Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

A Inteligência Voltar

Dizem alguns que Inteligência é julgar bem, compreender bem e raciocinar bem, mas nem sempre julgamos bem, nem compreendemos bem e muito menos raciocinamos bem, pois neste mundo cheio de estímulos, contestações e alterações, fica-se com uma ligeira impotência para estimular essa faculdade, que no fundo, é a que nos faz avançar nesta aldeia global em que estanciamos.

Ter empatia, modéstia, sentir-se bem sozinho, ler, ter poder de observação, ser criativo, ser curioso, ter mente aberta, ter autodomínio e um bom senso de humor, é sinal de que temos a nossa inteligência a funcionar, mas o mais difícil, é conseguir incorporar todas estas qualidades, pois a malha social é composta por uma diversidade de inteligências e algumas, chegam mesmo a achar-se muito inteligentes, mas do que consigo enxergar, poucos são os inteligentes que por aqui se movem.

As autárquicas, são sem dúvida uma análise à inteligência dos candidatos e aqui, observamos um elevar constante do indicador, todos eles de uma maneira ou outra, já estiveram no poder e parece-me evidente, que o trabalho apresentado foi pobre, mas se a inteligência fosse uma constante nestas cabeças, que querem levar os desígnios da cidade para um patamar de desenvolvimento, esse erguer de dedo contra o outro não seria necessário, o importante é ter ideias e propostas e mostrar como se podem aplicar, para que a região possa de facto avançar e possa mostrar que por aqui, existe qualidade de vida.

A minha avó já me dizia, a maior invenção de todos os tempos foi a máquina de lavar roupa, é aí que se deve lavar a roupa suja e não na praça pública, o problema é que o sistema está montado desta triste maneira e quem sofre são os sufragistas, que por muito inteligentes que sejam, com estas campanhas de apontar o dedo, têm dificuldade em exercer o seu direito cívico, pois o que todos querem é que tudo evolua, querem que o meio onde vivem, tenha igualdade de trato para todos, que exista emprego e educação e que a cidade em si funcione com tranquilidade.

A política deveria ser exercida sempre com inteligência, mas já há muito tempo, que ela é exercida sem inteligência e sim com oportunismo, muitos são os que se afastaram, por serem íntegros e inteligentes demais, para prosseguir num caminho, que deveria ser para servir e não para servir-se, como hoje tantos o querem fazer, pois vivemos momentos de volatilidade, onde a dinâmica tem que ser reajustada com rapidez e sim, deixar de ser Velho do Restelo e aplicar a novidade, que forneça resultados concretos.

A inteligência, ainda hoje é um enigma, nem sempre entendemos de onde vêm os pensamentos e o porquê deles existirem e dizem alguns, que o sucesso se apoia essencialmente na inovação, que é nada mais, nada menos do que a exploração de novas ideias com êxito e por vezes é simples, basta dar uma nova perceção de algo, para que esse algo seja percebido com maior facilidade e podem mesmo ser pequenas melhorias contínuas, pequenos avanços benéficos para todos em geral, ainda que por vezes seja fundamental a mudança de paradigma, através de inovações radicais, que também são necessárias, para se sentirem os avanços com maior rapidez.

A inteligência é fundamental em todo e qualquer ser, sabê-la aplicar será a parte mais difícil, mas teremos que a aplicar da maneira mais eficiente possível, i.e. definir bem todas as etapas e nunca avançar sem ter completado a anterior, só assim se poderá dar passos seguros em todo e qualquer terreno e ainda assim, nunca esquecer o filósofo Ateniense Sócrates: “Só sei que nada sei.”

 

                                                                                                                              Manuela Cerdeira, Cronista

- 16 set, 2021