FC Porto não foi só campeão!
Voltar
O F. C. Porto atingiu esta época o 30.º Campeonato Nacional, com uma exemplar prestação futebolística. Fiquei com a sensação que o contexto de Fair Play Financeiro da UEFA, despoletou a necessidade de dar oportunidade aos jogadores formados no Olival, em vez das desmesuradas contratações de jogadores de qualidade duvidosa e preços elevados, com que muitas vezes os clubes nos surpreendem.
Jogadores como Diogo Costa, João Mário, Vitinha ou Fábio Vieira não integraram o plantel apenas para o “inglês ver”. Sérgio Conceição apostou na formação, convicto que iriam aportar qualidade ao plantel e, consequentemente, acrescentar qualidade de jogo à sua equipa. Na minha opinião, estes jogadores foram determinantes em vários jogos do campeonato, na medida em que participaram, estiveram em muitos minutos, compareceram nos jogos decisivos, não acusaram a pressão dos grandes palcos, tiveram imenso sucesso, valorizaram-se e já justificaram os investimentos associados à sua formação. Afinal, não é para isto que serve a formação nos clubes?
Evidentemente, podia falar de outros jogadores que foram formados na academia portista, e que tiveram, de igual forma, oportunidade de jogar esta época pelo F. C. Porto, tal como Francisco Conceição, Bruno Costa ou até Sérgio Oliveira. No entanto, na minha opinião, os mencionados anteriormente foram os jogadores “made in F.C.P.” que mais preponderância revelaram.
Curiosamente, é o segundo ano consecutivo que o vencedor da primeira liga é a equipa com mais jogadores formados no próprio clube. A época passada o Sporting Clube de Portugal, que tem por hábito fazer uma aposta recorrente na formação, utilizou doze jogadores que tinham passado pelas suas equipas de formação, tendo estes participado num total de 34,27% de minutos de jogo. Na época que agora findou, o F. C. Porto utilizou dez jogadores formados no Olival, que participaram em 28,4% dos minutos de jogo.
Fico com a esperança que, cada vez mais, estes dados inspirem e encorajem os clubes a fazerem apostas estratégicas sérias na formação, pois existem evidências claras de que o investimento tem um retorno avultado. Por outro lado, fico curioso para saber se algum desses jogadores supracitados vai ser vendido brevemente e por que valores.
Para além do potencial financeiro na formação do próprio clube, o facto de o mesmo dar a oportunidade a jovens jogadores, plenamente identificados com a cultura do clube, traz para as equipas seniores um aumento de comportamentos assentes nos princípios e valores que lhes foram incutidos na formação.
Assim, e reforçando o título do presente artigo, refiro que a formação de jovens jogadores tem ganho títulos de elevada significância, como se pode constatar pela estatística das últimas duas épocas.
Apesar disso, é pena que muitos agentes desportivos prefiram olhar para fora de portas quando procuram reforçar os seus planteis, ao invés de valorizarem o potencial que está mais perto dos seus olhos, mesmo dentro das suas “casas”. Mas isso, são outras análises “empresariais”!