só pela questão de homenagear, mas também pela relação da comunidade, de forma que as pessoas as sintam e percebam”.

A relação entre a organização e os próprios artistas é de companheirismo. A co-fundadora explica que, à chegada à Covilhã, os artistas visitam os espaços mais emblemáticos da cidade e da Serra da Estrela, de forma a consumirem a sua cultura para ganharem inspiração para os seus trabalhos. “Promovemos família”, realça Lara Seixo Rodrigues, afirmando que “fazemos refeições juntos, queremos estar em convívio e conhecer-nos uns aos outros”.

Entre os próprios artistas, a relação também é de amizade e admiração. Depois de concluírem o seu trabalho e antes de dizerem adeus à cidade-neve, cada convidado visita os murais dos outros participantes do festival, com a promessa de se voltarem a encontrar em projetos futuros.

Apesar de Lara Seixo Rodrigues considerar que o festival Wool “já faz parte da identidade da Covilhã”, é importante continuar a apostar na cultura, “uma dimensão do ser humano que tem de ser cultivada e continua a fazer muita falta no interior do país”. A co-fundadora, que agora apresenta um roteiro turístico que antes não passava de um sonho distante, sublinha que “a arte tem a capacidade de transformação, não só de nós, como indivíduos, mas também do espaço público, a nível social, cultural e turístico”.

- 23 ago, 2021