Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Semiótica Voltar

Desde tenra idade, todos nós começamos a lidar com a Semiótica, ainda que inconscientemente, mas incrivelmente é ela que estuda o significado de qualquer comunicação.

A unidade utilizada pela Semiótica é o signo, ele representa a ideia de qualquer objeto, àquele que o interpreta e existe em duas vertentes, na realidade objetiva e na mente de cada pessoa e cada pessoa como será de esperar, interpretará de maneira diferente.

Existe uma sequência que nos ajuda a chegar ao topo do entendimento, começando pela compreensão superficial, original e espontânea, seguindo para a compreensão ligada ao aprofundar do conteúdo e por fim conectar o conteúdo à sua experiência de vida e aqui deparamo-nos com infindas roupagens, bem como oposições ao conceito de cada signo, para cada pessoa.

É incrível todo este processo que se passa em cada cabeça e com uma sequência tão perfeita, mas que difere de pessoa para pessoa, de acordo com a vivência e educação de cada um, mas também são estas diferenças, que nos fazem crescer e quando nos deparamos com comunicações fora do nosso âmbito, lá temos que procurar nas infindas roupagens, um conceito, que se harmonize com a nossa cabeça e nunca tentar agradar a gregos e a troianos, porque isso seria fornecer ao outro uma comunicação despropositada ou falsa, mas também acredito que é o que se passa entre o comum dos mortais e talvez seja por isso mesmo, que muitos não emendam os seus erros e os achem qualidades e quando alguém mais destemido os chama à atenção, eles ressentem-se e ficam espantados e ofendidos.

Existem comportamentos, que nos transmitem imensas mensagens, deveremos estar sempre atentos a essas comunicações, sejam elas despropositadas ou não, porque saber estar não é difícil, para isso temos intelecto, mas muitas são as situações difíceis em que todos nos encontramos e a alguns, teremos sempre que dar o benefício da dúvida, mas isso não invalida, atuar de maneira leviana.

A Semiótica está ligada a tudo o que se passa na nossa vida, ela pode ser utilizada com alguma sapiência ou mesmo artimanha, os políticos e os humoristas, sabem trabalhar e colocar os signos nos locais certos, para que o conteúdo tenha sempre uma dualidade, colocando-os sempre num patamar ambíguo.

O mesmo não se passa nas pessoas comuns e mais cristalinas, porque essas aplicam os signos certos nas alturas certas, porque dizem o que querem dizer e querem dizer o que dizem, sem recorrer a metáforas ou a alegorias, ou seja, o que se entende do primeiro discurso espontâneo, é o mesmo aquando do seu aprofundamento e quando transferido para a própria experiência de vida e existe uma coerência no início, no meio e no fim.

Todos estes jogos são feitos através da Semiótica, quanto mais erudito você for, menos transparente será, mais gostará de se esconder por detrás de diálogos dúbios, isto em sociedade, porque em privado, será capaz de ser tão direto e abrupto, que assustará mesmo os mais sensíveis e cristalinos dos seres.

A Semiótica, essa ciência que estuda os milhares de significados da comunicação, dizem alguns que embora se tenha iniciado na Grécia antiga com Platão, foi a partir do século XX com trabalhos de Saussure e Peirce, que começou a adquirir importância no mundo da ciência e sim, muita importância na vida de cada um de nós, para entendermos essa imensidão de comunicações, a que somos sujeitos constantemente.

E como diz Charles Sanders Peirce:

 “Dizer, portanto, que o pensamento não pode ocorrer em um instante, mas requer tempo, é apenas outra maneira de dizer, que todo o pensamento deve ser interpretado em outro, ou que todo o pensamento está em signos.”

- 29 jun, 2021
- Manuela Cerdeira