Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Décima edição do WOOL com programação reforçada Voltar

O WOOL, o mais antigo festival de Arte Urbana de Portugal, regressa ao centro histórico da Covilhã. O evento realiza-se de 26 de junho a 4 de julho de 2021, com as celebrações da décima edição.

Este ano, o WOOL apresenta um programa que conta com mais de 40 iniciativas de diversas áreas, nomeadamente, a pintura de murais, residências artísticas, exposições, filme musicado, visitas guiadas, ações comunitárias, entre outras atividades.

As intervenções nos murais, segundo a organização do festival, são o “foco principal da programação”. São apresentados nesta área dois artistas nacionais e dois internacionais: Coletivo Licuado (Uruguai); Marta Lapeña (Espanha) e Daniel Eime e TheCaver, ambos portugueses.

A organização destaca a intervenção do Colectivo Licuado, que celebra os 140 anos da Primeira Expedição Científica à Serra da Estrela e o trabalho do Daniel Eime, que trabalhará sobre a temática do papel da mulher na secular indústria dos lanifícios covilhanenses.

As residências artísticas já se encontram em desenvolvimento e estão a cargo de Raquel Bello, fotógrafa e artista visual, e Nuno Sarmento, que tem como paixão o desenho. O resultado do trabalho desenvolvido por Raquel Belli, tem por base uma recolha pessoal e fotografias cedidas pela comunidade, sendo exposto durante o WOOL 2021 em várias montras de espaços de comércio local da Covilhã, reforçando o circuito de visitação pelas cerca de 40 peças que compõem o atual roteiro.

Depois de ter participado na edição de 2020 do WOOL, o artista catalão Jofre Oliveras regressa novamente à Covilhã na companhia da fotógrafa Lucía Herrrero, para darem continuidade ao trabalho iniciado no ano anterior e em conjunto apresentam a exposição CRISIS, que conta com o apoio da Guarda 2027, região candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027. CRISIS pretende assim ser uma reflexão sobre as crises ambientais, sociais e económicas.

AHENEAH, artista portuguesa estará presente nesta edição na orientação da ação comunitária «JUNTOS PONTO POR PONTO».

Em termos de destaques musicais, a programação inclui um Filme Musicado, onde é sonorizado o filme centenário «Covilhã Industial, Pitoresca e seus arredores» (Artur Costa de Macedo, 1921), tocada ao vivo pela banda First Breath After Coma e o desenvolvimento de um roteiro sonoro, sob a orientação de Daniel Tavares Nicolau ou Defski (nome artístico), que objetiva captar a aura que emana de cada obra e transmitir o âmago do WOOL.

Defski convidou vários músicos nacionais e internacionais para a criação destas 10 paisagens sonoras, entre as quais a organização destaca Sylvester Onyejiaka (elemento da banda New Power Generation de Prince entre 2012 e 2014), Matt DeMerritt (flautista que tem trabalhado ao longo dos anos com os De La Soul), Sam Merrick (baterista de Charles Bradley e Sharon Jones) e o transmontano Hugo Correia.

Na apresentação do festival, o presidente da Câmara Municipal, Vítor Pereira, refere que o WOOL, “faz com que a Covilhã e a região se projetem ainda mais em termos turísticos”. Vítor Pereira revela ainda que a Câmara Municipal da Covilhã contribuiu financeiramente com 50 mil euros.

Uma das fundadoras do festival de arte urbana, Lara Seixo Rodrigues, declara que o orçamento global desta edição é de 83 mil euros, “suportada pelo município da Covilhã e por outras parcerias, apoios e financiamentos paralelos”.

 

 

 

Dez anos de arte urbana na Covilhã

 

Foi em 2011 que Lara Seixo Rodrigues, Pedro Seixo Rodrigues e Elisabet Carceller, fundaram o WOOL.

Para Lara Seixo Rodrigues este festival é nada mais que “uma paixão partilhada tanto pela street art como a história da Covilhã, intimamente ligada aos lanifícios”.

Após 10 anos da criação, celebrados este ano, a organização refere “as inúmeras ações paralelas ao mesmo, em novas geografias e formatos, dirigidos a distintas faixas etárias, confirmando o valor da arte urbana enquanto instrumento de construção, reabilitação e valorização dos valores fundamentais da cidadania.

Dos projetos realizados ao longo dos anos, Lara Seixo Rodrigues na apresentação da edição de 2021 destaca, para além do WOOL, o «Lata 65 | workshop de Arte Urbana para idosos», «Tour Paris 13», «Djerbahood» e «WOOL on tour».

Em dez anos realizaram-se sete edições na Covilhã, 43 iniciativas em território nacional e internacional, 122 intervenções artísticas (murais e instalações), com a participação de 46 artistas portugueses e 23 artistas estrangeiros.

 

 

Aplicação dá a conhecer as histórias por detrás dos murais

Tem o nome de «Talk2ME» e, através do QR CODE, é possível descobrir as histórias por detrás de cada mural que compõe o roteiro do WOOL.

Esta parceria entre o WOOL e o NEST- Centro de Inovação do Turismo é sedimentada no ano em que o festival de arte urbana da Covilhã celebra os seus 10 anos, com o objetivo de “permitir uma interação bidimensional de qualquer utilizador, tanto da comunidade local como de turistas”, explica Marta Salvador, representante do NEST na apresentação desta edição.

“A aplicação vai permitir uma experiência turística às novas tendências digitais, que vai enriquecer e capitalizar os conteúdos que preenchem a cidade e dar voz a estes murais, fazendo com que qualquer pessoa visite a cidade possa saber como foram feitos, quem foi o autor e o que esteve na origem das obras”, conclui Marta Salvador.

- 22 jun, 2021
- Helena Esteves