Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

O tempo do Sol Voltar

Chegou o tempo do sol. O Solstício de Verão acontece a 21 de Junho marcando o início dos dias longos e cheios de luz. O calendário faz, mais uma vez, correr as estações do ano, cumprindo o destino. A partir de agora os dias são maiores que as noites. Há mais tempo para viver. Há muita esperança para renovar. Aproveitemos os dias longos para também nos sentirmos inteiros e desejosos de cumprir a ambição legítima de cultivarmos a felicidade, todos os dias, antes que a escuridão volte. O processo de vacinação corre a bom ritmo. As comunidades caminham a passos largos para a tão desejada imunidade de grupo. Por estes dias de transição e num movimento quase silencioso os profissionais e outros agentes da saúde têm trabalhado a um ritmo alucinante para que as vacinas cheguem ao maior número de braços possível. O Serviço Nacional de Saúde está aí, mais uma vez, ao serviço de todos e a encher-nos de orgulho. Bem hajas António Arnaut! As vacinas acontecem no silêncio. Uma a uma. Picada a picada. Com este movimento sincronizado vamos construindo a tal luz que nos tirará do túnel escuro em que a pandemia nos colocou. A ciência indicou-nos o caminho. E os profissionais da saúde estão agora a ajudar-nos a percorrê-lo. O agradecimento será sempre pouco para tamanha demanda! Os aplausos virão no fim, outra vez, quando pudermos viver sem esta canga pandémica. Precisamos da nossa liberdade de volta. E isso só será possível com a conjugação de diversos fatores que cruzam o que referi anteriormente com a nossa responsabilidade individual e coletiva. Apesar dos avanços todos sabemos que isto ainda não acabou. E para que acabe de vez precisamos de resolver o problema antes da chegada do outono. É justamente neste tempo do sol que tudo deve ficar debelado para voltarmos a abraçar e beijar como merecemos. Precisamos do toque do outro, do encontro, do convívio, da descontração dos momentos para seguirmos em frente, cumprimento a nossa humana dimensão. A pandemia foi deixando um rasto de destruição muito significativo. Infelizmente, não podemos recuperar as vidas que perdemos para o vírus, as vítimas diretas e as indiretas. Tardaremos muito em contabilizar os danos ao nível da saúde que se introduziram em nós durante todo este tempo demasiado longo e penoso. Por isso, temos que estar atentos a todos os sinais. Acima de tudo temos que seguir caminho, normalizando as nossas vidas e recuperando tudo o que pudermos recuperar, na saúde e na economia. O tempo do sol é também fundamental para isso. Não poderemos fazer tudo de uma vez como gostaríamos. Não podemos desconfinar de forma livre e absoluta porque, repito, isto ainda não acabou. Mas podemos e devemos, moderadamente, voltar a lavrar os caminhos da nossa felicidade que, em completa reciprocidade, ajudará a reconstruir a felicidade dos outros. Precisamos de nos levantar do chão, recuperar empregos, investimentos e projetos que nos alavanquem para um futuro melhor, com sol e dias longos repletos de sorrisos e gargalhadas que marcam o ritmo da liberdade, da boa disposição e da alegria. A responsabilidade e a moderação de cada um de nós reclamam-se para estes dias de sol. Agora que, paulatinamente, vamos ficando mais defendidos deste vírus é muito importante que o nosso comportamento ajude a reforçar o castelo e não a abrir brechas nas suas muralhas e fundações. Todos merecemos aproveitar o sol. Vamos a isso, com determinação, cuidado e esperança. A luz do caminho aumentará se, juntos, fizermos o que deve ser feito.

- 16 jun, 2021
- Miguel Nascimento