Tanto se fala desta palavra, com quatro letras apenas e muitas vezes de forma leviana, muitas vezes sem refletir sobre o que se diz, porque este simples vocábulo, tem um poder imenso em tudo o que concerne à vida.
Mas o amor tem diferentes formas de se manifestar, pois temos o amor materno, paterno, fraterno, o amor à vida, aos animais, à natureza, o amor físico, platônico, próprio e todos eles giram à volta de um sentimento de carinho e afeto, que cresce entre seres que têm a capacidade de o demonstrar, porque muitos são os que não possuem tal capacidade, mas em contrapartida, gostam de o receber e é verdade, no amor nem sempre existe troca recíproca, não é regra obrigatória.
Mas será que para se poder ter uma perceção genuína e verdadeira, do conteúdo magnificente desta simples palavra “Amor” bastará defini-lo ou é necessário senti-lo?
Muitos são os filósofos, que descrevem o amor com frieza, contudo, outros têm um sentimento versado, mas tudo tem uma justificação, e ela baseia-se essencialmente no amor recebido quando crianças, esse amor materno que nos cria alicerces fortes, para podermos amar os outros mesmo sem sermos amados, é a alavanca para uma vida plena, é a alavanca para uma vida temperada com aquilo, que nos vai mantendo equilibrados e com uma mente sã, o Amor.
Mas amar é difícil, como tudo na vida, então como amar sem oprimir? Como amar e ainda assim se sentir livre? Esta foi a melhor resposta que encontrei de Fernando Pessoa no seu heterônimo Ricardo Reis
Quer Pouco
Quer pouco: terás tudo
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Fernando Pessoa é sem dúvida um amante da conciliação de opostos, ele consegue fazer-nos ver tudo da maneira menos convencional, obriga-nos a ter uma agilidade mental, para entendermos que tudo tem o reverso da medalha, muitas vezes leva-nos para um mundo melhor e muitas vezes, apresenta-nos o mundo real em poucas, mas certeiras palavras.
De todos os amores que os Seres Humanos possuem, sabem qual é o mais doloroso?
É o não correspondido, ou o terminado, ou o nunca começado e aquele que surgiu porque sim, ou num piscar de olhos, ou porque tinha que acontecer, ou porque morreu à nascença e claro está que não se sabe como enfrentar essa dor, que não se vê e que se sente sem explicação, é como esse tal fogo que arde sem se ver.
Miguel Esteves Cardoso dizia e com tanta razão na sua crónica intitulada:
Como se esquece alguém que se ama:
“Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.”
O Amor pode ser a chave de tudo e de nada, pode ser a cura de muitos problemas e a desgraça de outros tantos, mas convenhamos, enquanto dura, é a melhor terapia do mundo.
Manuela Cerdeira, Cronista