Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Barómetro Empresarial Voltar

Para avaliarmos quão forte está a economia do país e das regiões nada melhor do que apreciar o barómetro empresarial que procura balancear o nº de nascimentos, de encerramentos, e de processos de insolvência e judiciais que estão a afetar o nosso tecido empresarial nacional e até regional ou distrital e calcular um rácio do nº de empresas novas que foram criadas por cada uma das encerradas. É esse o tema do texto de hoje.

Em novembro corrente ou de 2021 nasceram no país 3479 novas empresas, encerraram 1067, entraram em insolvência 140 e estavam com ações judiciais 3328 valores que comparam com 3057, 1316, 185 e 4231, respetivamente, em novembro de 2020. Da comparação destes valores resulta que entre os dois meses homólogos de 2019 e 2021 os nascimentos de empresas cresceram 13.8%, e os encerramentos, processos de insolvência e ações judiciais reduziram-se 18,9%, -24,3% e -21,3%, respetivamente.

Desde o início do ano e até novembro de 2021 os nascimentos, encerramentos, insolvências e ações judiciais atingiram os valores 38211, 11091, 1820, e 24416 (resp). No período homólogo do ano anterior tinham sido, e na mesma ordem, 34 916, 11 854, 2 135 e 25 754 valores que traduzem uma dinâmica de 9,4%, -6,4%, -14,8% e -5,2% (resp).

Por fim de dezembro de 2020 a novembro de 2021 2021 os nascimentos, encerramentos, processos de insolvências e ações judiciais atingiram 41 300, 14 167, 1 956 e 26 518, enquanto no mesmo período, mas um ano antes, entre dezembro 2019 e novembro 2020 tinham sido 38 579, 15 554, 2 309 e 27 481. As variações entre os dois anos contíguos foram 7,1%, -8,9%, -15,3% e -3,5%, resp.

A repartição sectorial das 525100 empresas do país é a seguinte: Serviços gerais 99640, 19,0%, Serviços empresariais   90665, 17,3%, Retalho 64380, 12,3%, Construção 47513, 9,0%, Alojamento e restauração 44082, 8,4%, Atividades imobiliárias 43041, 8,2%, Indústrias 38767, 7,4%, Grossista 33351, 6,4%, Transportes 23109, 4,4%, Agricultura e outros recursos naturais 19467, 3,7%, Tecnologias da informação e comunicação 19020, 3,6% e Energias e ambiente 2065, 0,4% (Total 525100, 100,0%). Os sectores mais “dinâmicos” ou que sofreram mais mexidas em novembro 2021 em termos de nascimentos foram em 1º atividades imobiliárias com 578 novas empresas, seguido dos serviços empresariais 543, e da construção 390. Em termos de encerramentos o destaque vai para o retalho com 166 empresas seguido dos serviços gerais com 136 e das atividades imobiliárias 135. Já nas insolvências são as indústrias com 25 empresas, depois retalho 24 e em terceiro o alojamento e restauração e construção ex-aequo com 19.

Mas a melhor forma de avaliar o dinamismo dos sectores é ver quantas empresas de cada sector se criaram no mês por cada uma que encerrou. Neste âmbito o sector mais dinâmico foi o das atividades imobiliárias com 6.7 empresas novas por cada encerramento, o transporte 6.2, a energia e ambiente 6.0, o das TIC 4.6, os serviços empresariais 4.2, a agricultura e recursos naturais 4.0, os serviços gerais 3.1, o alojamento e restauração e a construção ex-aequo 2.9, o retalho 2.0, o grossita 1.9 e por fim as menos dinâmicas as indústrias com 1.9. A média nacional dos 12 sectores referidos é 3.3 empresas.

 

Análise por regiões ou distritos

Das 525100 empresas e outras organizações existentes em novembro de 2021, Lisboa concentra Lisboa 151047 empresas (28,8%), Porto 90331 (17,2%), ou seja, ambos concentram 46%, vem a seguir Braga 40922 (7,8%), Setúbal 32551 (6,2%), Aveiro 30236 (5,8%), Faro 25801 (4,9%), Leiria 23971 (4,6%), Santarém 18428 (3,5%),Coimbra 18157 (3,5%), Viseu 14822 (2,8%), Funchal  11750         (2,2%), Viana do Castelo 10235 (1,9%), Évora     8096 (1,5%), Vila Real    8066 1,5% Castelo Branco 7913, 1,5%, Beja 7432              1,4%, Guarda 6 450         1,2%, Bragança 5829 1,1%, Portalegre 5023, 1,0%, Ponta Delgada 4418 0,8% e, finalmente, Angra do Heroísmo 2185, 0,4%, Horta 1437 0,3%.

Em novembro deste ano nasceram no país 3429 empresas (versus 3057 em nov20, var. 13.8% das quais, em Lisboa 1267 (vs 1045, v. 21.2%, no Porto 588 vs 531, v.10.7%, em Aveiro 151 (122, v.23.8%), Coimbra             80 (80, v.0.0%), Viseu 48 (65, v.-26.2%), Castelo Branco 38 (40, v.-5.0%) e Guarda 22 (16, v.37.5%). No conjunto de janeiro a novembro nasceram no total 38211 empresas vs 34916 no período do ano anterior, +9.4%. Em CB nasceram 462 vs 471, v.-1.9 e na Guarda 291, 288 +1%. Em Lisboa 3.6 vs 2.7 (3.3%), no Porto 6734 vs 6197 v. 8.7% e Viseu 870 vs 846 e v. 2.8%. No doze meses (dez20-nov21) anteriores nasceram no total 41300 empresas vs 38579 empresas do ano anterior, +7.1%. Em CB nasceram 514 vs 505, v.+1.8 e na Guarda 314, 321 e -2.2%. Em Lisboa 13208 vs 12310 (7.3%), no Porto 7275 vs 6906 v. +5.3% e Viseu 947 vs 908 e v. 4.2%.

