“Aproveitei a oportunidade de participar para transmitir uma mensagem e os meus ideias ao aliar estas duas áreas”
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Enfermeiro de profissão, o albicastrense João Artur Santos participou no mais recente programa de entretenimento da TVI «All Together Now». Ao Jornal Fórum Covilhã, João fala-nos sobre o seu percurso enquanto artista e enfermeiro e a experiência de participação no projeto
Fale-nos sobre o seu percurso de vida em Castelo Branco. Foi a cidade que o viu crescer?
Foi a cidade onde cresci e sempre estudei. Foi também em Castelo Branco que ganhei o gosto pela arte de representar. Entretanto, comecei a desenvolver uma companhia de teatro, a «TEATRO TRAMÉDIA - Associação de Produção de Espetáculos Teatrais de Castelo Branco», fundada em 2018, mas já a existir enquanto grupo desde 2012. A partir daí, comecei a criar o meu próprio percurso, a envolver-me em projetos na área da música, cantei em diversos bares, festas e alguns espetáculos. Também comecei a entrar em projetos na vertente da comunicação, mais recentemente, como a produção de eventos. Dentro da vertente artística, estes foram os principais marcos. Ao mesmo tempo também tive o privilégio de fazer parte do filme «Carga», de produção nacional, e filmado em várias zonas da região onde contracenei com atores como Vitor Norte, Miguel Borges, Sara Sampaio, entre outros.
Sendo um jovem ligado ao “mundo das artes”, de que forma a profissão de enfermeiro que exerce, se podem interligar?
Antes de ter entrado em enfermagem, já estava ligado às artes. A enfermagem surgiu de forma completamente aleatória, era necessário escolher um curso, mas à medida que me fui formando apaixonei-me também por esta arte de cuidar. Existem colegas meus, por este país fora, que têm trabalhos duplos. Ao longo destes dois anos que exerço
a profissão de enfermeiro, considero que o meu trabalho duplo são as artes, como part-time. Para além destas duas vertentes, eu acho que enquanto enfermeiro cuido a vertente física e enquanto ator e cantor, sinto que posso cuidar da alma através das minhas representações e interpretações. O meu maior objetivo é cuidar, transmitir uma mensagem, reconfortar, fazer sorrir quem a receba.
Em tempos de pandemia de covid-19, quais os maiores desafios, enquanto artista e enquanto profissional de saúde?
Esta fase de pandemia, ao contrário do que tem sido para a maior parte das pessoas, para mim tem sido um episódio de riqueza. Por um lado, porque foi em tempos de pandemia que fui exercer a minha profissão para o Hospital Amadora Sintra, que tem sido um dos maiores desafios da minha vida, porque temos um ambiente de guerra e catástrofe, onde todos os dias nos debatemos com cenas desesperantes, mas que ao mesmo tempo desafia. Felizmente, nesta zona, a realidade de pandemia da covid-19 não tem sido tão marcante. No Hospital Amadora Sintra, toda a panóplia de confusão que existe nunca aconteceu cá, embora também haja momentos de stress aqui no Interior. Eu tenho presenciado o quão difícil está a ser e a rutura que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a passar. Agora está tudo mais calmo, mas em janeiro foi um mês em que nós saiamos dos turnos desgastados física e psiquicamente. Já enquanto artista, é desesperante ver a falta de trabalho que muitos dos meus colegas estão a passar e que precisam muito. Estamos numa fase em que os artistas não podem mostrar o seu trabalho, mas em contrapartida, é a altura em que os portugueses mais necessitam de consumir arte para se refugiarem.
Participou no programa «All Together Now» da TVI. O que o levou a participar?
Inscrever-me no «All Together Now» surgiu de um devaneio de um dia de folga. Inscrevi-me 15 dias antes das audições e, quando fui
contactado, não dei muita importância. Entretanto, após um turno da tarde desgastante, decidi responder ao questionário que me tinha sido enviado e mandaram-me um e-mail para, no dia seguinte, ir ao casting. Por acaso estava de folga e decidi ir como forma de desanuviar. Fui passando nos castings até chegar ao programa. Aproveitei a oportunidade de participar para transmitir uma mensagem e os meus ideias ao aliar estas duas áreas, mostrando que é possível.
Como foi toda a experiência?
Esta experiência soube muito bem. Primeiro porque me permitiu “fugir da realidade”, porque entrei num mundo de ficção ao mesmo tempo que pude reencontrar amigos nos castings e no programa. Cruzei-me também com o Virgílio Faleiro, com quem já tinha trabalhado. Tive o privilégio de puder estar em contacto com pessoas da área da cultura, que para mim são referências. Tenho recebido um feedback muito positivo e tinha noção que não ia atingir um publico jovem com a canção que foi escolhida pela produção, e efetivamente tenho recebido muitas mensagens da geração que gosta de ouvir Marco Paulo. Contudo, também consegui receber opiniões de pessoas jovens, apesar da canção, e fico muito feliz. É ótimo a sensação de sentir que as pessoas gostaram.
- 16 mar, 2021
- Helena Esteves