Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XII
Nº: 626

"Fico em casa" com Luís Veiga Voltar

A NOSSA PANDEMIA

 

A 2 de Março ficamos a saber que o primeiro caso da COVID-19 tinha sido detectado em Portugal.

Muito antes disso, em 2018, ficamos a saber que a Beira Interior tinha apenas 293 mil habitantes quando 5 anos antes, em 2013, os Censos apontavam para os 325 mil habitantes!

Perante a pandemia o governo tratou de mobilizar todos os recursos, alguns com o apoio directo da UE, a par de medidas de confinamento obrigatório, com os necessários riscos associados a instabilidade económica e social.

Perante o êxodo da população da Beira Interior que não deixa de se acentuar - afinal a nossa pandemia - o governo limita-se a aceitar a inexorabilidade de tal facto. "São as estatísticas, é a tendência mundial neste tipo de territórios...", reclamam políticos e especialistas em demografia, ambos iluminados!

Dirão alguns que as pandemias são diferentes: a primeira, a do coronavírus, é algo não só não previsível, como fragiliza o sentimento individual e colectivo provocando medo, mesmo pavor.

E a pandemia do despovoamento contínuo, do esvaziamento de um vasto território, da perda de escala para os pequenos negócios? É e era previsível, é mesmo quantificada e quantificável e não provocará cepticismo e pessimismo que se associam à perda de capacidade de esperança? E que no limite provoca também receios e senão pavor?

Ficar em casa sim mas, no retomar da normalidade teremos que mostrar a nossa indignação perante a insuficiência de medidas e, porque não dizê-lo mais uma vez: a falta de mobilização e de liderança na Beira Interior deve e tem que ser ultrapassada, subscrevendo um criterioso Caderno de encargos a apresentar ao governo e capaz de mobilizar o que resta ainda da população em torno de um objectivo comum: colocar a Beira Interior como um dos territórios mais competitivos e inovadores na Europa das regiões!

Haverá um momento afinal, em que todos teremos mesmo que sair para a rua!

 

PS.: Tem sido notória a incapacidade do governo para, nesta fase, atenuar os impactos da crise sanitária na débil economia da n/ região. Mais uma vez, o país foi encarado como um todo sem sequer se ter previsto até agora um apoio adicional para as empresas e residentes no Interior. O silêncio da Ministra da Coesão tem sido, na verdade, um facto iniludível mas preocupante. Alguém na verdade se interessa como vai sair a Beira Interior desta crise? Como sempre, uma questão de liderança…

- 02 mai, 2020
- Luís Veiga