Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Espetáculo “Pulsações” conta as histórias de vida de famílias monoparentais femininas Voltar

“Pulsações”, confronta o seu auditório “com histórias de vida reais”, refere Marisa Marques, membro da Beira Serra. Silvia Pinto Ferreira, da equipa da Quarta Parede, sublinha que “este é um espetáculo de teatro documental”, tendo por base as histórias partilhadas e contadas “por quem é mãe sozinha”. Desta forma, “o teatro traz o exercício de cada mulher se conseguir colocar no lugar da outra”, através da “apropriação e exploração” das várias narrações partilhadas. O que se pretende é “criar uma relação empática” com o público e “chegar a quem está desse lado”.

O projeto teatral teve origem em setembro de 2020. “Tínhamos a consciência de que a monoparentalidade trazia uma série de constrangimentos”, desde assuntos burocráticos a problemas associados a estereótipos sociais, afirma Marisa Marques. Foi a pensar nas várias dificuldades de mães solteiras que “apresentámos esta proposta à Iniciativa Partis para trabalhar com este grupo de mulheres a partir do teatro”.

As dez mulheres que “amplificam a sua voz no palco” foram selecionadas depois de várias sessões laboratoriais de apresentação e sensibilização, realizadas nos concelhos da Covilhã, do Fundão e de Belmonte.

A Quarta Parede participa “na componente artística do projeto que cruza com a social”, explica Silvia Pinto Ferreira. Foram desenvolvidos três laboratórios de pesquisa social e artística, onde era feita “uma aproximação às linguagens performativas, sobretudo do teatro e do movimento”, oferecendo uma “introdução a algumas técnicas de prática teatral”. Todas as atividades eram complementadas com a pesquisa de temas, como “questões de género, laborais, relacionadas com a vida familiar de pessoas que estão em situação de monoparentalidade e outros temas que as mulheres pretendiam aprofundar”.

O confinamento provocado pela pandemia apresentou várias dificuldades ao desenvolvimento criativo do projeto. Silvia Pinto Ferreira refere que foram arranjadas “novas metodologias para desenvolver o espetáculo”, passando por “encontros online de expressão dramatúrgica”. Toda a equipa aprendeu a trabalhar, tendo em conta “os vários constrangimentos que, a qualquer momento, a situação pandémica poderia trazer”.

São várias as mensagens que este projeto pretende transmitir ao público. “Queríamos que houvesse uma consciência e uma atitude coletiva, que não seja apenas uma reivindicação individual”, começa Marisa Marques. Silvia Pinto Ferreira acrescenta ainda que “é necessário que o público esteja disponível para receber as várias histórias partilhadas”. A mensagem universal que “Pulsações” pretender deixar é “refletir sobre o conceito de família e desmobilizar o preconceito e os obstáculos que cada um tem dentro de si para não compreender o outro”.

Depois de passar pela Covilhã, o espetáculo documental “Pulsações” sobe ao palco do auditório da Moagem, no Fundão, a 1 de agosto.

- 22 jul, 2021