A educação importante valor da Democracia
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A publicação dos rankings das escolas são sempre um momento em que se comparam as escolas públicas com as escolas privadas, de uma forma que não será totalmente objetiva.
Na verdade, a educação é muito mais do que apenas as notas e o saber. É civismo, socialização, compreensão pelo outro e pelas diferenças, tolerância e sentido de integração numa comunidade que é diversa. Sem isso, ficaremos muito aquém quanto ao próprio papel da escola.
No entanto, não podemos ignorar, que neste mundo competitivo as famílias, querem também que os seus filhos e filhas tenham o curso ideal, que muitas vezes é o socialmente mais reconhecido. Ser médico, é um daqueles em que vemos, muitas vezes a pressão que é transmitida de pais para filhos, para que obtenham essas notas que lhes deem entrada na tal faculdade de medicina.
Não fará mais sentido, querer que consigam, Ser. Ser bom cidadão ou cidadã?! Ser feliz! É claro que não serão sentimentos contraditórios. Mas, a liberdade de escolha e a responsabilidade dessa mesma escolha é algo inerente ao próprio crescimento do individuo.
E isso não quererá dizer, que não se deve ser exigente, na escola, atribuindo o sentido de responsabilidade e dever. E também na compreensão que um curso será sempre sobretudo um instrumento de trabalho, uma ferramenta, que nos poderá fazer alcançar patamares diferentes numa futura profissão: Razão pela qual se fala cada vez mais em competências.
Também temos exemplos, de quem “acertou” no seu curso e através dele, consegue alcançar a profissão com que sempre sonhou. Mas na maior parte das vezes, os jovens, não sabem onde irão mesmo trabalhar. E isso afigura-se cada vez mais verdadeiro, pela incerteza que o mundo atravessa, mas também pelas oportunidades que se lhes deparam.
Há ainda quem não consegue seguir para o ensino superior ou mesmo não queira e consiga encontrar outras opções no mundo do trabalho, ou que vão de encontro aos seus hobbies desenvolvendo áreas e competências, que igualmente são utlizadas como ferramenta.
O “espírito de Ronaldo”, não são apenas as suas qualidades inatas, mas que como ele próprio já afirmou inúmeras vezes, treinava não apenas como os outros, mas o dobro, ficava muito após todos os outros terem saído.
Vem isto a propósito dos rankings das escolas, e não quero fugir às diferenças incomparáveis, das escolas que acolhem todos os meninos e meninas no seu seio, independentemente da sua origem social e das dificuldades socioeconómicas das suas famílias ou até dos problemas que vivem essas crianças e famílias.
Naturalmente que é muito diferente para esse professor e professora, ou escola o esforço e mérito do trabalho desenvolvido, que não pode de forma leviana comparar com aquelas escolas privadas onde todos os alunos e alunas, ainda têm o suporte familiar, como explicadores ou mesmo com explicadores a quem pagam, em função dos temas.
É, pois, demasiado importante, o papel da escola, para que se estabeleçam simples comparações, mas, no entanto, também não podemos deixar de sentir que a exigência e rigor, a par do apoio social, mas também educativo complementar é importantíssimo, para ajudar os jovens nas suas aprendizagens e progressões.
Esta semana o Secretario de Estado Adjunto e da Educação João Costa veio falar de uma outra questão, que tem a ver com o recrutamento dos professores. Um tema, reconhecidamente difícil, mas onde há muito se percebe que o sistema atual, não adequa o recrutamento às necessidades das escolas, e mesmo dos alunos. E por vezes, também tenho mesmo dúvida, que seja benéfico para alguém e mesmo para o próprio professor ou professora, para o seu reconhecimento e possibilidade de carreira e fixação. João Costa diz que é previso “uma reflexão profunda sobre recrutamento de docentes e carreiras”, que permita que as escolas em contextos mais difíceis, por exemplo, possam recrutar docentes fora do concurso nacional, que é “cego” às especificidades de cada uma. Acrescenta ainda que não gosta de rankings (porque não são justos nem refletem o trabalho de muitos professores), mas que temos de ir mais longe, para muitas escolas melhorarem. Concordo e por isso aqui deixo citando este excerto, retirado de um jornal nacional.
A escola pública é essencial e um enorme valor da Democracia, devemos cuidar dela para que seja cada vez melhor ao serviço da honrosa missão que tem, a educação e formação das gerações futuras, como seres humanos completos e cidadãos felizes e bem formados. Tudo isto a par do insubstituível papel da família e de outras importantes instituições da nossa sociedade.
- 08 jun, 2021
- Hortense Martins