“Iremos continuar a desenvolver uma estrutura que hoje se caracteriza como a maior associação de estudantes do Interior de Portugal”
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ASSOCIATIVISMO Ricardo Nora foi reeleito, para o segundo mandato, como presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Em entrevista ao Jornal Fórum Covilhã, Ricardo falou sobre o ano pandémico que atravessámos, os projetos futuros e a vontade de continuar a dinamizar a associação em prol dos estudantes.
Jornal Fórum Covilhã (JFC) - O que o levou a recandidatar-se à AAUBI?
Ricardo Nora (RN) - Este foi sem dúvida um ano atípico com muitos projetos adiados e cancelados. Apresentei a minha recandidatura à AAUBI por considerar que há coisas por concluir sobretudo devido a esta pandemia. A AAUBI é sempre um projeto inacabado, há muitas coisas que é preciso ir continuando a fazer, e considero que a minha equipa futura poderá continuar a contribuir para uma Academia reivindicativa, que saiba expor as suas dificuldades e desenvolver um espaço de realização de atividades marcantes na vida dos nossos ubianos.
JFC - Ainda num contexto de crise pandémica, que importância tem a AAUBI para o bem-estar dos alunos?
RN - Nesta fase muitas foram as nossas reivindicações e muitas delas foram ouvidas, em que posso dar o exemplo, do valor da bolsa mínima que foi de 871€ neste ano letivo enquanto que o valor da propina se fixou nos 697€. Somos uma estrutura fulcral para os nossos estudantes tanto para ajudar a criar melhores condições no seu percurso académico tanto para complementar a sua vida académica. Num contexto de crise pandémica, estes dois vetores orientadores tornam-se ainda mais importantes.
JFC - Quais as medidas que estão a ser preparadas por parte da associação para, futuramente, auxiliar e acompanhar os estudantes após esta fase?
RN - Existe uma vontade muito grande por parte da comunidade académica em voltarmos em pleno ao regime presencial tanto de aulas como de atividades. E estamos preparados para esse regresso. Estamos preocupados com um flagelo que tem surgido que é a questão da saúde mental, é preciso que haja reconhecimento do que pode ser um problema de saúde mental, porque muitas vezes não há. Tem de haver momentos que esclareçam as pessoas nesse sentido. É preciso termos mecanismos para quando as coisas acontecem, mas é igualmente importante tentar perceber porque é que isto acontece no ensino superior. Temos de perceber a causa, e não apenas aumentar os mecanismos de ajuda.
JFC - Qual a maior prioridade da AAUBI para este mandato?
RN - 2021 vai ser um ano em que, com ou sem pandemia, a Associação Académica tem de se aproximar dos seus estudantes e tem de se aproximar unindo os seus núcleos de estudantes com as ferramentas necessárias. 2021 será o ano em que a associação académica irá fazer uma revisão estatuária e criar regulamentos eleitorais, tanto para a Associação, como para os seus núcleos de estudantes, e espero que no próximo ato eleitoral a AAUBI já possa fazer as eleições para os seus órgãos sociais de forma eletrónica, ou seja, que qualquer estudante possa votar a partir de casa, ao entrar no seu balcão virtual via «Minha UBI», à semelhança do que já acontece noutras universidades. Isso permitirá combater aquilo que tem sido a abstenção nestes atos eleitorais. O foco tem de ser os estudantes e este será um mandato muito marcado pela pandemia e pelas dificuldades que os nossos estudantes e as suas famílias vão atravessar.
JFC - Partindo do pressuposto que nada corre a 100% como planeado, agravando-se com a pandemia, quais foram as falhas ou o que correu menos bem este ano?
RN - Esta é sempre a pergunta mais fácil de responder este ano. Quando me candidatei no ano passado com a minha equipa, tínhamos um plano programado para aquilo que seria um ano normal. O plano de atividades estava feito até março, mas quando lá chegamos fomos todos para casa. Alterámos tudo, passando a ter uma coisa completamente diferente. Passámos a ter de dinamizar tudo em Gestão de Crise, porque foi literalmente isso que aconteceu: ninguém estava preparado para que tudo fechasse. Foi ter de perceber o que tínhamos de fazer, ser resilientes, muito pensativos naquilo em que podíamos ser resposta. Percebemos que houve uma série de atividades da AAUBI que são tradicionais e não aconteceram. Não foi um ano de sonho, vê-se logo, mas não foi por isso que a equipa não foi lutadora e que não se tentou reformular, mesmo não estando preparada para isso. Fizemos dois planos de atividades com coisas totalmente diferentes.
JFC - Com este novo mandato, tenciona manter o rumo do ano passado ou começar um novo?
RN - Como disse anteriormente, a AAUBI é uma estrutura em constante desenvolvimento. Temos crescido com as diferentes direções que passam por esta “Casa” e assim nos vamos manter. O foco continuará a ser o mesmo. Um projeto construído com foco nos estudantes e em conjunto com os mesmos.
JFC - De todas as propostas apresentadas pela lista J, quais considera mais importantes para este mandato?
RN - O nosso manifesto expressa bem o porquê de defendermos cada uma das ideias e como é que as vamos defendendo. É importante que os nossos estudantes saibam aquilo que vamos defender ao longo do mandato. Em relação à política educativa, há a questão dos custos do ensino superior. Os estudantes são diferentes no sentido em que há alguns que precisam de alojamento, há outros que não; há estudantes que precisam mais de material escolar, há outros que não precisam. Ainda que existam apoios genéricos como a bolsa, é preciso apoios especializados para cada um destes casos. Acreditamos, também, que a qualidade no ensino superior é uma parte fundamental. Precisamos que os métodos educativos sejam diferentes, mais inovadores e mais dinâmicos. Quanto à cultura, a questão principal que estamos a propor é mensalmente ter uma atividade em parceira com as nossas tunas académicas, o nosso município e associações da cidade. Um mês dedicado ao cinema, outro à fotografia, ao teatro, à música, e que durante esse mês, seja promovida esta arte dentro da nossa Academia. Em relação ao Empreendedorismo e Saídas Profissionais, é clara a preocupação que temos com a crise económica e com a preparação para o mercado de trabalho. A AAUBI criou uma marca para dar resposta a isto, a Start in UBI. A Start in UBI, tipicamente, era a feira de empreendedorismo e formação e agora é uma marca que liga a preparação para a vida profissional aos alunos da academia. No Desporto, as Associações Académicas são as principais responsáveis pela promoção desportiva nas universidades. Além disso tudo, é importante não esquecer que existe a competição Desporto Universitário, promovida pela Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), e se a pandemia o permitir as Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários irão se realizar em 2021 nas cidades da Covilhã e Fundão. No âmbito social, pretendemos trazer mais vezes temas e preocupações da sociedade, como o racismo, igualdade de género, violência no namoro. Trazer estas questões para que consigamos desenvolver um maior espírito crítico sobre a vida da sociedade.
JFC - Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos estudantes e à academia?
RN - Tal como disse no meu comunicado de recandidatura à Direção da AAUBI, acredito que atravessamos um momento em que se abre mais uma porta de oportunidades que temos de aproveitar para mudar a UBI, o Ensino Superior e o País! Num processo de construção conjunto penso que iremos continuar a desenvolver uma estrutura que hoje se caracteriza como a maior associação de estudantes do Interior de Portugal.
- 05 jan, 2021
- Helena Esteves