Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

“O nosso objetivo é dar mais qualidade de vida às pessoas” Voltar

Andreia Martins, gestora de responsabilidade social, em entrevista ao Jornal Fórum, falou do papel interventivo das Farmácias Holon, na comunidade local. São vários os projetos que a entidade promove, que abrangem todas as faixas etárias, e que visam “trazer mais qualidade de vida às pessoas”

Têm sido várias as iniciativas que as Farmácias Holon da Covilhã e do Fundão promovem junto da comunidade e que levam a farmácia para além do seu edifício. Qual é o feedback que têm recebido por parte da população e o que vos leva a promover estas iniciativas?

As Farmácias Holon são das primeiras a ter um assistente social. Neste caso, este agente tem a responsabilidade de trabalhar para a promoção da saúde e prevenção de riscos e fomentar a proximidade com a comunidade. As Farmácias eram vistas e, se calhar para algumas pessoas ainda são, como um mero ponto de venda de medicamentos, mas não são e não o podem ser. As farmácias têm um papel muito importante no âmbito da informação, esclarecimento, na promoção da saúde e prevenção de riscos. Somos uma farmácia de portas abertas, mas também uma farmácia que vai ao encontro das comunidades. Temos várias parcerias com a comunidade local e tentamos intervir em diferentes problemáticas, contribuindo da melhor forma para a resolução de problemas. A realização destas iniciativas surge da vontade de estarmos próximos com a comunidade. As empresas não podem estar desligadas do princípio de responsabilidade social. Temos também diferentes projetos assentes em princípios da sustentabilidade e da parte ambiental, que são importantes para nós enquanto empresa, mas também para a comunidade onde estamos inseridos.

São vários os projetos que têm promovido. Quais se destacam atualmente?

Destaco, por exemplo, a iniciativa «Holon em Movimento». Um projeto diferenciador, que foi idealizado à medida da Covid e com o intuito de combater o sedentarismo, com desporto e exercício físico. O projeto foi reformulado, sendo que na primeira edição tínhamos uma professora que estava responsável pela sua concretização e desenvolvia a atividade e, na segunda edição, procuramos uma instituição local, neste caso, de São Jorge da Beira e é a própria animadora que tem uma especialização em motricidade que desenvolve as sessões. Desta forma, estamos a promover a atividade física e a interligação com todos a partir das novas tecnologias, envolvendo diversas localidades e instituições locais. O valor que anteriormente dávamos à professora, estamos agora a direcioná-lo para esta instituição de São Jorge da Beira, de forma a sermos mais solidários para que as instituições também consigam ultrapassar as dificuldades geradas pela pandemia.

Recentemente apresentaram a iniciativa «Juntos pelo Ecossistema». Em que consiste?

Os nossos projetos nunca têm uma só missão, existem sempre vários objetivos. O principal desiderato visa mudar os comportamentos, com a reciclagem da embalagem dos medicamentos, porque efetivamente tem um impacto ambiental considerável. Sabemos que muitas pessoas fazem reciclagem e que colocam a caixa do medicamento no ecoponto de cartão, mas efetivamente, essa caixa não pode ir para esse ecoponto. A falta de informação e de esclarecimentos adicionais leva-nos a cometer um erro que tem um preço muito grande para o nosso ecossistema. Vamos incentivar e focar-nos numa divulgação de proximidade e aliámo-nos ao projeto do Valormed, entidade que gere este tipo de resíduos e que tem articulação com todas as farmácias. Qualquer farmácia pode fazer recolha dos resíduos de medicamentos, através do contentor da Valormed. Com este projeto envolvemos as pré-escolas que vão desenvolver uma ação de sensibilização, onde podem explicar que os medicamentos têm mais vida do que aquilo que imaginamos. Da maneira que eles entenderem vão sensibilizar a comunidade que os rodeia para a devida forma de fazer a reciclagem. Também sabemos que as pré-escolas, na generalidade, têm um orçamento muito reduzido e, muitas vezes, não têm a possibilidade de ter um kit de primeiros socorros. Como forma de recompensa às pré-escolas, que vão ser o motor desta campanha, vamos recompensá-las, equipando-as com «A Farmácia Holon da Minha Escola». Esta Farmácia surgiu a partir do «Hospital Faz de Conta». No ano em que esta iniciativa não se iria realizar por causa da Covid, desafiamos a organização para que o projeto fosse desenvolvido em formato online e de forma a incentivar as escolas a participar neste formato, premiamo-las com a oferta de uma «mini-farmácia». Já temos cinco escolas equipadas na Covilhã, através da iniciativa do «Hospital Faz de Conta» e do «Natal Mágico», que foi desenvolvido connosco. Queremos ir mais longe e percebemos que efetivamente é uma necessidade, reconhecida como uma mais-valia por parte dos professores, educadores e crianças. Neste projeto do «Juntos pelo Ecossistema» englobamos uma data de problemáticas e necessidades, porque acreditamos que juntos podemos proteger melhor o ecossistema. Este é um projeto que vai até 2024 e com o qual pretendemos recolher 5500 quilos de resíduos dos medicamentos. Temos capacidade financeira para equipar com farmácias as 22 pré-escolas dos concelhos do Fundão e da Covilhã. Depois pretendemos capacitar os professores e auxiliares com um curso de primeiros socorros, por forma a darem resposta a situações que possam ocorrer.

