Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XII
Nº: 626

Comércios da Beira: “E fomos todos parar à Tasca do senhor Zé da Estação” Voltar

A Tasca da Estação é muito mais que uma tasca. Define a história do Fundão há mais de 50 anos (desde 1962) e tornou-se um ponto mítico da cidade fundanense, de passagem obrigatória para todos os que cá passam. É curioso que quando a cidade recebe alguém novo e a pessoa pergunta o que deve conhecer ou provar no Fundão, há um local que é sempre apontado: a famosa Tasca da Estação. Junto à estação de comboios da cidade, que lhe dá nome, este espaço especializado em petiscos é conhecido principalmente pelas inigualáveis sandes de bacalhau, pelas sopas e pela bifana. Além disso, é preciso dar nota que neste espaço aposta-se desde sempre na gastronomia da zona e que acaba por ser uma porta do Fundão para o mundo, nos sabores e na forma bem-disposta e aberta de saber receber e servir quem vem. E claro que não poderia faltar o vinho da Adega Cooperativa do Fundão, mas a esse, já lá vamos.

A tasca criada em 1962 pertence à família Figueira Teodósio desde 1974. O senhor Zé, como era conhecido, emigrado em França, decidiu voltar ao Fundão e comprou este espaço pelo potencial que viu nele. E que bem que fez o senhor Zé, pois criou um espaço mítico na cidade que se mantém até aos dias de hoje. Durante 28 anos, o senhor Zé geriu um espaço que recebia pessoas constantemente, ao ritmo das chegadas e das idas do comboio à cidade do Fundão. Muitas vezes, a sala de espera do comboio era mesmo a tasca e não propriamente a dita da estação. E é daqui que surge aquela que é definitivamente a música mais ouvida e tocada na cidade do Fundão até aos dias de hoje, a “Tasca da Estação”, de Jerónimo & Cro-Magnon. Esta banda fundanense, de música tradicional e regional que perdurou no tempo e que é presença assídua em todas as festas e celebrações que se fazem no concelho e na região há décadas, criou a música em homenagem a este espaço, que de forma engraçada e bem disposta acaba por fazer um hino belíssimo a esta tasca, explicando de uma forma única e real a essência do espaço e a sua importância na história da cidade, já que sempre a acompanhou.

Desde 2002, o filho do famoso senhor Zé, Victor Figueira, deu continuidade a este sonho e projeto do pai e ainda hoje este espaço mantém a identidade que o originou e o sucesso em que se tornou. Hoje mais moderno, com concertos e uma comunicação renovada (tem até um website, algo que o senhor Zé em 1974 nunca poderia imaginar), nunca perdeu aquilo que o define: a magia de ser mais que um espaço, de fazer parte do que o Fundão representa enquanto cidade e enquanto população. Haja quem dê um bem-haja a quem mantém estes sonhos com décadas vivos ainda hoje. “Venha uma garrafinha da Adega Cooperativa do Fundão”, a próxima é por conta do Jerónimo!

 

 

- 01 set, 2020
- Fernando Gil Teixeira