Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Umas Olimpíadas na metrópole da Cova da Beira Voltar

A Associação Académica da Universidade da Beira Interior, a nossa AAUBI, em conjunto com a Federação Académica de Desporto Universitário, a mítica FADU, organizaram as Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários, neste caso repartidas entre a Covilhã e Fundão. Foram duas semanas de uma organização exemplar que honraram todos os envolvidos.

Estes campeonatos, que vinham sendo adiados por causa da Covid, constituíram um desafio extraordinário. Com muito menos meios que os Jogos Olímpicos, a AAUBI e FADU conseguiram materializar o impossível. Fica sem dúvida a mágoa de ter de limitar o acesso público aos vários eventos, mas fica também demonstrado o sentido de organização e a responsabilidade de uma nova geração de universitários que brevemente chegará ao mercado de trabalho. E, hoje, podemos todos dizer que temos orgulho nesses jovens que passaram dias e noites de trabalho incansável para que tudo funcionasse da melhor forma. Se há coisa de que podemos estar certos é a de que esta nova geração de UBIanos ultrapassará os feitos das que a antecederam. O antigamente é que era bom não funciona aqui, e ainda bem, porque o mundo tem de progredir.

Mas há ainda uma segunda lição a tirar destes campeonatos, é a de que juntos fazemos melhor! A repartição dos eventos entre as Cidades da Covilhã e Fundão demonstrou a simbiose que todos os que vivem na Cova da Beira já sentem no dia a dia. Hoje não há verdadeiramente fronteira entre estas duas cidades, elas complementam-se e projetam uma massa crítica única em todo o interior do país. Há uma movimentação natural de trabalhadores entre os dois municípios, e essa movimentação dá-se em duplo sentido e sem subalternização. Essa dupla movimentação faz-se sentir também ao nível do comércio e dos serviços, incluindo os de saúde. A anunciada ligação entre as duas cidades por ciclovia é só mais uma demonstração de uma convivência sã e cooperante entre os dois municípios.

Apesar destas evidências da vida a marca Cova da Beira, onde também se insere o município de Belmonte, tem perdido alguma notoriedade. Este efeito é, naturalmente, uma consequência da criação da CIM Beiras e Serra da Estrela. Não se trata aqui de competir com a CIM, e muito menos de proclamar um regresso ao passado, mas sim de aproveitar a homogeneidade territorial da Cova da Beira para a projetar externamente. O que traz ganhos a todos os municípios envolvidos. A coordenação que hoje se sente, em termos internos, entre os municípios, se projetada também em termos externos, alavancaria uma massa crítica que permitiria atrair mais empresas e habitantes.

A descentralização também se faz com geometria variável, seja esta ao nível das Comunidades de Coordenação Regional, das Comunidades Intermunicipais, e também na articulação entre municípios vizinhos que partilham uma homogeneidade territorial, e socioeconómica, como é o caso da Cova da Beira.

E aqui esteve muito bem a FADU e a AAUBI quando deram as mãos às duas cidades para organizar as Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários. Este tipo de organização no desporto não é uma novidade. Todos nos lembramos do campeonato do mundo de futebol de 2002 organizado entre a Coreia do Sul e o Japão. E todos sabemos que Portugal e Espanha lançaram uma candidatura ao mundial de futebol de 2030. A vantagem é óbvia, há uma redução de custos, e uma maior projeção dos eventos. Foi esta abordagem que também aconteceu com muito sucesso entre a Covilhã e o Fundão.

Mas em qualquer evento desportivo a maior honra tem de ir para os desportistas. Em particular pelo esforço que dedicam à sua preparação ao longo dos anos para atingir a melhor performance possível. E, de entre esses, a honra maior vai para os que se excedem, como aconteceu com a equipa da AAUBI que se sagrou Campeã Nacional Universitária de Futsal. Um sucesso que nos enche de orgulho.

- 14 ago, 2021
- José Páscoa, professor universitário