Dirigido aos idosos institucionalizados desenvolveram o projeto «Saúde em Sol Maior» que foi um sucesso. É uma iniciativa para manter?

Essa é uma iniciativa que pretende através da música proporcionar um momento alegre e descontraído aos idosos institucionalizados. Mais do que resgatar memórias e sorrisos, foca-se na sensibilização da saúde mental, pois é necessária ação, é urgente repensar e criar respostas que visem combater esta problemática. Na Covilhã já percorremos todas as instituições com o grupo de concertinas da Covilhã, e agora, no Fundão, temos o grupo de concertinas da Cova da Beira. Está um pouco parado atualmente, porque estamos a falar de um projeto dirigido a lares, a uma população idosa e com estes altos e baixos da pandemia fomos obrigados a ir alterando as datas, mas é um projeto que se mantém. Temos também um projeto de saúde de proximidade, onde visitamos a população que está mais isolada e fazemos rastreios e ações de informação.

Os vossos projetos abrangem uma transversalidade de faixas etárias. Há essa preocupação de chegar a todos?

Tenho de referir ainda o projeto «Pequenos Super-Heróis», em que os técnicos deslocam-se aos jardins de infância e escolas do primeiro ciclo, a nível local nos concelhos do Fundão e da Covilhã, com o objetivo de alertar e preparar as crianças para eventuais casos de emergência médica. Este projeto ganhou um prémio a nível nacional, permitindo a sua aplicabilidade em todo o país. Temos também o projeto «Mais Cor, Mais Saúde», que promove uma alimentação saudável e equilibrada. Há ainda em curso o projeto de higiene oral que é dirigido às escolas primárias. De referir ainda o projeto «As Farmácias Holon Vão à Escola», que decorre a nível nacional, onde abordamos temas como a sexualidade, o acne, entre outros.

Com estes projetos quase podemos afirmar que criam uma nova disciplina, intitulada «Educação para a Saúde»?

É mesmo esse um dos eixos do departamento de responsabilidade social, mas antes de termos criado este departamento já trabalhávamos ações direcionadas para a comunidade e já a própria Holon tinha uma preocupação muito grande no que é a literacia para a saúde. Temos um leque muito diversificado de projetos internos que desenvolvemos em prol da comunidade e das caraterísticas de cada grupo onde vamos intervir, mas depois também temos o apadrinhar de projetos, que estão na nossa comunidade e que são, efetivamente, uma referência e que fazemos questão de participar e apoiar. Por exemplo, o «Mama Move» é um projeto que apadrinhamos com muito gosto, onde as mulheres que estão a recuperar do cancro da mama, podem ter aulas gratuitas de exercício físico, ajudando-as também na parte mental ao contactarem com pessoas que passaram pelo mesmo problema.

Há ainda a campanha de angariação de fundos a favor da Emergência Abem «Dê Troco a Quem Precisa», iniciativa com a qual as Farmácias Holon colaboram, duplicando o valor doado pelos clientes. Têm a perceção que hoje há pessoas que atravessam uma situação económica difícil que as impede de adquirir a medicação?

Não precisávamos de participar na campanha para, infelizmente, termos essa perceção. As pessoas que chegam à farmácia e não têm dinheiro para pagar os medicamentos são muitas, as pessoas que têm de optar por agora levar uma caixa, e posteriormente, virem buscar a outra são também muitas. Infelizmente, na Covilhã, o projeto Abem ainda não está ativo, na vertente que permite às pessoas beneficiar dele. É importante que os agentes locais que podem fazer com que este programa venha para a Covilhã deem esse passo.

Mas o que é que falta?

Falta uma entidade que possa ser gestora do programa na Covilhã. Pode ser a Câmara, as Conferências ou a Santa Casa, eventualmente, podem haver outras entidades, mas tem que haver uma instituição que assegure a implementação do projeto na Covilhã. A essa entidade cabe a responsabilidade de avaliar caso a caso.

Têm sido vários os prémios conquistados pelas Farmácias Holon. São o reconhecimento e a motivação para continuar a desenvolver este trabalho de proximidade?

Não realizamos este trabalho à procura de prémios ou de reconhecimentos, mas para que possamos trazer mais qualidade de vida às pessoas. Todos estes projetos têm um objetivo claro nesse sentido. É óbvio que os prémios têm a sua importância, relembrando-nos que estamos no caminho certo e que o esforço que fizemos vale a pena, não só para a qualidade de vida e saúde das pessoas que beneficiaram dele, mas também é um exemplo para que outras farmácias e entidades possam pegar nessas ideias e implementar nas suas zonas. E quando esse reconhecimento chega é uma forma das equipas se motivarem e acreditarem que estão no caminho certo e a fazer a diferença na vida das pessoas.

- 03 jun, 2022