Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Compromisso pela Covilhã Voltar

A Covilhã tem dinamismo importância local. É altura de lembrarmo-nos das eleições autárquicas. Os eleitos vão ter um poder acrescido nas Ccdrs e, consequentemente, gerar influência na gestão do plano de recuperação, 

Não é ainda tempo para avaliar equipas. Se no PS e no PSD /CDS (e na CDU) elas são previsíveis, creio que dos independentes importa saber mais. É do fluxo de votos entre estes partidos e candidaturas que sai a dimensão da vitória do PS -mais provável – ou do PSD/CDS, mais improvável. Na CDU, o candidato anunciado têm qualidades apreciadas pelos conterrâneos, mas resistem algumas dinâmicas dum imaginário algo memorial. Sociologicamente, na Covilhã e no País, a CDU confrontam-se com novas desigualdades que já não emanam exclusivamente da estrutura industrial. Acredito que o saibam. Não tenho a certeza que tenham descoberto a solução.

O PSD e o CDS arrumaram a casa. Tem pessoas credíveis. Afastou-se da confusão política. Distanciou-se do estereótipo da direita agressiva. O PS vai, o discurso do vínculo entre esta e outras candidaturas passadas, no caso da sua, com obra feita e inaugurada, no caso de PSD/CDS, com os equívocos da reorganização deste espaço politico na Covilhã. O PS tem vantagem especialmente para a reta final da campanha, onde os argumentos do exercício do poder são inevitáveis. Mas, já tem alternativa. Todos ganhamos com isso porque uma democracia de sentido único é objetivamente má. A estabilidade é boa. Mas, a partir de certo ponto, estagna.

Resta concentramo-nos nos caminhos do desenvolvimento da Covilhã. Turismo e UBI sãos caminhos transversais que tocam em setores diversos. Mais do que programas, precisamos de um compromisso.

Turismo e cultura chamam a atenção. A recuperação do teatro é uma opção estratégica. Tem que ser mais do que uma sala de exibição, tem que ser uma estrutura de criação. Não pode ser apenas um a realidade interna. Tem que ter elementos diferenciadores que o assinalem no mapa do turismo cultural. Precisamos de estruturas duráveis e atraentes de cultura que tornem eventos maiores resultado de um esfoço sustentado. E precisamos de pequenos eventos continuados baseados numa criação própria sustentada.

Os analistas preveem que sectores muito atingidos pela pandemia recuperem espaço, agora que foi sentida a sua falta O Governo deve ajuda às autarquias no regresso da cultura: o “Interior profundo” não é um buraco. Existe vida e bem dinâmica. Apesar de elegermos poucos deputados, temos argumentos para sacudir o pó das “cabecinhas centralistas”. Quantos potenciais músicos, designers, realizadores e atores de teatro e cinema não existirão entre os jovens que estudam e trabalham na Covilhã? Quantos mais poderão vir se sentirem motivo para tal? Sem dinamismo local não se faz nada. Mas sem políticas publicas também não. E sem uma forte cooperação entre a Câmara e a UBI – também não. A UBI necessita de reforçar o sector estratégico da Cultura, a Câmara idem. A atual maioria pela experiência e base de apoio tem aqui vantagem. Pode ficar como um marco ou limitar-se a uma gestão competente.

Desporto e Turismo - é necessário fornecer serviços desportivos seja no verão seja no inverno. Há espaço na serra para dinamizar o uma sustentabilidade e valor maiores. Pedro Farromba (e Adolfo Mesquita, importa não esquecer) têm experiência positiva neste sector.

Turismo e Saúde- Curiosamente, a Serra da Estrela como imaginário turístico nasceu da sua relação com a saúde. Comemoram-se 140 anos da expedição geográfica da serra da Estrela, organizada pela Sociedade Portuguesa de Geografia, numa lógica interdisciplinar que mobilizou médicos, antropólogos, geógrafos geólogos e zoologia e foi em grande parte iniciativa do Dr, Sousa Martins. O mote: reproduzir as grandes instâncias de saúde no combate à tuberculose, de que Davos na Suíça era a inspiração. Hoje, o reconhecimento da Serra no campo do Turismo de Saúde (repouso, exercício, ar livre) pode ser um fator diferenciador fantástico.

O crescimento económico vai exigir empresas e diversificação do tecido empresarial. O turismo é um produto que ainda não exploramos em toda a sua dimensão mas, pela sua importância, também não podemos ficar dependente dele. O pacote de dinheiros comunitários elegeu a economia verde e a transição digital como objetivos estratégicos. Articulam-se ambos com eixos trás mencionados. Mais uma vez: quem for poder tem de informar a sociedade civil. Os estudos efetuados demonstram que as sociedades que melhor gerem dinheiro ou são ditadura fechadas que mobilizam o trabalho e dispensam a liberdade (não é felizmente o nosso caso) ou assentam em sociedades civis que têm literacia e informação. A Covilhã, interior e europeia, é deste pelotão.

- 11 mai, 2021
- João Carlos Correia