O Fábio Gomes foi um Amigo extraordinário e um profissional de mão cheia. Partiu cedo de mais, aos 32 anos, vítima de um acidente que nos choca. Nesta edição fazemos-lhe uma homenagem, como colega de curso e como jornalista do Jornal Fórum. Os colegas mais próximos escreveram-lhe algumas mensagens que aqui deixamos.
Vítor Aleixo, Amigo, colega de Curso e colega no Jornal Fórum
Querido Fábio, conhecemo-nos em 2008 no primeiro dia de aulas do Curso de Ciências da Comunicação na UBI. Desde aí os nossos caminhos foram sempre lado a lado até 2015. Foram sete anos de companheirismo, aventuras, viagem e há uma coisa que nunca me esquecerei: aceitaste vir trabalhar mais de dois anos para o Jornal Fórum na época de mais dificuldades, onde fazíamos noitadas a escrever, onde fizemos trabalhos brilhantes, onde «agitámos muitas águas». Ainda hoje me deparei, no arquivo do Jornal a ler os teus textos que fazias com brilhantismo. Tinhas o dom da humildade, da simplicidade e da amizade. Tinhas o dom raro da amizade verdadeira, e embora de poucas falas, há uma qualidade que te caraterizava: eras Amigo do teu Amigo, e estavas sempre pronto para ajudar.
Partiste prematuramente e isso custa tanto. Custa muito saber que não repetiremos mais os nossos jantares, nem as célebres idas aos jogos do Sporting da Covilhã. Custa tanto saber que deixaste para trás sonhos e viagens por concretizar. Custa tanto saber que não vai ser possível voltar a pedir-te para regressares a casa. Fica a esperança de um dia nos voltarmos a encontrar lá em cima, onde voltaremos a recordar os velhos tempos e a brindar a novos momentos. Sabes que acredito nisso.
Até um dia Companheiro!
Ricardo Tavares, Amigo, colega de Curso e colega do Jornal Fórum
Na segunda-feira fui surpreendido da pior maneira. Um telefonema de um amigo em comum que me dava conta da morte do Fábio Gomes, que se encontrava na Roménia por motivos profissionais. Ainda em choque, tentei saber mais pormenores e o pior verificou-se. O Fábio, numa das suas paixões “conhecer mundo” estava nos Montes Bucegui, na região da Transilvânia, onde foi atingido por um raio. Um acontecimento inusitado, “absurdo”, até, e que custa demasiado aceitar.
Com o Fábio partilhei, primeiro, dos três melhores anos da minha vida, que coincidiram com a passagem pela Universidade da Beira Interior, onde frequentamos o curso de Ciências da Comunicação e durante um ano partilhamos casa. O Fábio era uma ótima pessoa, daquelas que é difícil encontrar nos dias que correm, sempre disposto ajudar e com uma inteligência acima da média, que lhe permitiu ser um dos melhores alunos do curso. Fomos felizes nesse tempo, com toda a “rebeldia” que a vida académica proporcionou.
Posteriormente, reencontrámo-nos no projeto “Fórum Covilhã”. Aí conheci um «jornalista de mão-cheia», excelente profissional e uma das melhores pessoas com que trabalhei até hoje, e que sempre fez tudo para levar o jornal a bom-porto.
A notícia da tua partida, precoce demais, além do choque, revela a inutilidade de tentar perceber o sentido da vida. Nesta hora difícil, deixo uma palavra de conforto e de carinho para a família, em particular aos pais, que veem partir o único filho. Não é justo.
Fica a saudade, dolorosa, e as memórias, que garantem que jamais serás esquecido.
Um forte abraço, amigo Fábio. Descansa em paz!
Manuela Cerdeira, Colega de curso
Eu era a mais crescida do lindo grupo que encontrei na UBI, onde tu te incluías Fábio.
Eras um miúdo diferente dos outros, muito tranquilo, tinhas uns olhos lindos e cheios de esperança e ainda conseguiste alcançar alguns objetivos a que te propuseste, e ainda bem que conseguiste, pois ainda tinhas muito para dar e receber, mas a partida que todos temos assegurada, chegou mais cedo do que devia para ti, lamentavelmente.
Estejas onde estiveres, que estejas em Paz meu querido.
Helder Machado, Colega de curso
Conheci Fábio Gomes em setembro 2008, aquando da nossa entrada no Curso de Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior, de cedo se revelou uma pessoa de poucas falas, mas com uma alma bondosa e disposta a ajudar por quem era solicitado. Estou-me a lembra que a primeiro colega de curso a entrar na minha casa foi precisamente o Fábio, que logo que sentiu a minha dificuldade com as coisas da informática se prontificou imediatamente a ajudar-me.
Recordo-me também da primeira vez que entrei na casa dele ao cimo da rua José Ramalho “Calçada Alta”, num jantar de colegas de curso em que eu como o mais velho tive de lavar a loiça de duas semanas, e o chão que parecia ter supercola, na casa do “Pêssego, nome de praxe” de Fábio Gomes, estavam nesse jantar, Helder Machado, Dani “México”, Ricardo Tavares e Vítor Aleixo, lembro ainda a equipa que criámos “Tigres da Serra”, em que se faziam jogos com outros cursos, perdíamos sempre, mas depois de tudo bebiam-se um uns copos e tudo passava.
É com enorme tristeza que escrevo estas palavras, vendo partir um dos nossos, de uma pessoa singular no trato e simplicidade tremenda que emanava paixão pelo que fazia, de uma inteligência incomum.
Há noticias que na nossa vida eram dispensáveis “esta é uma delas”. Até sempre AMIGO FÁBIO.
