Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Como evoluiu o desemprego na Beira Interior? Voltar

Apesar da pandemia e das crises por ela provocadas a taxa de desemprego portuguesa está praticamente estabilizada. Mas o que está a acontecer neste início do ano no chamado Portugal profundo do interior, na Beira Interior e nos seus concelhos? Que características tem o desemprego da Beira Interior? Este texto procura responder a estas e outras questões cm base nos últimos dados do mercado de trabalho publicadas pelo INE e IEFP.

A taxa de desemprego em Portugal foi de 6,9% em janeiro de 2021, o mesmo valor que no mês precedente, e mais 0,1% do que no período homólogo, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que estima uma nova manutenção da taxa de desemprego nos 6,9% em fevereiro. De acordo com este instituto, em janeiro de 2021, a população desempregada situou-se em 345,2 mil pessoas, tendo diminuído 0,4% (1,4 mil) em relação a dezembro de 2020 e 0,7% (2,6 mil) em relação a janeiro de 2020. Já a população empregada situou-se em 4 668,3 mil pessoas, tendo diminuído em relação ao mês anterior, a três meses antes e a um ano antes: 0,6% (27,0 mil), 0,4% (18,3 mil) e 2,2% (106,4 mil), respetivamente. As estimativas do INE para fevereiro de 2021 apontam para um aumento de 0,2% da população desempregada face a janeiro e para uma diminuição de 1,7% face ao mesmo mês do ano passado. Relativamente à população desempregada, terá diminuído 0,3% em relação a janeiro e aumentado 3,8% em termos homólogos.

A taxa subutilização de trabalho – um indicador que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego – situou-se em 13,8% em janeiro, mais 0,1% que no mês anterior e mais 1,2% que um ano antes. As previsões do INE apontam para que, em fevereiro, a taxa subutilização de trabalho se situe em 13,9%.

 

Desemprego no Continente e na Região Centro:

O desemprego no Continente era em fevereiro de 404456 pessoas e de 51498 na R. Centro (RC). Por sexos são as mulheres desempregadas que estão em maioria, 226535 contra 177921 dos homens no Continente. Na RC são 28717 as mulheres desempregadas contra 22781 Homens. Quanto ao tempo de desemprego a maioria está nessa situação há menos de 1 ano, 251449, mas 153007 está há mais de um ano no Continente. Por sua vez na R Centro 30530 estão-no há menos de 1 ano e 20968 há mais de 1 ano. A grande maioria está à procura de novo emprego e não do 1º emprego (372754 vs 31702 no Continente).

 

Na Região Centro são 46113 contra 5385, respetivamente.

Todos estes dados se referem ao país no seu todo e à R. Centro. Mas como se comportaram estas variáveis ao nível da Beira Interior e dos seus concelhos? Qua características tem o desemprego nesta sub-região do interior? Quantas pessoas têm conseguido colocação recentemente?

 

Desemprego na região da Beira Interior e seus concelhos:

Dos 9461 desempregados da BI – Beira Interior são as mulheres que estão em maioria, 5014 (contra 4447 dos homens). A maioria dos desempregados são-no há menos de 1 ano, 5245 (4216 > 1 ano) e há 8240, que procuram novo emprego (e 1221 procuram o 1º emprego). Por idades 40% (5794) têm entre 35-54 anos, 27% (3989) têm 55 ou mais anos, 21% (2993) têm entre 25-34 anos e os restantes 12% (1750) têm são jovens com menos de 25 anos. Dos desempregados da BI 28% (2588) têm como habilitação o ensino secundário, 21% (1931) o 3º ciclo do EB (CEB), 16% (1532) têm o 1º CEB, 13% (1264) têm o 2º CEB, 13% (1261) têm ensino superior, e os restantes 8% (495) têm menos que o 1º ciclo EB.

 

Inscrições no desemprego e colocações no mês de fevereiro na Beira Interior:

No mês de fevereiro inscreveram-se nos centros do IEFP da Beira Interior 1038 novos desempregados dos quais 51% (534) são mulheres e 49% (504) são homens. Sobre os motivos invocados pelos desempregados que se inscreveram em fevereiro 41% (415) alegam fim de trabalho não permanente (trabalho precário), 13% (132) são ex-inativos, 11% (112) foram despedidos, 8% (81) foram eles que se despediram, 5% (46) despediram-se por mútuo acordo, 2% (19) eram trabalhadores por conta própria e os restantes 20% (204) alegaram motivos diversos diferentes dos atrás referidos. Contudo, para satisfazer esta e outra procura de emprego houve apenas 301 novas colocações 52% (158) das quais mulheres e as restantes 48% (143) homens.

 

Situação ao nível concelhio (BI):

Nos concelhos da BI (distritos da Guarda e Castelo Branco) no fim de fevereiro de 2021 o concelho com mais desempregados é o da Covilhã 1953, seguido do de Castelo Branco 1581 e do da Guarda 1263. Além destes temos no Fundão 920 desempregados, em Seia 699, em Gouveia 429, em Belmonte 338, I.-A-Nova 336, Sabugal 257, Cel. da Beira 223, FC Rodrigo 198, Trancoso 181, Almeida 156, A. da Beira 143, Penamacor 145, Pinhel 143, F Algodres 135, Manteigas 107, Meda 94, Oleiros, 90 e Vila Velha Ródão 70

Em suma, podemos dizer para terminar que, se no país a situação do emprego e desemprego foi relativamente estável nos dois primeiros meses do ano, no interior a situação também terá contribuído para isso pois que os valores reportados estão longe, e para melhor, dos que já houve na região em crises anteriores como a das dívidas soberanas ou a dos anos da troika. Esperemos que com o aproximar do fim dos apoios como os lay-offs e as moratórias, por exemplo, a situação não venha a descambar.

- 11 mai, 2021
- José Pires Manso