Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

“Fora do Lugar” de regresso a Idanha-a-Nova Voltar

Arrancou em grande a 11ª edição do Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas, em Idanha-a-Nova, com várias atividades e os dois primeiros concertos nos dias 18 e 19 de novembro.

O concerto de abertura do Fora do Lugar 2022 decorreu na Catedral de Idanha-a-Velha, com Martin Sued (Argentina) e o seu bandoneón e Gabriel Selvage (Brasil) no violão de sete cordas. Foi um encontro entre as tradições da música Argentina e do sul do Brasil, partindo dos pontos em comum entre os dois músicos e compositores.

«Esta é uma forma fantástica de iniciarmos o Fora do Lugar 2022, uma vez mais na aldeia histórica de Idanha-a-Velha. É um festival premiado e muito elogiado que representa um ativo muito importante para a nossa estratégia na área da cultura», afirmou o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova na abertura do evento.

Armindo Jacinto realçou que o Fora do Lugar, que entra na sua segunda década, «foi um evento determinante na candidatura de Idanha à Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na área da Música». Na altura, em 2015, Idanha tornou-se a primeira comunidade rural do mundo a entrar nesta rede. O “Fora do Lugar”, «que leva a música aos lugares mais inusitados, é um excelente representante desta forma de entendermos a cultura», observou o autarca.

Durante o “Fora do Lugar”, a ruralidade abre-se ao mundo com propostas musicais oriundas das mais diversas geografias. Este ano os músicos e projetos chegam da Argentina, Brasil, Suíça, Espanha, França e Portugal.

Com a direção artística de Filipe Faria, produzido pela Arte das Musas em parceria com a Câmara de Idanha-a-Nova e financiado pela Direcção-Geral das Artes, o Fora do Lugar apresenta 26 propostas em 9 dias de programação, de 17 de novembro a 3 de dezembro de 2022.

Para Filipe Faria, «o Fora do Lugar é um pouco mais do que um festival. É uma experiência única de lugar, naquele que é para mim o lugar mais bonito do mundo: Idanha-a-Nova, um território muito vasto em área e muito rico e diversificado em património natural, cultural e edificado».

«É um Festival que traz o mundo até Idanha-a-Nova e demonstra que nos territórios da ruralidade pode morar a criatividade, a cultura e a inovação, com uma qualidade ao nível do que se faz nas grandes cidades de todo o mundo», refere o diretor artístico do Fora do Lugar.

O primeiro fim de semana do “Fora do Lugar” provou isso mesmo. Após o concerto de Martin Sued e Gabriel Selvage na sexta-feira, o grupo espanhol Sephardica apresentou-se no sábado em Monsanto. Encantou com a sua música de tradição sefardita, interpretada com instrumentos históricos, como adufes, rabéis, alaúdes e um saltério.

O próximo concerto é dia 25 de novembro, no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova. Ouviremos o ensemble Myrtho (França/Suíça), de Laetitia Marcangeli, com um programa “ao gosto de Eros”, uma viagem amorosa por temas gregos, córsicos, franceses e sefarditas.

No dia 26 de novembro, na Ermida da Senhora da Azenha, a Armonía Concertada da icónica soprano argentina María Cristina Kiehr, acompanhada pelo alaudista Ariel Abramovich, traz-nos um livro de música de vihuela imaginário.

No dia 2 de dezembro, na Igreja Matriz de Penha Garcia, o ensemble espanhol La Guirlande, de Luis Martinez, interpreta um programa dedicado integralmente a J. Haydn (1732-1809) e ao período que o compositor vienense esteve ao serviço da corte da família Esterházy, uma das mais ricas e influentes famílias do império austro-húngaro.

Finalmente, no dia 3 de dezembro, na Catedral de Idanha-a-Velha, a gambista espanhola Pilar Almalé encerra o programa deste ano com o seu quarteto franco-espanhol e a sua “nova música antiga”.

Pelo caminho haverá ainda muitas atividades: conversas caminhadas, encontros entre os músicos que nos visitam e os que cá estão, exposições, natureza, cinema, gastronomia, programa educativo, entre outras.

- 21 nov, 2022