Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

À Medida da Moda II Voltar

No artigo deste mês vou fazer algo inédito. Vou pela primeira vez fazer uma parte dois de um artigo já feito. Neste caso, o artigo em continuação, é o artigo lançado no mês passado À Medida da Moda. Como a “medida” na moda é algo com pano para mangas para se falar, achei que continuar este tema era algo inevitável e também necessário. Em forma de breve resumo, no passado artigo abordei a normalização dos diferentes tipos de corpos, o body shaming e body positivity e ainda dei exemplos de testemunhos de celebridades a perpetuar este ideal, como foi o caso da Sara Sampaio e de Rihanna. Contudo, ler ou reler não faz jus a este resumo, garantidamente. Neste artigo pretendo falar de algo mais técnico e prático que é a procura/resposta de tamanhos e a sua ligação aos tamanhos standard.

Começando pelo início e acabando por recapitular um pouco, o tamanho standard é o tamanho idealizado para um corpo “normal”, diria eu, à medida. Essa medida corresponde a cerca de um 34-36 numa mulher e a um 44-46 num homem, obviamente ignorando a componente de género. A ironia do standard surge quando os mesmos tamanhos variam de marcas para marcas, por exemplo um 36 numa Zara pode não corresponder a um 36 na Bershka, independentemente de ambas pertencerem ao grupo Inditex. Por isso pergunto-me se essa própria abrangência de medida dentro do mesmo tamanho que varia devido às diferentes linhas de produção, o que é normal, não deveria já existir no que toca à abrangência de tamanhos sejam eles plus size ou de um tamanho menor sem serem consideradas roupas de criança. A sociedade atual está cada vez mais orientada e ciente da necessidade desta abrangência e ainda bem que está. Contudo, os diferentes tipos de corpos sempre existiram, e o dito standard já nos foi introduzido à um bom par de anos, não sendo de todo uma novidade pois é algo já bem interiorizado, pois surgiu com a revolução industrial. Posteriormente influenciou a que a fast fashion surgisse e se torna-se algo comum.

Para terminar, acabo com algo que me despertou recentemente que é o renascer de uma arte que é a alfaiataria. Esta arte é o exato oposto tanto ao standard como a fast fashion e revela que a sociedade está a voltar a querer o seu tamanho à medida. Não importa se a alfaiataria é centrada em roupa clássica, mas sim o que importa é a necessidade de individualidade e de resposta a se ter roupa à medida. Este pode ser um mote para outro artigo, quem sabe se não o próximo. A moda é vasta e tem medida para todos.

- 02 abr, 2021
- Tiago Matos