Tatiana Silveira, Colega de curso
Fábio Gomes um ser humano de sorriso e ser tímido, mas de uma humildade, generosidade, simpatia e gentileza inigualável!
Conheci o Fábio quando entrámos para a UBI no curso de Ciências de Comunicação e durante os três anos que decorreram o curso estabelecemos uma grande amizade! No curso chegaram a dizer que poderíamos ser namorados, tal era a grande amizade que tínhamos. Tentei sempre que ele abrisse um pouco mais a sua mente e os seus horizontes! Recordo que uma vez lhe disse “se queres conquistar uma rapariga não podes ser tão agarrado ao dinheiro”. Foram horas a fazer trabalhos de grupo na biblioteca, foram as saídas há noite e foi também aquela bela viagem a Londres como recompensa de fim de curso! Foi uma viagem de poucos dias, mas de muitas risadas aventuras e peripécias!
O Fábio que para mim será eternamente o meu colega “pêssego”, nome que lhe deram em praxe, contribui em muito para que três anos de curso fossem mais fáceis! Ele esteve sempre lá com uma palavra amiga mesmo quando a minha vontade era desistir!
O curso acabou, depois disso eu sendo natural da Ilha do Pico nos Açores regressei a casa, voltei a estar com ele presencialmente em 2011/12, foi comigo passear e mostrar mais alguns lugares em volta da nossa bela Covilhã. Já na altura falava em mudar a sua vida em querer talvez sair dali. Apesar da distância física que nos separava de vez em quando íamos falando e ficando a par da vida um do outro, o facebook tem essa vantagem, ele parecia-me uma pessoa diferente, com mais vontade de viver e aproveitar a vida, era um viajante, talvez muitas vezes solitário, mas conheceu muitos cantos deste Mundo!
Sempre lhe fiz o convite, tens de vir aqui ao Pico conhecer o meu pequeno canto de paraíso junto ao mar, dizia sempre que estava na sua lista mas que vir a Portugal era quase sempre para visitar a família e que depois sobrava pouco tempo para aqui vir! Agora sei que essa visita nunca será feita, que esse abraço nunca mais será dado!
Resta-me saber que morreu fazendo algo de que gostava e que me parecia acima de tudo feliz.
Espero que onde quer que ele esteja saiba e sinta o carinho e amizade que eu e muitos outros colegas tínhamos por ele! Um grande beijinho e abraço de força aos seus pais, neste momento difícil!
Até um dia meu querido colega Fábio Gomes “pêssego”.
Sara Silva e Rui Mendes, Colegas de curso
A simplicidade é uma forma de ser bastante complexa. Mas o Fábio era assim mesmo. Partilhamos com o Fábio a licenciatura, quando em 2008 entramos na Universidade da Beira Interior. Muitas partilhas, muitas vivencias e experiências, mantendo sempre a sua permanente postura serena e humildemente discreta. Com simplicidade, tinha os pés assentes no chão mas sabia o queria. Nos últimos anos os destinos não voltaram a cruzar-se, o Fábio seguiu atrás de sonhos e objetivos para a Roménia. Antes de fecharmos um ciclo importante nas nossas vidas, a Licenciatura, partilhamos uma viagem a Londres, — viajar era um gosto comum, e que felizmente ele foi investindo e satisfazendo mais do que eu ao longo dos últimos anos. E com a simplicidade deste ser humano, nunca deixou de aproveitar a vida ao máximo, à sua maneira e de acordo com aquilo que tanto gostava de fazer.
Infelizmente, esta é uma homenagem póstuma e ficou por concretizar um reencontro, 10 anos após terminarmos a licenciatura que nos juntou. Mas a simplicidade que o caraterizava nunca o inibiu de explorar o mundo e de ter experiências incríveis. Para todos nós que o conhecíamos é uma notícia triste, mas ele deixou-nos a aproveitar a vida, a celebrar a vida! E é desta forma simples que devemos também seguir o seu exemplo e aproveitar para celebrar a vida!
Ricardo Cordeiro, Ex-Jornalista Jornal O Interior, onde foi colega do Fábio
Quando abri o facebook, vi uma foto tua numa publicação do Vítor Aleixo e a comecei a ler, arrepiei-me e temi o pior. Infelizmente, confirmou-se. Ainda há poucos dias aparecias tão sorridente em Veneza… Mais uma vez, a vida revela-se bem madrasta. Lembro-me de quando chegaste com cara de “poucos amigos” para estagiar n’O Interior mas rapidamente deu para perceber que essa era a tua “capa” e que, no fundo, eras um “gajo” bem porreiro, muito trabalhador, sempre pronto a ajudar e com um humor muito próprio. Como esquecer que numa das típicas noites da Guarda, bem frias, estava toda a gente “encasacada” na redação e tu de t-shirt na maior das descontrações. Quando te perguntam se não tinhas frio, a resposta deixou-nos a todos desarmados: “Um serrano nunca tem frio”… Ou quando te davam tarefas mais chatas, ou que pouco ou nada tinham a ver com jornalismo, o teu espírito era sempre o de que “é preciso fazer-se, faz-se”. Fica a pequena consolação de saber que partiste a fazer uma das coisas que mais gostavas: viajar. Confesso que sentia uma pequena inveja ao te ver em tanto sítio diferente e em tão pouco tempo. Por outro lado, ficava contente por ti porque merecias gozar essa tua paixão. Quando soube da terrível notícia foi inevitável lembrar-me imediatamente do Igor, que também trabalhou comigo n’O Interior, que era mais novo que eu, tal como tu, e que também partiu cedo demais. Entrando num campo muito sensível, quando o encontrares dá-lhe um abraço meu. Um forte abraço meu amigo. Descansa em paz.