Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Cerca de 60% dos jovens do interior ponderam mudar-se para o litoral Voltar

Cerca de 60% dos jovens dos 15 aos 25 anos que consideram viver no «interior» ponderam mudar-se para o litoral, sobretudo, pelas oportunidades de educação e emprego. Os dados constam de um estudo realizado pela plataforma de jornalismo Gerador.

De todas as pessoas que responderam ao estudo, 25% disseram que vivem em territórios do interior, mas apenas 17% vivem em concelhos assim identificados pelo Programa Nacional para a Coesão Territorial, o que leva os coordenadores do estudo a concluir que “a ideia de «interior» pode ser mais relevante de ser entendida em função do seu significado emocional do que geográfico”. “Pessoas que vivem em pequenas localidades com baixa densidade populacional, em concelhos situados no litoral, podem, por vezes, sentir que fazem parte do interior”, concluem.

O estudo e as suas conclusões constam do «Pequeno Livro Aberto Sobre o Interior», que foi publicado na terça-feira, dia 23, e que integra textos da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, além de entrevistas e uma reportagem sobre «o que define a interioridade», de Flávia Brito e Sofia Craveiro.

O inquérito publicado pela Gerador foi feito entre março e abril de 2021 em conjunto com a empresa especialista em estudos de mercado Qmetris e baseia-se numa amostra de 1.200 entrevistas representativas da população em cada região.

De todas as pessoas que afirmaram viver no interior, 25% disseram considerar mudar-se para o litoral, sendo o maior peso entre os que têm entre 15 e 24 anos, onde chegam a ser 60%.

Outra das motivações apontadas para fazer esta mudança para o litoral é “uma vida cultural mais ativa e mais variedade de entretenimento”, seguindo-se, entre os mais idosos, a maior proximidade a amigos e familiares.

Quanto aos que vivem no litoral e responderam ao estudo, 10% disse ter-se mudado desde o interior e 73% destes justificou a mudança com a procura de “mais oportunidades de emprego e de educação”.

“Ao contrário do que se poderia esperar à partida, não existem diferenças significativas entre a satisfação com os espaços culturais por parte dos moradores que consideram residir no interior e no litoral, com cerca de 50% a afirmarem estar satisfeitos em ambas as regiões”, lê-se noutra das conclusões do estudo. Neste âmbito, o estudo acrescenta que “fruto dos investimentos em equipamentos culturais por todo o país nas últimas décadas, a variável fruição cultural não parece ser discriminatória entre litoral e interior”.

Mas o estudo encontrou “uma diferença de perceção significativa” neste âmbito: “53% dos jovens entre os 25 e os 34 anos residentes no interior consideram que a cultura não está pensada para eles, enquanto apenas 37% dos jovens com a mesma idade no litoral pensam o mesmo”.

Num texto do livro, esta “plataforma de jornalismo independente” explica que “desde o final de 2020 que o Gerador começou a olhar de forma mais estruturada para a problemática das comunidades que residem no interior do país e nas localidades de baixa densidade populacional” e que “um certo sentimento de urgência que se ia acumulando e a hipótese de um novo olhar sobre o interior precipitado pela pandemia foram os catalisadores desta nova abordagem”.

- 01 dez, 2021