Em termos de encerramentos houve em novembro pp um total no país de 1067 (vs 1316 em nov20, var.-18.9%) dos quais em Lisboa 352 (402, v.-12.4%), no Porto 214 (234, v.-8.5%). Em Castelo Branco 6 (16, -62.5%), e na Guarda 4                (13, -69.2%). Desde o início do ano até nov21 encerraram no país 11091 vs 11854 no período homólogo do ano anterior v. -6.4%, em CB foram 122 vs 145 v. -15.9% e na Guarda 72 vs 88 v. -18.2%. Em Lisboa foram 3939 vs 3728 v. -2.4%, no Porto 2163 vs 2319, v. -6.7% e em Viseu 233 vs 255, v. -8.6%. Nos últimos 12 meses (dez20-nov21) encerraram no país 14167 vs 15554 no ano anterior, var. -8.9%. Em CB encerraram 149 vs 194, v. -23.2% e na Guarda 100 vs 119, v. -16%. Em Lisboa os nºs, pela mesma ordem, foram 4643 vs 4809 v. -3.5%, no Porto 2735-3012 v. -9.2% e em Viseu 308 vs 361, v. -14.7%.

Em termos de insolvências houve em novembro pp um total no país de 140 (vs 185 em nov20, var.-24.3%) dos quais em Lisboa 25 (38, v.-34.2%), no Porto 40 (47, v.-14.9%). Em Castelo Branco 3 (4, -25.0%), e na Guarda 2 (2, 0.0%). Desde o início do ano até nov21 ficaram insolventes no país 1820 vs 2135 no período homólogo, v. -14.8%, em CB 41 vs 45 v. -8.9% e na Guarda 16 vs 20 v. -20.0%. Por sua vez em Lisboa foram 351 vs 463 v. -24.2%, no Porto 476 vs 549 v. -13.3% e em Viseu 52 vs 45 v. -13.3%. Nos últimos 12 meses (nov20-nov21) ficaram insolventes no país 1956 vs 2309 no ano anterior v. -15.3%, em CB 44 vs 46, v. -4.3%, e na Guarda 19 vs 20, -5%. Em Lisboa foram 377 vs 500, v. -24.6%, no Porto 509 vs 592, v. -14% e em Viseu 56 vs 51, v. +9.8%.

Nº de empresas constituídas por cada empresa encerrada

Mas para apreciar o dinamismo empresarial o melhor é calcular o nº médio de empresas criadas por cada empresa encerrada quer a nível nacional quer regional no mês de novembro, no período de Jan21 a nov e no ano que vai de dez 20 a nov 21.

Assim, começando pelos valores mensais de nov 21 abriram em média 3.3 novas empresas no país por cada uma que encerrou, abriram 6.3 em Castelo Branco e 5.5 na Guarda. Por sua vez, e para efeitos comparativos, em Lisboa, Porto e Viseu abriram, respetivamente, 3.6, 2.7 e 3.3 empresas novas. Mas nos onze meses deste ano decorridos até nov 21 por cada empresa encerrada abriram em média 3.4 no país, 3.8 em Castelo Branco, 4.0 na Guarda, e em Lisboa e Porto e Viseu foram, respetivamente, 3.4, 3.1 e 3.7. E finalmente por cada empresa encerrada abriram em média nos 12 meses terminados em nov21 (dez20-nov21) 2.9 no país, 3.4 em Castelo Branco e 3.1 na Guarda. Em Lisboa e Porto e Viseu foram, respetivamente, 2.8, 2.7 e 3.1.

Em jeito de conclusão podemos dizer que apesar da pandemia que há quase dois anos nos assola, que afeta a nossa produção, as exportações e importações, o turismo (alojamento, bares e restauração) e ainda o emprego e desemprego as empresas portuguesas continuam a apresentar alguma resiliência e até algum dinamismo que se nota entre outros no nº de empresas criadas por cada uma das encerradas. Outro facto demonstrativo dessa mesma resiliência e dinamismo é que nos períodos estudados (nov 21, período jan21-nov 21 e dez20-nov21) o nº de empresas que encerrou, entrou em processo de insolvência ou em processo judicial é bem menor que o das que viram a luz do dia. Outra constatação que os dados não iludem é que as disparidades regionais entre os distritos do litoral e os do interior são cada vez maiores com o interior a perder cada vez mais terreno face aos do litoral. A desertificação progressiva do interior é uma realidade cada vez mais clara e esta não é só de pessoas, é também de empresas. Mas em tempos de quadra natalícia fica bem não ser derrotista e devolver a esperança às pessoas, incluindo as do interior; por isso, boas festas para todos os leitores.

 

José Pires Manso, Professor Catedrático

- 07 jan, 2022