Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Férias Voltar

Estão quase a chegar as benditas férias. Eu adoro férias pelo facto de ter mais tempo para trabalhar. E depois não necessito fingir que há sucesso escolar nem fazer parecer que estas semanas acrescidas de aulas foram úteis. Ou seja, posso mesmo trabalhar. Há quem diga que a seguir a esta pausa tudo volta ao normal, lá para o fim do verão, mas alerto que só volta à normalidade quem já era normal. Ou outros vão continuar da mesma forma. E musicalmente falando começo a planificar a próxima época, e como todos os portugueses já estou mais preparado para lidar com a pandemia e assim idealizar um plano que não necessita depois de ser suspenso ou adiado. Por exemplo o coro que dirijo para além da sua denominação atual passará também a chamar-se Sport Coro Misto City. Isto dá-nos a possibilidade de realizar concertos para milhares de pessoas sem qualquer problema acrescido. É só também mudar o tradicional fato de concerto para um de caraterísticas desportivas, o que no meu caso não me traz atrapalhação alguma. Podemos essencialmente cantar Handel cuja maioria das letras são em inglês e assim fica assegurado o evento. Mesmo que as autoridades se aproximem, ao ouvirem a língua da terra de Sua Majestade, vão observar à distância, o que nos dá tempo para terminar o concerto. Outra designação que iremos utilizar é Partido do Coro Liberal e Misto. Ou talvez Partido Misto do Coro Liberal ou Coro Partido mas Misto e Liberal. Ainda não decidi. Também aqui podemos marcar um concerto e dizer que é um comício sendo que no final vendemos umas sardinhas com umas cervejolas. Se um deputado, pago com o dinheiro dos meus impostos o pôde fazer eu também sinto esse direito. Mas admito que foi inteligente, pois por ele poucas pessoas iriam ao dito “comício” e pediu ajuda ao peixe. Por outro lado, acho engraçado que uma sardinha morta seja mais convincente do que um deputado vivo. Outra das possibilidades é o coro fazer concertos já com a zaragatoa enfiada no nariz. Mesmo dando o ar de trinta javalis em palco será sempre o cúmulo da eficiência e participamos ativamente na nova economia-covid que me parece neste momento a mais importante do país. Também no fim do concerto, os nossos CD’s estarão à venda e na compra de dois oferecemos uma zaragatoa, já utilizada, mas com resultado negativo. Mas também irei ter algum tempo daquele que o comum cidadão chama verdadeiramente férias. Escolhi uma praia, lá para o meio da Europa, onde a temperatura da água chega aos 15 graus nos dias mais quentes e que decerto provocará uma natural desertificação de humanos e por isso o aconselhado distanciamento seja entre pessoas seja entre pessoas e água. Como detesto praia, tenho assim um bom motivo para não ir lá e aproveito para compor. Também consigo fazer férias como qualquer comum cidadão. E dito isto, umas boas férias para todos mesmo para aqueles que fazem disso a sua profissão.

- 14 jul, 2021
- Luís Cipriano